domingo, 19 de julho de 2009

Brasil investiga contêineres de lixo enviados da Grã-Bretanha

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A Polícia Federal está investigando o caso de 89 contêineres importados da Grã-Bretanha com mais de mil toneladas de lixo que foram encontrados nos portos de Santos (SP), Rio Grande (RS) e na alfândega de Caxias do Sul (RS).

Os contêineres continham materiais como baterias, seringas, preservativos, restos de comida e fraldas usadas.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) afirmou que tomará as providências para que o material seja retirado do Brasil.

Ao comentar o caso, o presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, chegou a afirmar que o Brasil não aceitará ser tratado como "lixeira do mundo".

"Fiquei surpreso, pasmo com a notícia de um lixo importado indevidamente, com uma caracterização falsa, exportado da Inglaterra para o Brasil", disse Franco.

Já a embaixada britânica em Brasília prometeu tomar ''medidas imediatas'' para lidar com o caso e acrescentou que a Grã-Bretanha se opõe ao comércio ilegal de lixo.

Multas

A primeira leva de contêineres foi encontrada no Rio Grande do Sul. Um total de 40 contêineres foram retidos no porto do Rio Grande, contendo 755 toneladas de lixo proveniente de hospitais britânicos. Mais oito contêineres foram apreendidos na alfândega de Caxias do Sul.

O Ibama divulgou que as empresas importadoras Estefenon Estratégia e Marketing Ltda e Alfatech Ltda receberam multa de R$ 408,8 mil cada uma, assim como a Fox Cargo do Brasil, que atua como intermediária da companhia Safco Services Ltd - ambas também autuadas.

Os transportadores MSC Mediterranean Shipping do Brasil Ltda e MaersK Brasil Brasmar Ltda também receberam multa de igual valor.

A fiscalização do Ibama multou também as companhias envolvidas com o transporte dos 16 primeiros contêineres encontrados no porto de Santos.

As mesmas empresas Estefenon Estratégia e Marketing Ltda, que realizou a importação das cargas de lixo, e MSC Mediterranenan Shipping do Brasil Ltda, que realizou o transporte, foram autuadas em R$ 154,7 mil cada.

Advogados das empresas importadoras afirmaram que seus clientes foram enganados e acreditavam que estavam trazendo para o Brasil apenas material plástico para reciclagem.

Na última quinta-feira, mais 25 contêineres de lixo foram encontrados em Santos. O material ainda está sendo avaliado.

Segundo o Ibama, os resíduos encontrados no Rio Grande do Sul já foram lacrados e preparados para serem reenviados para a Grã-Bretanha. A devolução do lixo, no entanto, ainda depende da Receita Federal, da Polícia Federal e de procedimentos judiciais.

Já o material encontrado em São Paulo passará por novas análises antes de ser devolvido.

Sanções

O Ibama informou ainda que está estudando a possibilidade jurídica de aplicar sanções às empresas britânicas Worldwide Biorecyclabes Ltda e UK Multiplas Recycling Ltda, responsáveis pela exportação dos resíduos.

Tanto o Brasil como a Grã-Bretanha são signatários da Convenção de Basileia, que regulamenta o transporte internacional de resíduos tóxicos.

O Ibama prepara um laudo que será enviado ao Ministério das Relações Exteriores e, em seguida, ao Secretariado da Convenção de Basileia, que decidirá sobre as eventuais punições.

Imprensa britânica destaca caso de lixo enviado ao Brasil

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Lixo

Contêineres passaram meses sem ser investigados

A imprensa britânica destacou neste sábado o caso dos contêineres carregados de lixo enviados por duas empresas britânicas ao Brasil.

Com a manchete "O segredinho sujo da Grã-Bretanha", o Times afirma que a Grã-Bretanha foi acusada de despejar "lixo doméstico tóxico e lixo industrial em países em desenvolvimento em dois continentes, violando uma convenção internacional".

Segundo o Times, na sexta-feira à noite, o governo estava pensando em aumentar o controle sobre o cumprimento das regras para o envio de lixo para outros países, depois da descoberta no Brasil e ainda da descoberta de lixo eletrônico britânico em Gana, na África.

Segundo a imprensa britânica, o ministro do Meio Ambiente, Hillary Benn, ordenou a investigação de duas empresas britânicas ligadas ao caso - a Worldwide Biorecyclables Ltda. e a UK Multiplas Recycling Ltda - que pertencem ao brasileiro Julio Cesar Rando da Costa, que mora em Swindon, na Inglaterra.

Clique Veja aqui entrevista de Julio César R da Costa à BBC Brasil

Benn teria admitido à imprensa que as leis que regem o envio de lixo para outros países podem não estar sendo devidamente cumpridas, e teria dito ao jornal que "se, depois de olharmos este caso em particular, haja lições a serem aprendidas sobre o cumprimento das leis, faremos isso".

"A Grã-Bretanha 'está largando lixo tóxico no Brasil'", diz a reportagem do jornal Daily Telegraph.

"Os contêineres deveriam estar transportando lixo reciclável, mas alega-se que, na verdade, continham lixo doméstico tóxico e lixo industrial", diz o jornal.

No Guardian, a matéria vem com o título: "Lixo perigoso britânico é deixado para apodrecer nos portos brasileiros".

O diário comenta que a descoberta causou nojo e o medo de que o Brasil esteja sendo usado como depósito de lixo, em violação ao tratado internacional de transferência de lixo perigoso.

O Guardian ainda afirma que empresas européias que tentam burlar regulamentações domésticas, tradicionalmente usam a África como um depósito para lixo perigoso.

O Independent também comenta a história, afirmando que "lixo perigoso britânico 'é largado em porto brasileiro'".

Segundo o jornal, "a Agência de Meio Ambiente, que é responsável pelo cumprimento da Convenção da Basiléia (que proíbe o envio de lixo tóxico para outros países) na Grã-Bretanha, confirmou que está investigando os envios, que causaram raiva no Brasil".

O Independent ainda destaca que as empresas responsáveis pela exportação dos contêineres pertencem a dois imigrantes brasileiros que chegaram a Grã-Bretanha há seis anos para trabalhar como operários.

E no tablóide The Sun, a manchete para a história é, simplesmente, "Está fedendo".

Empresa acusada de exportar lixo nega envio de material irregular

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O proprietário de duas empresas citadas pelo Ibama como exportadoras dos contêineres de lixo encontrados em portos do Brasil negou responsabilidade pelo material irregular.

Em entrevista à BBC Brasil, o brasileiro Julio Cesar Rando da Costa, dono da A Worldwide Biorecyclables Ltda. e da UK Multiplas Recycling Ltda., defendeu-se das acusações dizendo que a responsabilidade pelo lixo enviado ao Brasil é de fornecedores britânicos com os quais as suas empresas trabalham.

A Polícia Federal está investigando a origem de 89 contêineres que foram encontrados nos portos de Santos (SP), Rio Grande (RS) e na alfândega de Caxias do Sul (RS) com centenas de toneladas de lixo.

Entre o material encontrado, estariam pilhas, seringas, camisinhas e fraldas usadas.

Clique Leia também na BBC Brasil: Brasil investiga contêineres de lixo enviados da Grã-Bretanha

Responsabilidade

Julio Cesar Rando da Costa – paranaense com cidadania portuguesa e morador de Swindon, na Grã-Bretanha – fundou a Worldwide Biorecyclables, que entrou em falência neste ano. Em seguida, ele criou a UK Multiplas Recycling, que opera no mesmo local, em Swindon.

Costa afirmou que a sua empresa faz apenas a prensagem do plástico recolhido por empresas britânicas e exporta a sucata para o Brasil. Ele disse que a responsabilidade por qualquer outro material que tenha chegado ao Brasil seria das fornecedoras britânicas.

Costa ainda afirmou não ter sido procurado pelo Ibama ou pelo governo brasileiro.

"Se tem qualquer coisa lá dentro que não é plástico, eu tenho contrato com a fornecedora britânica de lixo no qual está escrito que é só plástico que eles têm que passar para a gente", disse Costa à BBC Brasil, nesta sexta-feira, por telefone.

"É o pessoal das casas que joga [o lixo] das suas casas na caçamba aqui na Inglaterra. Alguém pode ter jogado alguma coisa lá no meio que o funcionário deles não viu."

"Já teve vez que encontramos galão de tinta cheio, galão de veneno para passar na grama (pesticidas), então eles [os funcionários de Costa] tiravam fora e reclamavam à empresa [fornecedora] para que eles não deixassem acontecer isso."

Costa afirma que os clientes brasileiros nunca reclamaram da sucata de plástico exportada para o país.

"Lá no Brasil as empresas que importavam diziam: 'Júlio, não tem problema', porque nós não fabricamos nada para [embalagem de produto] comestível.' O que é reciclado lá é usado para outras coisas, como caixaria, mangueira, outras coisas - então não tem problema. Lá eles tinham um pessoal que fazia rastreamento, separava tudo na mão."

Brinquedos

A polícia afirmou que um dos contêineres de lixo que chegou da Inglaterra ao Brasil continha brinquedos sujos com um recado em português "Lave antes de dar às crianças pobres brasileiras"

Costa confirma a informação e diz que foram os funcionários brasileiros da sua empresa que escreveram o bilhete.

"Não eram brinquedos sujos. Como aqui o povo da Inglaterra joga muita coisa boa fora, eles [os funcionários de Costa] pegaram um monte de bolas novas e boas que vinham, pegaram brinquedos – esses carrinhos de controle remoto bons – e colocaram separados em um buraco que veio em um contêiner. Mas é plástico limpo. E eles colocaram separado no contêiner. Eles mandaram para ser consertado e dado para crianças lá no Brasil."

Mulheres da classe C impulsionam vendas de produtos práticos, diz estudo

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supermercado

A classe C vem gastando mais com alimentos semi-prontos

A crescente participação das mulheres da classe C no mercado de trabalho vem provocando um aumento nas vendas dos chamados "produtos práticos" nos supermercados brasileiros, indica um estudo da consultoria Data Popular.

A participação no mercado de trabalho das mulheres da classe C subiu de 55% em 1995 para 67% em 2008.

Segundo a Data Popular, empresa especializada nesse segmento da população, de 2002 a 2009 os gastos da classe C com alimentos semiprontos cresceram 15%.

Nessa categoria se enquadram sucos em pó, enlatados e uma série de produtos que ajudam a mulher a economizar tempo nas tarefas domésticas.

Em sua pesquisa, a Data Popular considera classe C famílias com renda mensal entre 4 e 10 salários mínimos, com rendimento médio de R$ 2.500 por mês, dos quais cerca de 30% são gastos em alimentação.

Tempo x dinheiro

De acordo com o diretor da Data Popular, Renato Meirelles, a maioria das mulheres da classe C não abre mão de cozinhar para suas famílias, mas prefere ingredientes que facilitem o preparo das refeições.

"Hoje, essas mulheres têm menos tempo e mais dinheiro", diz Meirelles. "Há também o fato de o preço desses produtos ser mais baixo do que há alguns anos."

"Costumo comprar suco em pó e massa para bolo, porque são mais práticos", diz a diarista Maria Saturnino Pinto, de 55 anos, que vive com o marido, Manuel, 45, e o filho, Maurício, 11, em São Paulo.

"Enlatados não compro, porque meu marido não gosta", diz Maria.

A renda mensal da família, com a soma do que Maria recebe como diarista e Manuel como pedreiro, fica em torno de R$ 1.300.

A família de Maria faz parte de um contingente de milhões de brasileiros que tiveram seu poder de compra elevado nos últimos 15 anos.

Autonomia

De acordo com o estudo, apesar de sempre terem desempenhado papel de decisão nas compras da casa, como gestoras do orçamento familiar, nos últimos anos as mulheres da classe C conquistaram mais espaço no mercado de trabalho e passaram a ter autonomia maior na decisão sobre marcas e produtos.

Atualmente, 30% das mulheres da classe C são chefes de família, segundo a Data Popular.

Outro fator apontado pelo estudo é o aumento da escolaridade média das mulheres de baixa renda, o que faz com que sejam mais exigentes quanto à qualidade dos produtos.

Segundo a consultoria, hoje a mulher brasileira tem escolaridade média maior do que a dos homens. Na classe C, essa média é de 7,7 anos.

Os dados da consultoria indicam que enquanto 53% das mulheres desse segmento afirmam estar satisfeitas com o trabalho, quando questionadas sobre a satisfação com a vida familiar esse percentual sobe para 86%.

Com maior participação no mercado de trabalho, elas têm menos tempo para as tarefas domésticas, e buscam produtos que as auxiliem a conciliar a vida profissional com a vida familiar, indica a pesquisa.

"Embora os alimentos tradicionais sejam valorizados, há uma abertura para novas categorias de produtos, como comidas semiprontas, mas sem perder o valor associado a uma ‘comida fresquinha’", diz o estudo.

Varredor recebe diploma da Universidade de Cambridge

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Cambridge

Universidade de Cambridge é uma das mais prestigiosas da Grã-Bretanha

O varredor de rua inglês Allan Brigham recebeu neste sábado um diploma honorário da Universidade de Cambridge, uma das mais prestigiosas da Grã-Bretanha.

Brigham, que há 30 anos limpa as ruas e parques de Cambridge, recebeu a homenagem pelos serviços prestados à comunidade em seu outro trabalho, afirma a universidade.

Além de varrer as ruas, Brigham é guia de turismo, liderando grupos e contando histórias sobre prédios e parques de Cambridge que, de outro modo, poderiam passar despercebidas.

Entre outros homenageados com um diploma honorário de Cambridge estão o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, o fundador da Microsoft Bill Gates e o bispo sul-africano Desmond Tutu.

Brigham explicou que sempre se interessou mais por história das sociedades, paisagens e cidades do que por reis, rainhas e chefes de governo.

Apesar da homenagem, ele diz que estará de volta varrendo as ruas na segunda-feira, às cinco da manhã.

A melhor parte do dia, diz ele, é coletar o lixo nos parques e espaços verdes de Cambridge.