sábado, 14 de novembro de 2009

Moradores de Veneza realizam 'funeral simbólico' da cidade

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Veneza (foto: Guilherme Aquino)

Moradores de Veneza culpam falta de moradia e trabalho por queda na população

Moradores de Veneza realizam neste sábado uma manifestação na qual farão o "enterro" da cidade, com o objetivo de alertar para o declínio demográfico que, segundo os moradores, é causado pelo turismo em massa e a falta de moradia e trabalho na cidade.

No funeral simbólico, um cortejo fúnebre de barcos a remo vai percorrer os principais canais ao redor do centro histórico.

Um caixão rosa e a tradicional máscara de carnaval, desta vez cobrindo a imagem de uma caveira, vão navegar entre os antigos palácios, pontes e praças. O enterro é um protesto bem-humorado contra o despovamento da cidade, com direito a orações religiosas em dialeto, lágrimas e pesares.

Nos últimos 40 anos, a população local caiu para menos da metade.

No sábado também vai haver uma coleta de DNA. Pesquisadores da Worcester Polythecnic Institute de Massachussets e da National Geographic Society vão aproveitar a presença dos "órfãos" de Veneza para recolher o patrimônio genético dos venezianos.

Eles precisam de 5 mil amostras de saliva que serão incluídas no estudo sobre a origem das populações da Europa centro-ocidental e, por tabela, do nascimento e da migração do povo veneziano pelo mundo.

Perda populacional

Farmácia Morelli, em Veneza (foto: Guilherme Aquino)

Contador populacional foi instalado na vitrine da farmácia Morelli

Um contador digital de venezianos registra o abandono da cidade, dia e noite. Ele foi montado na vitrine de uma antiga farmácia, entre a ponte do Rialto e a praça de São Marcos, para chamar a atenção dos moradores e dos visitantes.

Os venezianos eram 121.309 em 1966, 84.355 em 1986, e atualmente romperam a barreira dos 60 mil residentes fixos.

A iniciativa da manifestação é de um grupo de moradores, o Venessia.com, com a adesão de outros movimentos sociais como Jovens Venezianos.

"Qual é a novidade? Não estou seguro que exista uma diferença entre 59.999 e 60 mil habitantes", se defende o prefeito Massimo Cacciari.

Turismo

A falta de uma política habitacional e a invasão do turismo em massa estão entre as principais causas desta migração. Todos os anos, Veneza recebe cerca de 20 milhões de turistas.

"Não somos contrários ao turismo, mas sim a esta transformação do tecido urbano e social numa espécie de parque de diversões", disse a BBC Brasil Marco Vidal, presidente da Associação Jovens Venezianos.

Ele pretende recolher 4 mil assinaturas para levar ao novo prefeito, a ser eleito no ano que vem, uma lista de reivindicações e sugestões, como a transformação da zona abandonada do Arsenal em área destinada a residências populares e a empresas do setor terciário.

Enquanto os novos moradores não chegam, os visitantes desembarcam dos navios de cruzeiro e dos ônibus de excursões terrestres. Com uma permanência média de um dia e meio, a grande maioria não consegue admirar os detalhes de Veneza.

A cidade responde a esta "ocupação" perdendo a própria identidade. Nos últimos anos, 40% do artesanato de qualidade desapareceu por causa do impacto desta modalidade de turismo. E muitos lojistas vendem produtos chamados"venezianos", porém feitos na China.

O custo de vida nas alturas leva muitos moradores a trocarem de cidade ou a transformarem os próprios imóveis em pensões para acolher os viajantes de passagem.

Contador populacional de Veneza (foto: Guilherme Aquino)

Contador mostra que população de Veneza já está abaixo dos 60 mil

Antigas lojinhas locais tradicionais dão lugar a vitrines de grifes globalizadas de luxo e a sofisticadas galerias de arte. Na vizinha ilha de Murano, famosa pela produção de artigos em vidro, as fundições fecham as portas em nome da especulação imobiliária.

Modernidade e raízes

As críticas aos maus tratos sofridos por Veneza são quase unânimes.

"Veneza é a única cidade no mundo na qual um transatlântico navega no meio das casas, pelo Canal Grande. Muitos destes turistas não visitam a cidade porque querem, mas sim porque ela está incluída no pacote vendido pelas agências. Queremos um turismo não elitista mas de qualidade, não podemos ser figurantes da e na nossa cidade", disse à BBC Brasil Francesca Bortolotto Possati, proprietária do hotel de luxo Bauer.

Ela é favorável à cobrança de um ingresso de um valor de cerca de 4 euros (aproximadamente R$ 10) aos visitantes da cidade. Este polêmico projeto, ainda em discussão, serviria para frear e regular o fluxo de presença de turistas na cidade, além de financiar o recolhimento do lixo. Veneza paga a taxa mais alta da Itália.

O assessor do Turismo da Prefeitura de Veneza, Augusto Salvadori, reconhece o problema.

"Modernizar Veneza é uma tarefa muito difícil. Temos que respeitar o contexto arquitetônico, histórico e artístico. Temos que investir em Veneza mas as leis de urbanismo não são suficientes. Queremos que muitos venezianos voltem a morar aqui e vemos uma grande vontade do investidor privado em ajudar neste relançamento", disse ele à BBC Brasil.

Brasil propõe cortar emissões em até 38,9%

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Dilma e Minc fizeram o anúncio após reunião com o presidente Lula

O governo brasileiro anunciou nesta sexta-feira que pretende reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em entre 36,1% e 38,9% até 2020.

A proposta será levada para a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada de 7 a 18 de dezembro em Copenhague, na Dinamarca. O governo afirma que essa meta é um compromisso voluntário, e não compulsório, já que a Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas só prevê metas obrigatórias para os países desenvolvidos.

O anúncio foi feito pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, após uma reunião como presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.

A redução prevista é em relação às projeções de quanto o Brasil iria emitir até 2020. Segundo o governo, na prática deixarão de ser emitidas entre 975 milhões e 1,062 bilhão de toneladas de gás carbônico.

A proposta brasileira se divide em quatro áreas: o uso da terra, incluindo redução do desmatamento (corte de 24,7% das emissões), agropecuária (de 4,9% a 6, 1%), energia (de 6,1% a 7,7%) e siderurgia (de 0,3% a 0,4%).

Desmatamento

Além da proposta de redução de emissões, o Brasil também já havia se comprometido em reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia até 2020. Isso representa uma redução de 580 milhões de toneladas de gás carbônico.

Na quinta-feira, governo anunciou que o desmatamento na Amazônia Legal no último ano ficou em 7 mil quilômetros quadrados, o mais baixo desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a monitorar a região, em 1988.

Em relação ao período anterior (agosto de 2007 a agosto de 2008), a redução foi de 45%.

Para cumprir a meta de redução de 80%, assumida no Plano Nacional de Combate às Mudanças Climáticas, o desmatamento máximo admitido em 2020 deve ficar em torno de 4 mil quilômetros quadrados, menos de metadedos números anunciados nesta quinta-feira.

Divergências

Entre as principais divergências está a meta de cortes de emissões de gases poluentes para os países desenvolvidos.

Outro ponto de discórdia é a definição sobre o volume de recursos que as nações ricas deverão destinar para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões e financiar projetos de adaptação.

Os países ricos, cujas economias sofreram com a crise mundial, enfrentam pressões internas para reduzir gastos. Também argumentam que algumas nações em desenvolvimento mais avançadas teriam condições financeiras para arcar com a maior parte dos projetos.

Os países em desenvolvimento não concordam em contribuir financeiramente. Argumentam que as nações ricas são historicamente as maiores poluidoras e, por isso, deveriam arcar com os custos de adaptação dos países mais pobres.

Jardineiros usam xixi para melhorar jardim de mansão britânica

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Jardineiros ajudam no sistema de compostagem de propriedade histórica

Jardineiros 'ajudam' o sistema de compostagem da mansão

Jardineiros de uma propriedade histórica da Grã-Bretanha estão pedindo às pessoas que urinem no jardim para ajudar a fazer com que as plantas cresçam mais saudáveis.

Um monte de palha de três metros de comprimento foi instalado no jardim da mansão Wimpole Hall, no condado de Cambridgeshire (centro da Inglaterra), para receber as “contribuições”.

O jardineiro-chefe Philip Whaites está pedindo aos colegas do sexo masculino que usem o “monte do xixi” para ajudar a ativar o processo de decomposição no material de compostagem.

Segundo ele, o “monte do xixi” somente será usado fora do horário de visitas públicas à propriedade, construída por volta de 1640. “Não queremos assustar o público”, explicou.

Whaites disse que os funcionários homens do local vêm fazendo suas necessidades líquidas no monte de palha há oito semanas.

Urina ‘menos ácida’

“O monte do xixi é uma maneira excelente de adicionar elementos à nossa pilha de compostagem para estimular o processo de decomposição; e com mais de 160 hectares de jardins e parques para utilizar o composto, precisamos de toda a ajuda que pudermos conseguir”, diz.

Segundo ele, além de algumas questões logísticas mais óbvias, a limitação da ajuda aos funcionários homens tem outras vantagens, já que a urina dos homens seria menos ácida que a das mulheres.

Whaites calcula que, ao final do ano, os dez funcionários homens da propriedade terão utilizado a “palha do xixi” mais de mil vezes.

Além da contribuição para o sistema de compostagem, os administradores do local calculam que podem reduzir em até 30% o consumo diário de água por não ter que utilizar a descarga tantas vezes.

Segundo a jardineira Rosemary Hooper, responsável pelo sistema de compostagem em Wimpole Hill, o sistema pode ser usado em pequena escala, em jardins caseiros.

“Urinar no material de compostagem ajuda a ativar o processo de decomposição e ajuda a produzir um suprimento pronto de um belo material orgânico para adicionar ao jardim”, diz.

“Acrescentar um pouco de urina apenas ajuda o processo, é totalmente seguro e também divertido.”

Computador simplificado para idosos é lançado na Grã-Bretanha

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Tela inicial do computador SimplicITy

A tela inicial tem apenas seis botões para facilitar a navegação

Um novo computador direcionado para idosos com mais de 60 anos que não tem prática com computadores ou com a internet foi lançado na Grã-Bretanha.

O computador, chamado de SimplicITy, é operado através de uma tela inicial básica que oferece apenas seis opções, que direcionam os usuários para atividades básicas como envio e leitura de e-mails e conversas online.

Produzido em parceria entre a empresa de informática Wessex Computers e o website de descontos para idosos Discount Age, os computadores usam o sistema operacional livre Linux.

Os computadores custam entre 299 libras (R$862) e 526 libras (R$1514) e já vem instalados com 17 vídeos que ensinam os usuários a trabalhar com o equipamento.

O SimplicITy não apresenta os menus convencionais. Ao ser ligado, uma tela chamada de Square One é aberta, oferecendo seis opções que podem ser clicadas para levar o usuário aos e-mails, navegar na internet, arquivos (documentos, fotos, etc), conversas online e um perfil do usuário.

A apresentadora de televisão britânica Valerie Singleton, que dirige o website Discount Age e apresenta os vídeos que acompanham os computadores, afirmou acreditar que os idosos “não entendem os computadores”.

“Eu uso computadores já há algum tempo e não entendo tudo. Cada vez aprendo uma coisa nova e preciso escrever para não esquecer”, disse.

De acordo com Andrew Harrop, diretor de políticas públicas das ONGs britânicas Age Concern e Help the Aged, que trabalham com idosos, os esforços para tentar levar os mais velhos para o ambiente online devem ser “aplaudidos”.

“Aposentados que não estão online estão perdendo dinheiro em descontos potenciais em suas compras e com freqüência perdem as melhores taxas de juros para contas de investimento, sem contar os benefícios sociais de estar conectado”, afirmou.