segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cartão de crédito leva inadimplência ao maior patamar em 10 anos.

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Com pesadas taxas corroendo o poder de compra do brasileiro, o calote tem aumentado consideravelmente no varejo e as dívidas em atraso atingiram, em setembro, o maior patamar em 10 anos — crescimento de 1,6% frente a agosto. O consumidor, empolgado com o crédito farto no país, está comprando como nunca. Hoje, 23,8% da renda é destinada à quitação das prestações do sonho brasileiro: são máquinas de lavar, carros e televisores, tudo parcelado a perder de vista. O problema é que de cada R$ 100 gastos com a mensalidade de um financiamento mais da metade, ou R$ 55,88, vai exclusivamente para o pagamento de juros.

O cartão de crédito e as financeiras são os que mais têm levado o consumidor à forca em função das taxas cobradas. Quando essas linhas de crédito são procuradas, os consumidores já estão no limite do endividamento e esgotaram todas as possibilidades mais baratas. No mês, a inadimplência nos dois segmentos
juntos cresceu 7,2% contra agosto, informa levantamento da Serasa Experian. São tantos brasileiros enrolados em contas quase impagáveis que, de todos os inadimplentes, 34,2% tiveram o nome incluso no banco de dados da empresa por causa de dívidas com operadoras do plástico e com as financeiras. Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, além de o brasileiro padecer de “falta de educação financeira”, as taxas cobradas nessas modalidades de crédito são absurdas.

De acordo com pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os juros impostos nos dois segmentos são os mais pesados do país. Os cartões, quando o consumidor entra na amortização mínima, chegam a cobrar incríveis 237,51% ao ano. As financeiras, um pouco menos, 213,54%. Nenhuma aplicação financeira pode garantir um retorno assim em 12 meses. “Os juros são pesados nessas duas modalidades, mas o consumidor não vê isso. Quando ele vai para o cartão, está em busca da possibilidade de rolar a dívida ao fazer o pagamento mínimo”, explicou Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa.

Descontrole

Na visão de especialistas, a inadimplência tende a aumentar quando o desemprego também se expande. No Brasil, porém, o crescimento do calote tem ocorrido por outro motivo: descontrole orçamentário e falta de informação. Com a migração de 30 milhões de brasileiros da classe D para a C, movimento impulsionado pelo aumento da renda, todo esse contigente passou a ter acesso a modalidades de financiamento que antes lhe eram negadas, como o cartão de crédito. Sem o hábito de calcular juros, o consumidor tende a se preocupar apenas com o tamanho da parcela e se esquece de checar se terá como manter o fluxo de pagamento a longo prazo.

Para os próximos meses, em função das datas comemorativas de fim de ano, analistas de risco afirmam que a inadimplência registrará ainda outras altas. “O brasileiro vai parcelar muitos presentes e esquecerá dos impostos e matrículas escolares no início de 2011. Quando chegar lá, não terá como pagar as prestações que fez em dezembro”, alertou Almeida.

Para sair do buraco


Com a inadimplência crescendo mês a mês, analistas aconselham aos consumidores que desejam manter o poder de compra e o acesso ao crédito sempre ponderar se realmente necessitam daquele produto. Em segundo lugar, a pessoa nunca deve comprometer mais de 30% dos rendimentos com dívidas de longo prazo, a exemplo de parcelamentos em até 72 vezes. A dica é poupar para depois gastar. Os financiamentos que duram anos cobram juros altos e, ao fim do período, o consumidor terá desembolsado o suficiente para comprar dois ou mais itens semelhantes ao adquirido.

Para os que entraram na ciranda do cartão de crédito e das financeiras, a dica é tentar trocar essas dívidas por outra mais barata, como o crédito direito ao consumidor, o CDC bancário. O objetivo, com essa estratégia, é trocar a bola de neve por uma modalidade de parcelas fixas. Educadores financeiros alertam, porém, que isso só funciona se a pessoa realizar um saneamento orçamentário para saber como cortar gastos e poupar.

Tarifas dos cartões devem ser uniformizadas em breve.

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Para Associação de Defesa do Consumidor, autorregulação é insuficiente As tarifas dos cartões também devem passar por mudanças de regulamentação em breve. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) espera que o Conselho Monetário Nacional (CMN) padronize neste mês as taxas cobradas pelos bancos emissores nos seus cartões de pagamento.

E, enquanto esperam o Banco Central (BC) definir as normas, as companhias que fazem parte da Abecs definiram os parâmetros para a sua autorregulação. Basicamente, se comprometem com a abertura do mercado - da qual o fim da exclusividade nas maquininhas que passam os cartões é a medida mais representativa - com o incentivo à entrada de bandeiras locais de débito e com a transparência na definição das tarifas.

Na sua intervenção, o BC deve solicitar uma padronização das taxas cobradas, para facilitar que o consumidor entenda exatamente o que está pagando e, assim, possa fazer comparações. De uma gama de 45 diferentes taxas praticadas pelas instituições financeiras, deve sobrar cerca de uma dezena.
Da mesma maneira que os bancos precisam informar periodicamente todos os custos relativos a operações de crédito, os quais são publicados no site do BC, as instituições de cartões também devem ser obrigadas a tornar públicos tais dados.

Críticas

Nesse processo, semana passada a Proteste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, divulgou uma nota dizendo que a autorregulação é insuficiente, e pedindo urgência na definição das regras do governo, para coibir práticas abusivas. A entidade entregará carta aberta com suas demandas à Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça.

Na carta, pede normas claras do governo para os contratos entre os emissores de cartão e consumidores. E que a regulamentação inclua a uniformização das tarifas, a obrigação de destacar na fatura o custo envolvido no pagamento do valor mínimo, dos juros cobrados no uso do crédito rotativo e também esclarecimentos sobre o custo efetivo total. A Proteste quer ainda a proibição do envio de cartões de crédito pelas instituições financeiras sem a solicitação do consumidor.

Além disso, a Associação defende que a regulamentação de cartões inclua discussão de limites de juros no crédito rotativo, assegure o direito de renegociação de taxas e definição de quem responde pela segurança das transações na Internet.

Contra preços diferentes

A Proteste lidera uma campanha contra os preços diferenciados para os pagamentos de compra à vista. Diz que alguns comerciantes e varejistas estabelecem preços diferentes, dependendo do meio de pagamento (dinheiro, cheque ou cartão), e que essa prática é prejudicial ao consumidor. Para a Associação, o valor da mercadoria deve ser definido pela forma de pagamento – se à vista ou a prazo – e não pelo meio.

“O consumidor não pode ser penalizado por usar um meio de pagamento, pelo qual na maioria das vezes já paga uma tarifa de anuidade”, diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste. Algumas lojas, por exemplo, repassam ao consumidor o custo da operação com cartão de crédito, prática considerada abusiva.

O cartão é reconhecido pela Justiça como pagamento à vista. Assim, se aceitou trabalhar com cartão, a loja não pode diferenciar o preço pelo meio de pagamento escolhido pelo consumidor, afirma Maria Inês.

Casa em parcelas de R$ 14.

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Mutuário paga prestações baixas durante a construção do imóvel no programa federal



Rio - Quem compra um imóvel na planta pelo programa habitacional ‘Minha Casa, Minha Vida’ pagará prestação inicial de R$ 14 durante a obra, valor menor do que o preço de uma passagem de ônibus do Rio para Petrópolis. As parcelas baixas ocorrem neste período porque os mutuários quitam apenas a correção monetária do valor financiado. O montante vai subindo mês a mês de acordo com a evolução da construção.

Segundo o diretor da Estrutura Consultoria de Financiamento, Bruno Teodoro, o método utilizado no cálculo da despesa mensal é para permitir que o mutuário consiga pagar o aluguel e a prestação da casa nova ao mesmo tempo. O casal Alexandre de Andrade e Tatiane Munhão foi beneficiado com a parcela de R$ 14, 11.

“O subsídio (desconto) de R$ 8 mil e a possibilidade de utilizar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço contribuíram para realizar o nosso sonho. Conseguimos comprar um apartamento no condomínio Parque dos Sonhos, em Campo Grande. Quando ficar pronto, daqui a 20 meses, vamos pagar R$ 608 mensais”, conta Tatiane.

O auxiliar administrativo Joel Gomes também comemora as facilidades oferecidas pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’. Ele comprou apartamento em Maria da Graça, das construtoras Leduca e Vitale. “Há muito tempo procurava um imóvel, mas estava difícil encaixar a prestação no orçamento. Com o programa habitacional tive abatimento de quase R$ 10 mil e ainda vou usar o FGTS”, lembra.

O diretor regional da Rossi, Rafael Cardoso, explica que para unidade avaliada em R$ 89.900, da marca Ideal, é necessário renda familiar de R$ 1.395. Em simulação, com R$ 400 de entrada, além de R$ 8 mil do FGTS e R$ 23 mil de subsídio, as parcelas serão de R$ 50,48, em 15 vezes durante a obra.

A OAS Empreendimentos lança neste fim de semana o Jardins Campo Grande, empreendimento de 720 apartamentos pelo programa do governo, com financiamento de até 100% pela Caixa Econômica Federal. O gerente regional de Incorporação da empresa, Adriano Quadros, afirma que as obras estão adiantadas e a entrega das chaves prevista para o segundo semestre de 2011. Dados da Caixa revelam que no Rio já foram assinados 37.158 contratos para famílias com renda de até R$ 4.900.

TOME NOTA

PRESTAÇÃO

A parcela sobe de acordo com o cronograma da obra até atingir o valor cheio, na entrega das chaves. Após, o período de construção, segundo a superintendente da Caixa Econômica Federal no Rio, Nelma Tavares, as prestações voltam a cair de forma moderada por conta do sistema de amortização crescente do contrato habitacional pelo programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. “Quando o financiamento estiver chegando ao fim, elas estarão pequeninas”, garante Nelma.

SUBSÍDIO

O programa oferece abatimento no valor do imóvel de até R$ 23 mil para famílias com renda máxima de R$ 2.790. Vale lembrar que quanto menor o salário maior será o desconto. O subsídio mínimo é de R$ 2 mil. O bônus é para quem não tem moradia.

TAXA DE JUROS

Os juros variam de 5% a 8,16% ao ano mais TR (Taxa Referencial). Os trabalhadores com saldo na conta vinculada do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) há pelo menos três anos vão contar com desconto 0,5% na taxa de juros anual. Se o percentual for de 5% passará para 4,5% ao ano.

RENDA FAMILIAR

As regras do financiamento permitem que a renda possa ser composta com as pessoas que vão residir no imóvel.

PARCELA GARANTIDA

O programa prevê que o mutuário tenha até 36 parcelas pagas em caso de desemprego, por meio do Fundo Garantidor. Para ter direito é preciso pagar pelo menos seis prestações. Também é exigido documento que comprove a demissão.