O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, disse em um artigo publicado nesta quinta-feira que o presidente americano, Barack Obama, estará realizando "um ato cínico" ao receber o prêmio Nobel da Paz.
O artigo de Fidel, publicado no Granma, o órgão oficial do partido Comunista cubano, critica o presidente americano, que recebe o prêmio nesta quinta-feira em Oslo, na Noruega, por anunciar, há dez dias, reforços para as tropas no Afeganistão.
"Por que Obama aceitou o Prêmio Nobel da Paz quando já tinha decidido levar a guerra do Afeganistão até as últimas consequências?", questionou Fidel. "Não estava obrigado a (realizar) um ato cínico."
O presidente confirmou que receberá o prêmio Nobel da Paz na capital norueguesa, Oslo, e depois viajará à capital da Dinamarca, Copenhague, para participar da reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que tenta chegar a um acordo internacional para reduzir as emissões de carbono.
"Agora esperamos um novo discurso teatral em Oslo, um novo compêndio de frases que ocultam a existência real de uma superpotência imperial com centenas de bases militares mobilizadas no mundo, 200 anos de intervenções militares no nosso hemisfério e mais de um século de ações genocidas em países como Vietnã, Laos e outros da Ásia, África, Oriente Médio, Bálcãs e qualquer parte do mundo."
No dia 1º de dezembro, durante o discurso na Academia militar americana de West Point, Obama anunciou o envio de 30 mil soldados para o Afeganistão a partir do início de 2010. Mas ele também afirmou que pretende iniciar a retirada das tropas em julho de 2011 – antes das eleições presidenciais de 2012.
Fidel disse que, ao ver o anúncio de Obama, teve "a impressão de estar escutando (o ex-presidente dos EUA) George W. Bush", que iniciou a guerra no Afeganistão.
"Os seus argumentos (de Obama) em nada se diferenciam da filosofia de seu antecessor, exceto por um detalhe mínimo: Obama se opunha às torturas (de prisioneiros de guerra)", escreveu.
Para Fidel, "a política oferecida ao povo dos Estados Unidos pelo novo governo é a mesma de Bush, que ordenou a invasão do Iraque, que não tinha nada a ver com o ataque às Torres Gêmeas (no dia 11 de setembro de 2001)".