Segundo representantes do Sindicato Nacional dos Aeronautas, os atrasos ocorridos nos voos da companhia aérea Gol são reflexo de um acordo firmado entre a categoria e a vice-presidência de Recursos Humanos da empresa, para amenizar a carga horária dos tripulantes estabelecida pela companhia. De acordo com o diretor de Segurança de Voo da entidade, Carlos Camacho, a reunião ocorreu há cerca de 10 dias e, por isso, "a empresa teria tempo hábil para reorganizar o protocolo Cross Link (sistema de escalas de seus funcionários)".
Nesta segunda-feira, os principais aeroportos brasileiros registraram 585 (26%) atrasos nos 2.360 voos previstos da meia-noite até as 23h, segundo boletim divulgado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Do total de voos atrasados, 430 eram da Gol, o que representa 52,6% dos voos fora do horário.
Em nota, a Gol informou que os atrasos desta segunda-feira são, ainda, um reflexo do "intenso tráfego aéreo na sua malha", registrado na última sexta-feira, quando a empresa precisou transferir algumas de suas partidas programadas do aeroporto de Congonhas, que fecha às 23h, para o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
"Na ocasião, algumas tripulações atingiram o limite de horas de jornada de trabalho previsto na regulamentação da profissão e foram impossibilitadas de seguir viagem, gerando um efeito em cadeia. A situação, desenvolvida num fim de semana de pico de movimento, com retorno de férias escolares, ocorreu num momento em que a empresa finalizava a implementação de um novo sistema de processamento das escalas dos pilotos e comissários", diz trecho do comunicado divulgado pela empresa.
Pilotos da Gol que desembarcavam em Congonhas demonstraram insatisfação com a situação. Em entrevista ao Terra, os funcionários, que não quiseram se identificar, afirmaram que a categoria estuda entrar em greve nos próximos dias para reivindicar melhores condições de trabalho. Segundo os pilotos, a proposta de paralisação foi uma iniciativa dos co-pilotos, que pediam aumento salarial. Após os problemas verificados no último fim de semana, entretanto, a adesão à greve deve se estender aos comandantes.
De acordo com o sindicato, um movimento anônimo de funcionários da Gol organiza uma paralisação para o dia 13 de agosto, segundo informações publicadas em um blog que seria de trabalhadores da companhia aérea. Segundo Camacho, a iniciativa foi motivada pela insatisfação e constrangimentos internos dos trabalhadores em relação à carga horária estipulada pela empresa. No entanto, o sindicato não reconhece oficialmente o movimento, nem apoia a paralisação.
"Existem outros movimentos como esse. Hoje, por exemplo, 16 co-pilotos não compareceram ao trabalho, e pediram afastamento por motivo de saúde", disse Camacho.