Direto de São Paulo
Cerca de 500 manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), fizeram em São Paulo uma marcha em protesto contra a corrupção no Senado Federal e pela saída do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O protesto terminou por volta das 16h no saguão do Masp com os participantes cantando em coro o Hino Nacional.
O protesto começou por volta das 14h e percorreu o trajeto do Masp até a rua Bela Cintra e de volta ao museu. Alguns manifestantes apareceram com os rostos pintados e outros, usando nariz de palhaço. Eles levavam cartazes com as expressões "Fora Sarney" e "Sarney, você está demitido". Dezenas de motoristas que passaram pela região buzinaram em apoio aos manifestantes.
A PM acompanhou a manifestação com carros e motos, tentando manter a fluidez do tráfego. A maioria das pessoas presentes era jovem, grande parte, estudantes. Uma das faixas erguidas pelos manifestantes indicava a participação da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel).
Na altura do parque Trianon, os participantes da manifestação aproveitaram o ensaio da bateria da Cásper Libero para angariar mais participantes. Marcelo Macedo, 22 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, disse que gostou da experiência.
"Fazia muito tempo que não víamos um protesto contra os políticos deste tamanho", disse ele.
A professora de Espanhol Fernanda Cassain, 30 anos, afirmou que o protesto é diferente dos ocorridos na época do impeachment do ex-presidente e agora senador Fernando Collor (PTB-AL), porque naquela época os estudantes queriam matar aula e hoje, em um sábado, não se pode dizer o mesmo. "Veja ao ponto que chegou a indignação para tirar esses jovens da internet e levá-los à rua", disse.
O ator Adilson Martins, 39 anos, também ressaltou o fato de que o protesto saiu do mundo virtual e disse que o movimento ganhou força a partir da detenção de estudantes na quinta-feira durante um protesto no Senado. "A indignação extrapolou a internet e ganhou as ruas", afirmou ele.
Distribuindo narizes de palhaço, a publicitária Ana Lúcia Paes, 43 anos, aproveitava para divulgar sua ONG, que é chamada Rir para Não Chorar. "Estou aqui porque estou indignada", disse.
Ao final do protesto, no saguão do Masp, os participantes prometeram se reunir de novo no sábado que vem, no mesmo horário, com o compromisso de cada um trazer cinco amigos para dar mais corpo ao protesto.
Sarney é acusado de cometer irregularidades na administração do Senado, empregar pessoas ligadas à sua família e desviar dinheiro público por meio de uma fundação que leva o seu nome. Onze pedidos para investigar as dénúncias contra ele foram apresentados no Conselho de Ética do Senado, mas todos foram arquivados pelo presidente do órgão e aliado de Sarney, Paulo Duque (PMDB-RJ).