Cinco estados alemães proibiram a venda do refrigerante Red Bull Cola, depois que especialistas encontraram vestígios de cocaína na bebida.
As autoridades afirmaram que a dose encontrada é considerada mínima e não apresenta risco à saúde.
Entretanto, ressalvam que os vestígios da substância fazem com que a bebida deixe de ser um produto alimentício para, legalmente, se tornar um entorpecente, sujeito a uma autorização especial para ser comercializado.
Análises do Instituto Estadual para Saúde e Trabalho do Estado de Renânia do Norte-Vestfália constataram no refrigerante uma concentração considerada pequena, de 0,4 microgramas de cocaína por litro.
"O instituto examinou Red Bull Cola em um processo químico minucioso e realmente encontrou traços de cocaína", confirmou o diretor do departamento de segurança alimentar do ministério alemão para Defesa do Consumidor, Bernhard Kühnle.
"A quantidade é absolutamente irrelevante", reconheceu Wilhelm Deitermann, porta-voz da Secretaria de Saúde do Estado de Renânia do Norte-Vestfália.
"Não é possível tomar tanto, a ponto de a bebida fazer mal", disse. Entretanto, a substância é proibida por lei.
Exagero
Na Alemanha, os Estados deliberam autonomamente sobre assuntos envolvendo proteção ao consumidor.
O produto foi retirado das prateleiras nos estados alemães de Hesse, Renânia do Norte-Vestfália, Turíngia, Renânia-Palatinado e Baviera. Outros estados alemães também estudam a suspensão da venda de Red Bull Cola.
Os traços de cocaína não são frutos de contaminação e derivam da própria fórmula da bebida, que inclui um extrato de folhas de coca em que a cocaína é retirada.
Segundo a Red Bull, extratos de folha de coca "descocainizados" não oferecem risco à saúde, sendo usados como aroma em produtos alimentícios no mundo inteiro e permitidos tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos.
"Nossa opinião é que o produto é plenamente comercializável", garantiu à imprensa alemã Frank Farnsteiner, representante da Red Bull na Alemanha. A companhia anunciou que está em contato com as autoridades para resolver a questão.
Alguns veem exagero na proibição. "Se fôssemos examinar outros produtos alimentícios e bebidas com o mesmo nível de sensibilidade que a usada com a Red Bull Cola, seriam achadas muitas outras coisas", afirmou o farmacologista Fritz Sörgel, diretor do Instituto de Pesquisa de Biomedicina e Farmacologia de Nuremberg.
O especialista em doping e entorpecentes analisou algumas amostras da bebida e também constatou a presença de cocaína. Mas a descoberta não o surpreendeu. "Cafés descafeinados também contêm ainda alguma cafeína", comparou.
O refrigerante da Red Bull está no mercado alemão desde o ano passado. A multinacional austríaca anuncia seu produto como uma bebida feita apenas com ingredientes naturais, sem adição de conservantes e outros aditivos sintéticos.
Segundo o fabricante, Red Bull Cola é o único refrigerante tipo cola contendo extratos de folhas de coca e noz-de-cola.
Nos últimos anos, os energéticos da empresa enfrentaram críticas das autoridades sobre possíveis riscos à saúde. No ano passado, o governo alemão alertou sobre os perigos do consumo associado com álcool ou depois da prática de esportes, que poderia levar a distúrbios do ritmo cardíaco ou até a falência dos rins.
Na época, argumentou-se que o refrigerante da Red Bull contém grandes quantidades de cafeína e taurina, substâncias que podem ser perigosas para pessoas com doenças cardíacas, pressão alta ou sensibilidade à cafeína.