quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Fidel diz que Obama é 'cínico' ao receber Nobel da Paz

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Fidel Castro (imagem de arquivo)

Para Fidel, novo governo dos EUA 'em nada se diferencia do antecessor'

O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, disse em um artigo publicado nesta quinta-feira que o presidente americano, Barack Obama, estará realizando "um ato cínico" ao receber o prêmio Nobel da Paz.

O artigo de Fidel, publicado no Granma, o órgão oficial do partido Comunista cubano, critica o presidente americano, que recebe o prêmio nesta quinta-feira em Oslo, na Noruega, por anunciar, há dez dias, reforços para as tropas no Afeganistão.

"Por que Obama aceitou o Prêmio Nobel da Paz quando já tinha decidido levar a guerra do Afeganistão até as últimas consequências?", questionou Fidel. "Não estava obrigado a (realizar) um ato cínico."

O presidente confirmou que receberá o prêmio Nobel da Paz na capital norueguesa, Oslo, e depois viajará à capital da Dinamarca, Copenhague, para participar da reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que tenta chegar a um acordo internacional para reduzir as emissões de carbono.

"Agora esperamos um novo discurso teatral em Oslo, um novo compêndio de frases que ocultam a existência real de uma superpotência imperial com centenas de bases militares mobilizadas no mundo, 200 anos de intervenções militares no nosso hemisfério e mais de um século de ações genocidas em países como Vietnã, Laos e outros da Ásia, África, Oriente Médio, Bálcãs e qualquer parte do mundo."

No dia 1º de dezembro, durante o discurso na Academia militar americana de West Point, Obama anunciou o envio de 30 mil soldados para o Afeganistão a partir do início de 2010. Mas ele também afirmou que pretende iniciar a retirada das tropas em julho de 2011 – antes das eleições presidenciais de 2012.

Fidel disse que, ao ver o anúncio de Obama, teve "a impressão de estar escutando (o ex-presidente dos EUA) George W. Bush", que iniciou a guerra no Afeganistão.

"Os seus argumentos (de Obama) em nada se diferenciam da filosofia de seu antecessor, exceto por um detalhe mínimo: Obama se opunha às torturas (de prisioneiros de guerra)", escreveu.

Para Fidel, "a política oferecida ao povo dos Estados Unidos pelo novo governo é a mesma de Bush, que ordenou a invasão do Iraque, que não tinha nada a ver com o ataque às Torres Gêmeas (no dia 11 de setembro de 2001)".

Estudo alerta que emissões têm que cair a partir de 2020

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Linfen, na China

Linfen, na China, é uma das cidades mais poluídas do mundo

Os níveis de gases que provocam o efeito estufa precisam começar a cair em 2020 para evitar consequências potencialmente desastrosas, alerta um estudo divulgado na reunião das Nações Unidas sobre clima em Copenhague por um dos mais respeitados centros de pesquisa sobre mudança climática, o Met Office, da Grã-Bretanha.

Para que o aumento de temperatura da Terra se limite a 2ºC, a meta recomendada pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) em seu relatório de 2007 e adotada pelos países do G8 em sua cúpula de julho, as emissões precisam atingir um pico dentro de dez anos.

A partir daí, elas teriam que cair cerca de 5% anualmente. Mesmo assim, a probabilidade de o aumento de temperatura ficar abaixo de 2ºC é de apenas 50%, de acordo com o Met Office.

O problema é que, até antes da crise econômica mundial, as emissões do planeta vinham crescendo cerca de 3% ao ano. Ou seja, para que em apenas dez anos elas comecem a cair, seriam necessárias ações drásticas.

Negociação difícil

Nos três primeiros dias da reunião em Copenhague, negociadores de 192 países enfrentaram muitos problemas para avançar no sentido de um acordo global que possibilite esse tipo de ações.

A desconfiança entre países ricos e em desenvolvimento e até mesmo sinais de desgaste entre o segundo grupo parecem estar dificultando um entendimento.

Clique Leia mais: Brasil nega 'racha' entre países em desenvolvimento

Clique Leia mais: Vazamento de 'texto final' divide países em Copenhague

A reunião acaba no dia 18 de dezembro, depois da participação de cerca de 110 líderes mundiais.

Se as emissões continuarem a subir depois de 2020, o Met Office afirma que a única forma de manter o aumento da temperatura terrestre abaixo dos 2ºC seriam os chamados projetos de geoengenharia – para retirar o gás carbônico da atmosfera.

Entre essas propostas, estão algumas que soam como ficção científica: espelhos no espaço que refletiriam de volta os raios do sol, “árvores” artificiais que sugariam o dióxido de carbono do ar para compartimentos que poderiam ser enterrados ou ainda a criação de nuvens com sprays de água no ar.

Mesmo os projetos de geoengenharia já em teste, como Captura e Armazenamento de Carbono (CCS, na sigla em inglês) – que retira o gás produzido pela queima de carvão em usinas e o prepara para armazenamento – ainda estão longe de serem viáveis economicamente.

Pouco se sabe sobre os reais custos ambientais, sociais e financeiros deste tipo de operação. E muito menos as consequências que eles poderiam ter sobre a Terra.

Livro francês discute 'influência do traseiro' na humanidade

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Capa do livro 'A Face Oculta do Traseiro' (divulgação)

Para autores, falar das nádegas é 'falar de nós mesmos'

Um documentário e um livro que chegam nesta quarta-feira ao público francês prometem alimentar um debate nacional sobre a contribuição do traseiro na formação do imaginário nacional.

La Face Cacheé des Fesses (“A Face Oculta das Nádegas”, em tradução livre), uma parceria entre a documentarista Caroline Pochon e o jornalista Allan Rothschild, estreia em forma de documentário nesta quarta-feira no canal Arte de televisão, horas antes de a edição impressa homônima chegar às livrarias.

Os autores concluíram 18 meses de uma investigação que as editoras da obra, Arte e Democratic Book, estão apresentando como "séria, ao mesmo que lúdica", e com um "toque de espírito libertino".

"Quando falamos das nádegas", diz um trecho do documentário, "falamos de nós mesmos".

Psicanálise e semiótica

Os autores propõem uma viagem multidisciplinar pelas diferentes representações do traseiro na história da humanidade, emprestando conceitos de história da arte, psicanálise, sociologia e semiótica.

Pochon e Rothschild falam a um país onde as referências ao que a revista semanal L’Express descreveu como "a parte mais subversiva da anatomia humana" não são incomuns.

"A pátria, a honra, a liberdade, nada existe: o universo gira em torno de um par de nádegas", disse o filósofo Jean-Paul Sartre, como lembrou o diário Le Monde.

Nesse contexto, a imprensa vem tratando esta celebração ao traseiro como "a cereja do bolo dos lançamentos natalinos".

"Há mil coisas a dizer sobre as nádegas", afirmam Pochon e Rothschild. "Elas nos falam sobre os fundamentos – no sentido literal e figurado – de nossa sociedade, os seus tabus e os seus desejos", refletem.

Último sobrevivente de tribo é atacado na Amazônia, diz ONG

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Casa do 'Homem do Buraco' (foto:@www.survivalinternational.org)

O 'Homem do Buraco' vive no território indígena de Tanaru, em Rondônia

A organização de apoio aos povos indígenas Survival International denunciou nesta quarta-feira que o último sobrevivente de uma tribo isolada na Amazônia tem sido alvo de ataques de homens armados.

Segundo a Survival International, o índio é conhecido como "Homem do Buraco", devido aos buracos que cava para capturar animais e para se esconder, e vive no território indígena de Tanaru, no Estado de Rondônia.

Acredita-se que o "Homem do Buraco" seja o último sobrevivente de um massacre contra sua tribo, ocorrido nas décadas de 70 e 80. O nome da tribo não é conhecido.

De acordo com a organização, ele foi alvo de ataques no mês passado, mas só agora o episódio foi revelado. A ONG diz que, segundo a Funai, o 'Homem do Buraco' sobreviveu ao ataque.

"Não se sabe se o índio estava na linha de fogo ou se os tiros foram disparados para afugentá-lo", diz a ONG.

Saque

"Sua tribo foi massacrada e agora o 'Homem do Buraco' enfrenta o mesmo destino", disse o diretor da Survival International, Stephen Corry.

Ferramentas usadas pelo 'Homem do Buraco' (foto:@www.survivalinternational.org)

ONG diz que índio pertence a tribo massacrada nas décadas de 70 e 80

A organização afirma que funcionários da Funai descobriram que seu posto de proteção havia sido saqueado e encontraram cartuchos de espingarda vazios nas proximidades da floresta.

A polícia investigou o incidente, mas ainda não se sabe quem seriam os agressores.

No entanto, segundo a Survival International, fazendeiros na região se opõem aos esforços do governo para proteger a terra do "Homem do Buraco".

"Os fazendeiros devem deixar este homem viver seus últimos dias em sua terra em paz e as autoridades devem fazer tudo que podem para protegê-lo", disse Corry.