quarta-feira, 21 de abril de 2010

Argentino abandonado na maternidade reencontra mãe no Facebook

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Mauricio Barrios (Foto: Arquivo pessoal)

A página lançada por Barrios recebeu 25 mil membros (Foto: Arquivo pessoal)

Um estudante argentino de 23 anos, que havia sido abandonado em um hospital quando tinha sete dias de vida, encontrou a mãe biológica através do site de relacionamentos Facebook.

Mauricio Barrios, que mora na província de Córdoba com a família que o adotou, lançou em março uma página no Facebook chamada “Busco a mi mamá” ("Procuro minha mãe"), na tentativa de encontrar a mãe biológica.

Segundo ele, além da família adotiva, 25 mil pessoas se uniram à campanha na rede social para tentar ajudá-lo.

“Há uma semana apareceu uma amiga da minha mãe biológica, que a ajudou naquela época. O nome dela é Iris e ela me disse onde morava a família da minha mãe. Viajei com parentes (adotivos) à Villa del Totoral, e lá encontrei meus avós, meus tios e primos”, disse ele ao jornal Clarin.

Desculpas

Como a mãe não estava na cidade, o encontro entre eles só ocorreu no último domingo, em uma praça, na companhia de familiares.

“Ela me abraçou, pediu desculpas, e eu a desculpei e a agradeci por me deixar ter vida”, disse.

Segundo Mauricio, a mãe biológica teria contado que a gravidez foi "um acidente", que casou com outra pessoa, mas não tem filhos.

Mauricio contou que foi deixado pela mãe biológica num hospital após ter sido nascido prematuro no dia 1º de janeiro de 1987.

“Eu queria agradecer porque ela me deixou nascer, não me abortou. Ela me manteve vivo durante os sete meses da gravidez”, afirmou, nesta segunda-feira, diante das câmeras de televisão da Argentina.

“Sinto um imenso alívio. Eu sempre quis saber quem era minha família de sangue. Sempre tive essa curiosidade, essa pergunta constante. Estou muito mais tranquilo e feliz agora”, disse, por telefone, à BBC Brasil.

Na segunda-feira, Mauricio agradeceu no Facebook o apoio dado a ele.

Brasília faz 50 anos como símbolo de contrastes do país

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Congresso Nacional, em Brasília

Arquitetura de Brasília divide opiniões

A cidade de Brasília completa 50 anos nesta quarta-feira como o principal símbolo do imaginário político brasileiro na atualidade, avaliam especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

O sucesso da transferência da administração do Rio de Janeiro para o interior do país, que à época chegou a ser visto com descrédito, hoje já não é mais contestado.

"Sob esse ponto de vista, podemos dizer que Brasília deu certo, sem sombra de dúvidas", diz o sociólogo Brasilmar Nunes Ferreira, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), que durante mais de 35 anos fez da cidade sua moradia e seu objeto de estudo.

Segundo ele, Brasília não apenas se transformou em uma capital política – "na prática e no imaginário" – como também "cumpriu" o papel de contribuir para o desenvolvimento do interior do país.

"Pode-se dizer que esse objetivo maior foi cumprido. Ou seja, do ponto de vista político, Brasília correspondeu às expectativas", diz Ferreira.

Projeto

Já do ponto de vista urbanístico, Brasília desperta as mais variadas avaliações entre os especialistas.

Os grandes espaços vazios, os prédios padronizados e as quadras numeradas são apenas algumas das características do projeto de Lúcio Costa que costumam colocar urbanistas em lados opostos.

Brasília em números

Catedral de Brasília/Foto: Victor Soares/ABr

População: 2,455 milhões de habitantes

PIB: R$ 99,9 bilhões (2007)

PIB per capita: R$ 40,6 mil (2007)

Renda média mensal: R$ 2,6 mil (2007)

Analfabetismo: 4% (2009)

Índice de GINI (desigualdade): 0,618

Pobreza: 37,7% (2003)

Taxa de uso do telefone celular: 75,6% das pessoas (2008)

Crianças fora da creche ou escola: 21,97% (2006)

Os mais críticos argumentam, por exemplo, que o projeto foi "ingênuo" por não ter previsto o crescimento populacional e urbano com base em uma expansão que já vinha ocorrendo em outras grandes cidades do mundo.

Para o arquiteto José Galbinski, da Universidade de Brasília (UnB), Brasília deve ser analisada no "contexto histórico" em que foi criada, e não com as informações de que dispomos hoje.

"Quando Lúcio Costa apresentou seu plano, os automóveis eram importados e pouquíssimas pessoas tinham um. Não é à toa que as quadras têm poucos estacionamentos", diz.

O desafio, na avaliação de Galbinski, é respeitar Brasília como um projeto histórico, mas ao mesmo tempo criar mecanismos que atenuem os problemas da vida moderna.

"Desenvolver as cidades satélites, investir em transporte público e permitir prédios mais altos em regiões como Sudoeste e Noroeste seriam algumas saídas", diz.

Desigualdade

A Brasília que se popularizou como centro dos acontecimentos políticos e principal exemplo de planejamento urbano do país muitas vezes acaba por esconder outras faces.

Uma delas é a da riqueza. Na média, o morador do Distrito Federal é o mais rico do país, na comparação com outros Estados da federação. Seu salário é o dobro da média nacional (R$ 2,6 mil), segundo dados do IBGE referentes a 2007.

O Produto Interno Bruto per capita da região – número próximo ao conceito de renda – também é o maior do país: em 2007, esse valor era de R$ 40 mil, o triplo do restante do Brasil e quase o dobro do registrado no Estado de São Paulo.

Essa renda, porém, é extremamente mal distribuída. De acordo com o IBGE, o Distrito Federal é a unidade da federação mais desigual do país.

Galbinski diz que o próprio desenho da capital – segundo ele, "uma ilha cercada por satélites" – resultou em um alto índice de segregação.

"A segregação em Brasília é integral. Ela ocorre no espaço físico, na questão cultural, na saúde", diz o arquiteto.

Segundo ele, o resultado é um "pequeno pedaço" muito rico, representado pelo Plano Piloto, e o restante da região, "geralmente segregado e esquecido".

"Muita gente chega a pensar que Brasília é só o Plano Piloto. Na verdade, Brasília é todo esse conjunto, enquanto o Plano é uma pequeníssima fração", diz.

Brasileiro gastou R$ 1,4 mil em táxi de Paris a Lisboa

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Alexandre Correia (foto: Jair Rattner)

Alexandre Correia tinha que estar em Munique na segunda-feira, mas está em Lisboa

O médico anestesista Marcelo Carvalho precisou pagar 600 euros (cerca de R$ 1,4 mil) para uma viagem de táxi de Paris a Lisboa após ter seu voo cancelado por conta do caos aéreo na Europa.

Carvalho, de 42 anos, precisava chegar a São Paulo na última segunda-feira. Inicialmente, ele havia comprado uma passagem da capital francesa direto para o aeroporto de Guarulhos, mas precisou mudar a rota por conta da nuvem de cinzas vulcânicas que causou o cancelamento de diversos voos no continente europeu.

“Eu e minha mulher tivemos muita sorte. Tínhamos conseguido mudar o nosso voo de Paris para São Paulo para um voo Paris-Lisboa-São Paulo, mas depois o voo de Paris para Lisboa foi cancelado”, conta ele.

Carvalho então optou por pagar um táxi para fazer o trajeto de 1.850 quilômetros e conseguiu um motorista disposto a fazer a viagem por 600 euros (R$1,4 mil).

“Foi muito barato. No aeroporto de Paris estavam cobrando 2 mil euros (R$ 4,7 mil) pela viagem até Madri. O motorista de táxi tinha que vir para Portugal e procurava alguém para dividir as despesas”, contou o médico à BBC Brasil enquanto tentava, às 9h, no balcão da companhia aérea TAP, antecipar o voo de volta a São Paulo, agendado para 23h55.

Ele acabou fazendo a viagem em tempo recorde: 19 horas para quase 1,9 mil quilômetros – uma média de 100 quilômetros por hora.

"O motorista só parou 3 vezes, 10 minutos de cada vez", disse.

Brasileiros

O aeroporto de Lisboa foi um dos poucos no continente europeu que não fechou por causa da nuvem de cinzas que resultou da erupção do vulcão islandês Eyjafjallajokull. Por essa razão, muitos brasileiros estão no aeroporto da capital portuguesa tentando conseguir uma passagem para destinos europeus.

"Estou desde domingo em Lisboa, alojado num hotel. Tenho passagem para Munique, mas não tenho como ir para lá", disse o engenheiro Alexandre Correia, que pretende participar da maior feira mundial de materiais de construção, a BAUMA, que começou na segunda-feira.

"Somos seis pessoas - minha mulher, eu e mais quatro. Pretendemos marcar um voo para Roma e aí alugar um carro. Nós já pensamos em alugar um carro aqui, mas empresas de aluguel estão cobrando 5 mil euros. Se chegarmos em Roma, talvez a gente consiga alugar um carro mais barato", afirmou.

O grupo fica se revezando no aeroporto para ver se consegue informações.

"Pela internet não está dando e pelo telefone a empresa aérea deixa a gente pendurado e não atende".

Segundo Alexandre, o prejuízo destes três dias já chegou a 600 euros (R$ 1,4 mil).

Caminho torto

Já para o médico Gustavo Pinto, que mora em Boston, nos Estados Unidos, a viagem de Lisboa para o Brasil foi o caminho de volta de umas férias de Menorca, junto com sua esposa.

"Estivemos em Menorca e íamos para Amsterdã no dia 19, para pegar o avião de volta para os Estados Unidos, mas o voo foi cancelado. O aeroporto de Barcelona esteve fechado preventivamente, mas depois abriu e fomos de Menorca para Barcelona. De lá viemos de trem para Lisboa", conta.

O caminho de volta deu mais uma volta. "A TAP não está vendendo bilhetes, tentando deixar os lugares para quem já tem a viagem marcada. Então consegui um voo para o Rio de Janeiro através de uma agência no Brasil e de lá para Boston", disse ele na corrida para o embarque.

Conformada

A brasileira Luísa Almeida, que trabalha numa escola na Inglaterra, estava conformada com a possibilidade de atraso.

"Cheguei hoje de manhã, mas não tenho ideia de que horas vai haver voo. A gente tinha marcado um lugar no voo das 10h30, mas não há garantia. Disseram que o aeroporto de Heathrow (um dos três de Londres) pode abrir a qualquer momento."

Antes de embarcar ela foi informada da situação. "Eles falaram que a opção seria ficar no Brasil, mas escolhi viajar e ficar aguardando no aeroporto."

Ela está conformada com a situação. "A culpa não é deles. Acho que é uma forma de preservar os riscos. Pode acontecer alguma coisa desagradável se o avião for agora".

No consulado do Brasil em Lisboa, a informação é de que até agora não houve brasileiros retidos por conta da nuvem resultante a erupção que tenham buscado apoio consular.

Passageiros enfrentam filas e atrasos após retomada de voos na Europa

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Passageiros no aerorporto de Barajas, Madri (Photo by Denis  Doyle/Getty Images)

Vários passageiros tinham se deslocado de outros pontos da Europa para Madri nos últimos dias

Apesar das estimativas de retomada de 75% dos voos nesta quarta-feira, a situação continua incerta e caótica em vários aeroportos europeus, após quase uma semana de paralisação no tráfego aéreo provocada pelas cinzas expelidas por um vulcão na Islândia.

Passageiros enfrentam longas filas e atrasos em vários dos principais aeroportos do continente, como os de Londres, Paris e Madri. Voos também foram retomados na Alemanha, Bélgica, Holanda e Dinamarca, depois de informações de que o vulcão na geleira islandesa de Eyjafjallajokull estaria expelindo menos cinzas.

O espaço aéreo também foi reaberto na Áustria, Irlanda, Itália, Noruega, Polônia e Suíça. Todos os aeroportos da Espanha estão abertos.

As companhias aéreas enfrentam agora o desafio logístico de normalizar as operações após seis dias de atrasos e cancelamentos. Muitos passageiros que sofreram com os cancelamentos e atrasos ainda aguardam informações sobre quando poderão viajar.

Mais de 95 mil voos foram cancelados na Europa desde quinta-feira da semana passada.

A agência de aviação europeia, a Eurocontrol, disse esperar que 21 mil voos decolem nesta quarta-feira, dentro de um total de cerca de 28 mil que estavam programados.

A agência estima que metade dos voos diários previstos para a terça-feira na União Europeia decolaram.

Londres reabre

A Grã-Bretanha reabriu seu espaço aéreo às 22h de terça-feira (18h no horário de Brasília) para voos de longa distância. A previsão é que os voos de curta distância sejam retomados às 13h desta quarta-feira (9h no horário de Brasília).

Espaço aéreo na Europa

Alemanha - Voos de baixa altitude autorizados

Áustria - aberto

Bélgica - pousos autorizados, mas nenhuma decolagem até meio-dia (hora local)

Dinamarca - aberto pelo menos até as 9h

Espanha - aberto

Finlândia - aberto pelo menos até as 9h

França - Operações parciais

Grã-Bretanha - aberto

Irlanda - aberto

Itália - aberto

Holanda - aberto

Noruega - aberto

Polônia - aberto

Suécia - parcialmente aberto

Suíça - aberto

Um voo vindo de Vancouver, no Canadá, foi o primeiro a aterrissar em quase uma semana no aeroporto de Heathrow, em Londres, o mais movimentado da Europa.

Os diretores da Eurocontrol disseram estar "otimistas" com a situação e acreditam que a situação será normalizada em poucos dias.

As companhias aéreas começaram a tentar encaixar nos seus próximos voos os passageiros que perderam suas viagens nos últimos seis dias.

Os passageiros que já tem bilhetes para viajar terão prioridade. As pessoas afetadas pelos cancelamentos estão sendo colocadas em listas de espera.

A British Airways disse que todos os voos de longa distância partindo de Heathrow e Gatwick foram retomados, mas alertou para cancelamentos nos voos de curta distância.

A Air France anunciou que retomará todos os voos de longa distância nesta quarta.

Na Suécia, o aeroporto principal de Estocolmo ainda estava fechado devido à nuvem de cinzas. No norte do país, no entanto, o espaço aéreo reabriu.

Cerca de 300 turistas britânicos em Santander, no norte da Espanha, foram levados de volta à Grã-Bretanha por navios da Marinha.

O governo britânico também enviou ônibus para buscarem passageiros que estão no aeroporto de Madri. Os primeiros cinco ônibus partiram da capital espanhola na noite de terça.

Todos os aeroportos espanhóis estão abertos, e o governo do país sugeriu que a Espanha seja usada como ponto de referência na Europa para que passageiros completem suas viagens.

O vulcão da geleira de Eyjafjallajokull está expelindo mais lava e menos cinzas, mas sua atividade continua sendo monitorada e pode mudar nas próximas horas. Os cientistas estão preocupados agora com o vulcão de Katla, em uma geleira vizinha, que também pode entrar em erupção.