terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Análise: Apagões e desvalorização da moeda colocam Chávez à prova

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Chávez iniciou o ano com duas medidas polêmicas

As crises energética e econômica na Venezuela colocarão à prova a popularidade do presidente Hugo Chávez neste ano e podem levar a um resultado desfavorável na composição do novo Parlamento que será eleito em setembro, na opinião de analistas entrevistados pela BBC Brasil.

Chávez, que está no poder há 11 anos, iniciou 2010 anunciando duas controvertidas medidas de governo: a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, e o racionamento de energia elétrica em todo o país.

"As duas variáveis são negativas para a popularidade do presidente. Impactam o cotidiano e o bolso da população", afirmou à BBC Brasil o economista Luis Vicente León, da consultoria Datanalisis.

Há uma semana, o governo venezuelano implementou um plano de racionamento de energia que prevê cortes no fornecimento em todo o país, em dias alternados, até o mês de maio.

O anúncio do apagão provocou reação imediata na população, levando Chávez a voltar atrás, ao admitir falhas na programação dos cortes de energia, seguido da suspensão do racionamento na capital, Caracas.

De acordo com o governo, a medida visa impedir o colapso no setor energético. O abastecimento da principal hidrelétrica do país foi severamente afetado pela seca provocada pelo fenômeno climático El Niño.

A oposição, por sua vez, responsabiliza o governo por faltas de investimentos no setor.

Custo político

Para Luis Vicente León, diferentemente do que costuma ocorrer na Venezuela, onde a popularidade do presidente é superior à aprovação de seu governo, a tendência tende a não se repetir nesta oportunidade.

Shopping em Caracas durante racionamento

Racionamento de energia teve de ser suspenso em Caracas

"Em ambos os casos, é muito difícil que o governo consiga construir bodes expiatórios que liberem o presidente do custo político dessas medidas", afirmou.

No bairro de La Vega, na periferia de Caracas, a moradora Fany Rudy não responsabiliza diretamente ao presidente pelas dificuldades energéticas e econômicas. "A desvalorização eu nem entendo muito bem. Para quem é pobre, não muda muito, eu não tenho dólar", disse Fany à BBC Brasil.

Desde 2003, o governo vinha mantendo a taxa oficial de câmbio estável de 2,15 bolívares por dólar. Pelo novo sistema cambial, implementado em 8 de janeiro, um dólar será correspondente a 2,6 bolívares para importações de produtos de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos, e a 4,3 bolívares nas transações para a compra de produtos considerados não essenciais.

Em relação ao racionamento de energia, Fany disse compreender a necessidade de economizar eletricidade. "Não choveu, a represa secou e temos que economizar", disse. Porém, esta moradora da periferia, que ganha a vida alugando máquinas de lavar roupa no bairro, argumenta, assim como a maioria dos moradores entrevistados pela BBC Brasil, que o governo poderia ter evitado a crise, criando fontes alternativas de energia.

"Mas não adianta, o presidente fala, mas ninguém executa. Precisaríamos de uns quatro ou cinco Chávez no governo para construir o mundo que ele diz, mas não é bem assim", disse.

"Chávez quer implantar o socialismo, mas os funcionários não acreditam nisso e estão enriquecendo. Então o socialismo só vale para nós (população) e eles (ministros) continuam vivendo no capitalismo?", questionou Fany.

A seu ver, aliada à crise energética, a ineficiência do governo no combate à violência e à corrupção podem minar a base de apoio do presidente venezuelano. "A água tanto bate até que fura. As pessoas vão se cansando", acrescentou.

Novo modelo econômico

A desvalorização da moeda também duplicará o ingresso fiscal do governo, que vem prometendo injetar a receita no desenvolvimento do aparelho produtivo nacional, que foi duramente afetado pela onda de importações subsidiadas com o dólar cotado a 2,15 bolívares.

Na avaliação do economista e ex-ministro de Indústria Víctor Álvarez, esta é uma oportunidade para o governo modificar o modelo baseado na exportação do petróleo.

Para ele, mudanças no modelo econômico que levem à industrialização do país poderão diminuir o custo político de uma iminente manutenção da inflação e da perda de poder aquisitivo de grande parte da população.

Nesta semana, Chávez anunciou um reajuste do salário mínimo em 25%, patamar inferior às projeções de analistas econômicos, que previam que a inflação deverá manter a alta de 30% registrada no último ano.

"O risco da queda popularidade do Chávez é o que obriga o governo a reagir. A medida tenta impedir males maiores", afirma Alvarez à BBC Brasil.

A seu ver, o Executivo deve apostar na reativação da economia, apostando em investimentos na agricultura e indústria para reverter o cenário de crise.

"É imprescindível que a desvalorização não fique como uma medida isolada para que seu efeito não se anule", afirma Álvarez, ao acrescentar. "Se os setores produtivos crescerem e novos empregos estáveis forem gerados, isso potencializará a popularidade de Chávez".

Cachorro passa 18 meses com pato de borracha no intestino

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Imagem do raio X de Spike (foto: agência Ross Parry)

Imagem do raio X de Spike mostra o pato de borracha retirado com a cirurgia

Um cão da raça terrier engoliu um pato de borracha e ficou com o brinquedo dentro de seu corpo durante 18 meses na Grã-Bretanha.

Os donos do terrier Spike tiveram que pagar mil libras (quase R$ 3 mil) por uma cirurgia para a retirada do brinquedo, que só foi detectado dentro do cachorro depois de um exame de raio X.

Colin Smith e Lorraine Fenton, donos do animal, notou que o cão começou a se sentir mal e vomitar pouco antes do Natal.

Eles levaram Spike para um veterinário perto de casa, na região de Leeds, Inglaterra, mas os exames iniciais não encontraram nada de errado com o cão.

Apenas depois de um exame de raio X que médicos e os donos do cão puderam ver que o problema era um pato de borracha, que poderia ser visto com clareza no intestino do animal.

Colin Smith então se lembrou de como Spike tinha roubado o brinquedo do banheiro da casa.

O cão Spike (foto: agência Ross Parry)

Os donos contam que Spike come tudo que encontra

"Ele come absolutamente tudo", disse. "Ele deve ter visto o pato e pensado 'eles não vão deixar que eu fique com ele' então ele simplesmente o engoliu por inteiro."

Spike teve então que passar por uma cirurgia para a retirada do brinquedo.

Apesar do custo da operação, os donos de Spike afirmam que ficaram aliviados em descobrir qual era o problema com o cachorro.

"Foi um alívio descobrir o que causou o problema, estávamos preocupados com ele", disse Smith.

O dono de Spike guardou o pato de borracha engolido pelo cachorro, como uma lembrança.

"A única diferença é que ele ficou preto, depois de perder toda a tinta amarela", afirmou.

Venezuela fechou mais de 1,9 mil estabelecimentos por remarcação irregular

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Soldado venezuelano em uma loja da rede Exito

O governo já expropriou a rede de supermercados Exito

O governo venezuelano já fechou mais de 1,9 mil estabelecimentos comerciais que foram flagrados remarcando preços ou especulando sobre o valor de seus produtos na esteira da desvalorização da moeda, o bolívar, efetivada no início de janeiro.

De acordo com a agência estatal ABN, de 11 de janeiro até esta segunda-feira, o Indepabis (Instituto para a Defesa das Pessoas no Acesso a Bens e Serviços) inspecionou mais de 3,5 mil estabelecimentos comerciais, dos quais 1,9 mil foram fechados.

Esses comércios são fechados durante 24 horas, período que o Indepabis considera suficiente para que os empresários corrijam o valor das mercadorias de acordo com o tipo de câmbio que corresponde na fatura das importações.

Além disso, os empresários sancionados devem pagar uma multa que pode variar de US$ 2 mil a US$100 mil.

Uma das medidas mais polêmicas tomadas contra o comércio foi a expropriação da cadeia de supermercados francesa Exito, acusada de remarcar preços imediatamente após a desvalorização. Os supermercados desta rede foram fechados por 24 horas e logo depois o governo ordenou a intervenção.

Clique Leia na BBC Brasil: Venezuela ocupa rede francesa de supermercados

Desvalorização

A polêmica com a remarcação dos preços ocorre porque desde 2003, o governo mantinha fixado o valor do dólar a 2,15 bolívares.

Mas o novo sistema cambial anunciado em 8 de janeiro janeiro pelo presidente Hugo Chávez, fixa um dólar a 2,6 bolívares para importações de produtos de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos, e taxa a 4,3 bolívares por dólar as transações que tenham como fim a compra de produtos considerados não essenciais.

Segundo a diretora do Indepabis, Valentina Querales, somente na semana passada, 400 comércios foram fechados, entre eles supermercados, lojas de eletrodomésticos e de móveis.

Nas últimas semanas, o Indepabis disse ter apreendido toneladas de açúcar, produto que de acordo com autoridades, estava sendo estocado para gerar "falsa escassez" e incentivar a inflação dos preços.

Desde o início de janeiro, em uma tentativa de frear o incremento dos preços dos produtos e, por consequência, uma acentuada inflação - que fechou 2009 com uma alta de 30% - o governo ordenou ao Exército atuar em conjunto com fiscais da receita federal Seniat para endurecer a fiscalização nos estabelecimentos comerciais.

EUA retomam voos de retirada de feridos do Haiti

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Um porta-voz do Exército americano anunciou, nesta segunda-feira, que o país retomou os voos que levam vítimas do terremoto no Haiti para serem tratados em outros locais, principalmente na Flórida.

Os militares americanos interromperam os voos na última quarta-feira. Um porta-voz da Casa Branca disse à BBC que a decisão teve "motivos logísticos" e não foi tomada por causa dos custos, como chegou a ser noticiado.

Segundo o porta-voz Gregory Kane, a retomada dos voos foi possível porque esse problema logístico – de falta de espaço em hospitais nos Estados Unidos e em outros países - teria sido resolvido.

“A retomada dos voos foi baseada na identificação de locais para onde os feridos podem ser levados e onde a presença deles não sobrecarregue a capacidade dos Estados para onde eles estão sendo levados”, disse Kane a jornalistas em Porto Príncipe, capital do Haiti.

Segundo ele, um voo teria partido já no domingo.

Garantias

De acordo com o porta-voz da Casa Branca Tommy Vietor, os Estados Unidos teriam tomado a decisão de voltar a realizar os voos porque teriam “expandido o acesso a mais locais” para tratar os feridos tanto nos Estados Unidos como fora do país.

“Depois de receber garantias de que existe capacidade adicional tanto aqui como nos nossos parceiros internacionais, determinamos que vamos retomar esses voos indispensáveis”, disse Vietor em comunicado.

Os Estados Unidos anunciaram que retomariam os voos médicos no domingo, após um alerta, feito por médicos americanos que atuam no Haiti, de que milhares de pessoas gravemente feridas no terremoto do último dia 12 poderiam morrer por causa da suspensão dos voos.

Segundo o jornal americano The New York Times, representantes militares americanos teriam dito que os voos foram suspensos por causa de uma disputa entre quem pagaria pelo tratamento dos haitianos - se o governo federal ou o Estado da Flórida.

"Aparentemente, alguns Estados não querem aceitar a entrada de pacientes haitianos", disse um porta-voz do Comando de Transportes americano.

"Conseguimos gerenciar as missões de evacuação aérea, mas sem um destino, não podemos levar ninguém. Se não temos permissão para levar esses pacientes, ou se ninguém quer cuidar deles, não podemos fazer nada. É simples", disse o porta-voz, que se recusou a dizer quais Estados estão recusando os haitianos.

Um assessor do governo da Flórida disse não saber de hospitais que estivessem rejeitando pacientes.

Na última terça-feira, o governador Charlie Crist, que é republicano, enviou uma carta ao Departamento de Saúde pedindo que o governo federal acione o Sistema Médico Nacional para Desastres, que normalmente paga para o tratamento de vítimas de catástrofes dentro dos Estados Unidos.

"O sistema de saúde da Flórida está rapidamente chegando a um ponto de saturação, principalmente na área de tratamento de vítimas altamente traumatizadas", diz a carta.