segunda-feira, 13 de julho de 2009

Onda de frio mata quase 250 crianças no Peru

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Andes peruanos

Temperaturas baixas propiciam aparecimento de infecções

Quase 250 crianças com menos de cinco anos de idade já morreram no Peru devido a uma onda de frio intenso que atingiu a região sul do país três meses antes do esperado.

De acordo com o correspondente da BBC em Lima Dan Collyns, um terço das mortes ocorreu na região da cidade de Puno. A maior parte desta região é coberta por um planalto conhecido como altiplano, que se estende até a Bolívia.

Segundo o jornal El Comercio,as temperaturas nesta região chegaram aos -20ºC desde março.

Até o momento, um total de 246 crianças morreram. Este número representa um aumento de 40% em relação ao número registrado no mesmo período de 2008, segundo o jornal peruano El Comercio.

Hipotermia

Collyns disse que dezenas de crianças morrem todos os anos durante o inverno no Peru devido a pneumonia e outros problemas respiratórios, principalmente no sul dos Andes.

No entanto, em 2009, as temperaturas baixas começaram em março. Especialistas acreditam que a mudança climática no planeta pode estar por trás da chegada do inverno mais cedo.

Funcionários de organizações de ajuda afirmaram que a exposição prolongada ao frio está causando hipotermia e as infecções respiratórias como a pneumonia.

As crianças, frequentemente mal nutridas, são as mais vulneráveis neste clima frio. Collyns relata que o sul do país é uma região marcada pela pobreza e a falta de serviços básicos de saúde.

O El Comercio relatou que a maioria das mortes não ocorreu nos hospitais, pois muitas vezes os pais das crianças não conhecem os riscos apresentados em quadros de pneumonia.

"Lamentavelmente, muitos pais de família levam os filhos afetados por problemas respiratórios muito tarde para os serviços de saúde, por isso é impossível para os médicos salvar suas vidas", disse ao jornal Felipe Zea Vilca, diretor regional de saúde de Puno.

O governo declarou estado de emergência nas áreas afetadas, mas críticos afirmam que as ondas de frio podem ser previstas e as mortes anuais, evitadas.

Muitos culparam a ineficiência do governo pelas mortas. Mas o ministro da Saúde, Oscar Ugarte, afirmou que as autoridades regionais não distribuíram os recursos públicos de forma eficaz.

O correspondente da BBC na capital peruana acrescenta que as campanhas para doação de cobertores, roupas e alimentos para as vítimas do frio no sul do país já se transformaram em um ritual anual para empresas e cidadãos peruanos.

Sudanesas são chicoteadas por usarem calças

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Lubna Ahmed al-Hussein

Lubna Ahmed al-Hussein está sendo processada pelo seu modo de vestir

Um grupo de mulheres sudanesas foi preso e recebeu chicotadas como punição por usar calças em público na capital, Cartum, segundo uma jornalista que foi presa junto com o grupo.

Lubna Ahmed al-Hussein, que afirma que foi condenada a 40 chicotadas, informou que ela e outras 12 mulheres que usavam calças e blusas foram detidas em um restaurante da cidade.

Segundo a jornalista, várias mulheres do grupo admitiram serem culpadas da acusação de se vestir "de forma indecente" e receberam dez chicotadas imediatamente.

Al-Hussein afirmou que um grupo de entre 20 e 30 policiais entrou de repente em um dos restaurantes mais populares de Cartum e "escolheu apenas garotas que usavam calças. Éramos cerca de 12 ou 13".

"Na delegacia eles libertaram aquelas que usavam calças mais largas ou cujas blusas foram consideradas longas o bastante. Na delegacia encontramos outras garotas do sul (do país), aguardando julgamento, elas eram cristãs e três delas tinham menos de 18 anos."

"As meninas foram sentenciadas a dez chicotadas para cada uma e a sentença foi executada imediatamente", afirmou.

A jornalista afirmou que muitas se declararam culpadas apenas para "acabar logo com isso", mas outras - incluindo ela - escolheram chamar seus advogados e esperar o julgamento.

De acordo com a lei islâmica em vigor no norte do Sudão, onde se encontra a capital, a punição a mulheres que se vestem "de forma indecente" é 40 chicotadas.

Segundo as leis do país, sudaneses que não são muçulmanos não são obrigados a seguir a lei islâmica mesmo na capital ou no norte do país, onde predomina o islamismo.

Críticas

Lubna Ahmed al-Hussein é uma jornalista sudanesa conhecida por suas críticas ao governo do país. Ela é autora de uma coluna semanal para jornais do país, chamada Kalam Rijal, que, na tradução literal significa "Conversa de Homem", uma referência satírica a uma expressão parecida em árabe coloquial, que se refere ao que as mulheres falam como algo risível e não confiável.

A jornalista disse à BBC que contratou um advogado que conseguiu enviar o processo contra ela de volta à promotoria. E também afirmou que imprimiu centenas de convites para o julgamento para que o povo sudanês possa ver o que acontece com as mulheres.

Antes de comparecer à corte, al-Hussein afirmou que o problema que ela enfrenta é também o problema de centenas de mulheres que são chicoteadas todos os dias devido às roupas que usam.

A jornalista escreveu que estas mulheres saem dos julgamentos com um sentimento de vergonha e toda a família da mulher é tratada como pária.

De acordo com o analista da BBC para o mundo árabe Magdi Abdelhadi, o Sudão tem uma sociedade conservadora que condena mulheres que desobedecem os costumes islâmicos.

A lei islâmica foi introduzida pelo ex-presidente Jaffar Al Numeri há cerca de 30 anos e, desde então, causa polêmica no país, especialmente na região sul do Sudão, que é cristã.

Apesar de polêmica, galeria expõe trabalhos atribuídos a Mandela

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A Janela, atribuída da Nelson Mandela (Galeria Belgravia, Londres)

Galeria diz que pesquisou proveniência das obras por dois anos

Uma galeria de arte em Londres afirmou que prosseguirá com uma exposição de obras atribuídas a Nelson Mandela apesar de advogados do líder sul-africano questionarem a autoria dos trabalhos.

A exposição "Mandela aos 91" - em referência à idade que Mandela completa nesta semana - reúne uma série de litografias que a diretora da galeria Belgravia, Anna Hunter, diz ter testemunhado Mandela assinar em 2002 e 2003.

As obras ilustram paisagens que marcaram Mandela na ilha de Robben, onde ele permaneceu 18 dos 27 anos em que ficou preso durante o regime do apartheid. Em parceria com o fotógrafo Grant Warren, Mandela revisitou a ilha e criou os desenhos em 2002 sob o olhar atento de uma professora de arte.

No entanto, o advogado de Mandela, Bally Chuene, disse na sexta-feira em Johanesburgo que o líder sul-africano "se distanciou" dos trabalhos que compõem a exposição.

"Ele não assinou essas obras de arte", disse o advogado, que pediu à galeria que desista "imediatamente" da mostra. "É importante dizer ao público que eles estão sendo enganados."

Nesta segunda-feira, a diretora da galeria, Anne Hunter, disse que não recebeu nenhuma comunicação dos advogados de Mandela e que a exposição será realizada normalmente.

Ela afirmou ter visto Mandela assinar os trabalhos em 2002 e 2003, quando as obras foram vendidas a artistas, celebridades e galerias de arte para levantar recursos para instituições de caridade nas áreas de educação e combate ao HIV/Aids.

Sabe-se que de lá para cá reproduções falsas dos trabalhos têm sido oferecidas a compradores, mas a galeria diz que suas peças, que alcançam até 15 mil libras (quase R$ 50 mil), são genuínas.

Hunter disse que passou quase dois anos pesquisando a proveniência dos trabalhos, inclusive consultando a professora de arte de Mandela e um especialista em caligrafia.

Decreto islâmico define como pecado roubo de luz no Paquistão

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Moradores de Karachi dormem nas ruas durante período de falta de eletricidade (arquivo)

Karachi teve grandes apagões no mês de junho

Um grupo de 12 líderes muçulmanos do Paquistão anunciou um decreto islâmico (fatwa) que qualifica como pecado o roubo de energia, depois que uma companhia de eletricidade do país manifestou preocupação com a popularização da crime.

A Companhia de Fornecimento de Energia de Karachi (KESC, na sigla em inglês) afirma que o roubo de eletricidade custa à empresa 1 bilhão de rúpias (cerca de US$ 12,3 milhões) por mês.

Muitas pessoas em Karachi puxam a energia elétrica dos cabos nas ruas ou modificam os relógios medidores do consumo, tornando-os mais lentos.

No decreto, os 12 líderes islâmicos afirmam que, segundo a Sharia (lei islâmica), o uso não permitido de qualquer mercadoria e o ganho de benefícios com este uso é "pecado, roubo e usurpação".

Eles dizem que processos contra os bandidos são justos e permitidos de acordo os ensinamentos do Islã e orientam os muçulmanos a pagarem um montante igual ao valor da energia elétrica que tenham roubado.

Multa

A companhia já tinha o direito de multar os que fossem flagrados roubando energia elétrica e alega que as pessoas precisavam perceber que roubar eletricidade é ilegal e imoral como qualquer outra forma de roubo.

A maior parte do Paquistão enfrenta falta de energia elétrica, causada por aumentos na demanda, falta de investimento em infraestrutura e roubo de eletricidade.

Karachi, conhecida como "cidade das luzes", tem uma população de cerca de 16 milhões de pessoas e é a principal cidade e região comercial do Paquistão.

No último sábado ocorreram protestos nas ruas da cidade depois que chuvas e fortes ventos causaram mais cortes de energia.

Nos dias 17 e 18 de junho, milhões de pessoas tiveram o fornecimento de energia elétrica interrompido durante horas devido ao que a KESC descreveu como "problema técnico".

O incidente deixou os consumidores sem energia para ventiladores e aparelhos de ar condicionado durante uma época do ano em que o calor do verão é intenso, além de paralisar a indústria da região.

Anfíbios preferem se reproduzir na Lua cheia, diz estudo

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A lua afetaria os ciclos de reprodução de sapos de várias regiões

Os anfíbios sincronizam suas atividades de reprodução de acordo com a fase da Lua, preferindo procriar na Lua cheia, segundo um estudo publicado na última edição da publicação científica Animal Behaviour.

Os pesquisadores da Open University britânica perceberam que sapos, rãs e salamandras coordenam seus encontros para procriar.

De acordo com a luz da Lua, um grande número de machos e fêmeas se reúne nos mesmos locais. Dessa forma, eles maximizariam as possibilidades de reprodução e, ao mesmo tempo, reduziriam as possibilidades de serem devorados por predadores.

A bióloga Rachel Grant, da Open University, estudava salamandras nos arredores de um lago na região central da Itália em 2005, quando reparou que havia diversas rãs na beira de uma estrada próxima durante uma noite de Lua cheia.

"Embora pudesse ter sido uma coincidência, no mês seguinte, repeti o caminho todos os dias no crepúsculo e descobri que o número de rãs na estrada aumentava quando a Lua estava crescente e atingia um pico na Lua cheia. Depois, voltava a cair", afirmou Grant.

Ao pesquisar a literatura científica, ela encontrou poucos registros sobre o comportamento, de forma que acabou retornando ao local em 2006 para uma pesquisa mais detalhada sobre os anfíbios.

Campo magnético

A partir daí, ela comparou os seus dados com um estudo detalhado sobre os hábitos de sapos e rãs nas proximidades de Oxford, na Grã-Bretanha, realizado pelo supervisor dela, Tim Halliday, e com dados sobre sapos, rãs e salamandras nas proximidades do País de Gales, recolhidos por Elizabeth Chadwick, da Universidade de Cardiff.

"Analisamos os dados e percebemos um efeito lunar em todos os três locais", disse Grant.

O sapo comum (Bufo bufo), por exemplo, chega a todos os seus locais de reprodução, copula e procria por volta da lua cheia. Algo semelhante ocorre no caso da rã comum (Rana temporaria).

As salamandras também teriam a vida sexual afetada pelo ciclo lunar, embora os resultados sejam menos evidentes, segundo Grant.

O encontro das salamandras (Lissotriton vulgaris, L. helveticus e Triturus cristatus) tem seus picos tanto na lua nova quanto na cheia, mas elas "parecem evitar chegar ao local de cópula na época de quarto crescente."

"Isso poderia ocorrer devido ao campo magnético da Terra estar no seu auge nesta época", afirmou Grant, acrescentando serem necessários mais estudos.

Falar palavrão pode aliviar dor física, diz estudo

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Dor

Falar palavrões ajuda a diminuir sensação de dor, diz estudo

Falar palavrões pode ajudar a diminuir a sensação de dor física, segundo um estudo da Escola de Psicologia da Universidade de Keele, na Inglaterra, publicado pela revista especializada NeuroReport.

No estudo, liderado pelo psicólogo Richard Stephens, 64 voluntários colocaram suas mãos em baldes de água cheios de gelo, enquanto falavam um palavrão escolhido por eles.

Em seguida, os mesmos voluntários deveriam repetir a experiência, mas em vez de dizer palavrões, deveriam escolher uma palavra normalmente usada para descrever uma mesa.

Enquanto falavam palavrões, os voluntários suportaram a dor por 40 segundos a mais, em média. Seu relato também demonstrou que eles sentiram menos dor enquanto falavam palavrões.

O batimento cardíaco dos voluntários também foi medido durante a experiência e se mostrou mais acelerado quando eles falavam palavrões.

Os cientistas acreditam que o aumento do ritmo de batimentos cardíacos pode indicar um aumento da agressividade, que, por sua vez, diminuiria a sensação de dor.

Para os cientistas, no passado isso teria sido útil para que nossos ancestrais, em situação de risco, suportassem mais a dor para fugir ou lutar contra um possível agressor.

O que está claro é que falar palavrões provoca não apenas uma resposta emocional, mas também uma resposta física, o que pode explicar por que a prática de falar palavrões existe há séculos e persiste até hoje, afirma o estudo.

"(A prática de) Falar palavrões existe há séculos e é quase um fenômeno linguístico humano universal", diz Stephens.

"Ela mexe com o centro emocional do cérebro e parece crescer no lado direito do cérebro, enquanto que a maior parte da produção linguística ocorre do lado esquerdo. Nossa pesquisa mostra uma razão potencial para o surgimento dos palavrões, e porque eles persistem até hoje."

Um estudo anterior, da Universidade de Norwich, mostrou que o uso de palavrões ajuda a diminuir o estresse no ambiente de trabalho.