Os familiares de uma comissária que morreu em 1º de junho no acidente do voo AF 447 entre Rio de Janeiro e Paris anunciaram nesta quinta-feira que vão pedir o indiciamento da Air France, convencidos de que a companhia foi falha em termos de segurança. "A Air France tem que pagar pelo que fez e assumir as responsabilidades pelas sondas Pitot de medição de velocidade", declararam o pai e o irmão da vítima, Carla Mar Amado, que morreu com 31 anos.
Carlos e Drago Amado lamentaram que "uma empresa tão rica tenha sido negligente em termos de segurança". "Falaram para as famílias das vítimas que estão em busca da verdade, mas já sabemos a verdade: as sondas Pitot são a causa exclusiva do acidente", declarou o advogado de acusação, Jean-Claude Guidicelli, que vai pedir o indiciamento da Air France.
As causas exatas do acidente ainda não são conhecidas, e o Birô de Investigação e Análise (BEA) francês, encarregado da investigação técnica, indicou nesta quinta-feira que uma segunda fase de buscas da caixa preta, no meio do Atlântico, foi infrutífera.
Há fortes suspeitas sobre as sondas Pitot, os sensores de medição de velocidade do avião que, segundo investigadores, forneceram aos pilotos da Airbus A330 informações incoerentes.
Os problemas dos sensores foram revelados pelas mensagens técnicas automáticas enviadas pelo avião antes do acidentes. O último relatório oficial da investigação sobre este acidente revelou em 2 de julho que o avião não explodiu em voo, e que ele tocou a superfície da água. O BEA indicou também que uma falha das sondas de medida de velocidade da aeronave era um elemento de explicação do acidente.
A família da comissária condena também a Air France de não informar suficientemente as famílias das vítimas. "Nada saiu das três reuniões que foram organizadas para as famílias das vítimas. Toda vez, o aspecto técnico do acidente se dissipa e nos dizem que temos de deixar as investigações prosseguirem", declararam em entrevista à imprensa em Toulon (sudeste) os parentes da jovem.
A próxima reunião de informação das famílias está prevista, segundo a família Amado, para 24 de setembro em Paris.
No acidente, 228 pessoas, das quais 216 eram passageiros e 12 eram membros da tripulação, morreram. Uma informação judicial por "homicídio involuntário" foi aberto pela procuradoria de Paris.
O BEA afirma ainda ter esperança de encontrar as caixas pretas do A330. "Se as buscas não encontrarem mais nada, o BEA reunirá nas próximas semanas uma equipe internacional de investigadores e especialistas para examinar os dados reunidos na expectativa de uma terceira fase de buscas e determinar as modalidades e os meios para realizá-la", escreveu em um comunicado.
As buscas foram efetuadas recentemente por um navio francês, equipado por um pequeno submarino e um robô.