segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mesmo com fim da redução do IPI, empresas vão manter descontos na venda de automóveis

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SÃO PAULO e RIO - Com o fim do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para a compra de automóveis, as montadoras já definiram as novas tabelas válidas para o mês de abril. Na média do mercado, o aumento de preços deve oscilar entre 3% (para os modelos com motor 1.0 a 2.0) e 4% (populares). Os reajustes, no entanto, não devem ser aplicados agora. Com o aumento da produção, os pátios ainda têm muitos veículos em estoque - a estimativa é de 210 mil - e, por isso, dependendo da região, as empresas devem manter os descontos pelos próximos 10 ou 15 dias.

Das grandes empresas, a Ford saiu na frente para anunciar uma promoção pegando carona nos estoques. A montadora lançou a campanha `Etiqueta Vermelha`, válida desde ontem. Os veículos com preço antigo serão identificados dentro das lojas com uma etiqueta vermelha. A montadora vendeu 38,8 mil unidades no mês passado, número recorde.

- Nunca se vendeu tanto carro no Brasil como em março. E abril também promete ser bom, porque ainda temos muitas unidades em estoque com o IPI antigo - disse o gerente de Marketing de Varejo da Ford, Ivan Nakano. - Mas quem quiser aproveitar, precisa ser rápido.

Em nota, a Volkswagen afirmou que `todas as empresas têm estoque com preço antigo. O tempo de duração vai depender da evolução da indústria no mês de abril`.

No Rio, as novas tabelas das montadoras não chegaram às lojas da Itavema, que vendem Fiat - o que poderá acontecer nos próximos dias. Na Barrafor, a expectativa é de que os novos valores da Ford cheguem na próxima segunda-feira. Na Abolição Veículos, nas filias da Abolição (Rio) e em Niterói, as vendas ainda se concentram nos carros sem IPI, já que a nova tabela também não chegou. Na rede, o mês de vendas fortes tirou do estoque modelos como Voyage e Gol.

Mas já há reajustes por aí. Na concessionária da Peugeout da Tijuca, alguns poucos carros - que custam entre R$ 35 mil e R$ 45 mil - ainda estão com a tabela antiga, trazendo o desconto do IPI. Mas os veículos acima de R$ 50 mil já sofreram reajuste de, em média, 3%. A concessionária Rio Tókio, em Botafogo, contudo, já está usando a nova tabela de preço. E, assim, os carros da Honda já estão 3,5% mais caros.

Mas o IPI deixou um balanço extremamente positivo para o setor. As vendas de veículos novos registraram recorde histórico em março, último mês de redução das alíquotas do IPI para modelos biocombustíveis.

Remédio patenteado custa 40% mais do que o genérico

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BRASÍLIA - Os medicamentos protegidos por patentes têm uma participação 40% maior nos gastos dos brasileiros com saúde do que os produtos genéricos. Isso é o que revela um estudo realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao qual o GLOBO teve acesso, mostra reportagem de Martha Beck publicada na edição desta sexta-feira do jornal. Os remédios patenteados são os mais caros do mercado, mas são utilizados no tratamento de doenças importantes, como câncer, disfunções pulmonares e cardíacas, e não podem ser copiados por outros laboratórios.

O levantamento da Anvisa mostra que o país tem hoje 96 moléculas protegidas por patentes, sendo a maior parte pertencente a empresas americanas, alemãs e suíças. Desse total, oito estão em medicamentos que fazem parte da lista dos 20 mais vendidos no mercado nacional. Entre eles estão o Glivec (utilizado no tratamento da leucemia) e o Viagra.

Segundo a pesquisa, os gastos da população com genéricos representaram 7,62% do faturamento da indústria brasileira em 2008, o que equivale a R$ 2,05 bilhões. Já os gastos com produtos patenteados corresponderam a 10,47% do faturamento da indústria, ou R$ 2,8 bilhões, 37,9% acima do gasto com genéricos. Os produtos patenteados têm um custo médio de R$ 104,38 por unidade. No caso dos genéricos, esse valor é de apenas R$ 4,60 por unidade.

O chefe do núcleo de regulação econômica da Anvisa e autor do estudo, Pedro Bernardo, lembra que 14 das moléculas protegidas tinham prevista a queda da patente entre 2009 e 2010, mas as empresas costumam pedir ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para prorrogar o incentivo.

Tudo para você comprar sua casa

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Até o Leão facilita a aquisição, com a redução e até isenção do Imposto de Renda.

por Sílvia Pimentel

A abundância do crédito imobiliário neste ano, somada à simplificação na obtenção de empréstimos bancários, deve levar muitas pessoas a comprar o primeiro imóvel. Para aqueles que já possuem o bem, a tendência é de expansão no movimento de troca por imóveis maiores, de maior valor. Seja qual for o caminho trilhado, é preciso ficar atento com a tributação pelo Imposto de Renda (IR).

A legislação brasileira é cheia de detalhes e ganhou alterações importantes nos últimos anos. A boa notícia é que muitas dessas mudanças foram feitas para minimizar a mordida do Leão. De acordo com a especialista em IR da Fiscosoft, Andréa Teixeira, o contribuinte está hoje livre do pagamento do imposto em diversas situações – como no caso dos imóveis mais antigos.

As hipóteses de isenção do pagamento e quando e como se deve ou não apurar o ganho de capital estão entre as principais questões levantadas por contribuintes na empresa. De acordo com a consultora, em pelo menos três hipóteses não é necessário recolher o IR. Uma ocorre nos casos de venda, se for o único imóvel, até o valor de R$ 440 mil e não tenha sido alienado. `Se o contribuinte possuir um terreno, a lei não permite a isenção`, alerta. Transações nessa condição que tenham sido feitas neste ano devem ser lançadas na declaração do exercício seguinte, sem o pagamento do imposto.

Em outra situação, proprietários que alienaram imóvel residencial e tenham adquirido outro até 180 dias a partir da alienação também estão livres do pagamento. A isenção é dada seja qual for o valor da transação e da diferença de preço entre um e outro. `A norma beneficia, sobretudo, as pessoas que pretendem fazer a troca.` Embora muitos não saibam, os imóveis mais antigos também escaparam da mira do Leão do IR. Pela regras atuais, a venda de imóveis adquiridos até 1979 não gera pagamento do imposto, independente do valor.

Dessa forma, transações imobiliárias que não se enquadram nessas condições geram obrigação de recolher o imposto a uma alíquota de 15% sobre o ganho obtido. Na prática, entretanto, a mordida é menor por conta da redução da base de cálculo, proporcionada pela chamada Lei do Bem (nº 11.196), promulgada em 1995. `A redução do ganho varia, em média, entre 20% e 30%`, explica a consultora.

Para chegar ao valor do imposto a pagar, é necessário entrar na página da Receita Federal na internet (www.receita.fazenda.gov.br) e preencher o programa `ganho de capital`. O próprio sistema faz o cálculo do imposto e imprime o Darf a ser recolhido na rede bancária. O pagamento deve ser feito no mês seguinte ao recebimento pela venda, inclusive nos casos de negócios a prazo.

Quando posso usar o FGTS?
De acordo com a lei 8.036/90, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode ser utilizado no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) para a quitação total ou parcial do imóvel no ato da compra. É necessário que o mutuário tenha no mínimo três anos de trabalho no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não tenha outro financiamento imobiliário em seu nome e não possua outro imóvel no mesmo município.

Para a liquidação do saldo devedor, o intervalo mínimo de amortização é de dois anos. O mesmo vale para o pagamento das prestações a vencer, desde que a quantia do abatimento atinja no máximo de 80% da prestação.

Cuidado!

DICAS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS MUTUÁRIOS DA HABITAÇÃO (ABMH) PARA FINANCIAR UM IMÓVEL COM TRANQUILIDADE

* opte sempre por instituições que trabalham com o Sistema Financeiro da Habitação;

* pesquise a taxa de juros em diversas instituições financeiras;

* utilize o FGTS sempre que possível, fazendo amortizações extraordinárias de dois em dois anos;

* economize por um período anterior à aquisição, financiando o menor valor possível – a compra à vista é sempre a melhor opção;

* não comprometa mais que 20% do orçamento;

* cuidado com os prazos muito longos. Os financiamentos de imóveis em 30 anos (maior prazo disponível no País) oferecem parcelas menores, mas escondem juros e correção monetária mais altos. Isso pode elevar em mais de 200% os valores finais na comparação com os preços pagos à vista;

* verifique no decorrer dos meses se o valor da prestação está sendo suficiente para quitar os acessórios do contrato (juros, correção monetária, seguro e eventual taxa de administração);

* se ficar inadimplente ou a dívida se tornar impagável, e o banco se recusar a negociar, procure um advogado, ou poderá perder o imóvel;

* em caso de morte ou invalidez permanente, notifique o banco imediatamente, por escrito (e com comprovante de recebimento datado), e solicite a quitação do contrato; o seguro cobre também danos físicos ao imóvel.

Supermercados ampliam lojas em áreas antes esquecidas, de olho nas classes C, D e E

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Sinônimos de pobreza e violência, as periferias das grandes cidades estão mudando de status graças à expansão da renda das classes C, D e E. Ávidos por consumirem tudo o que couber no orçamento mensal — reforçado pelo crédito farto —, os integrantes dessas camadas da população detonaram uma guerra nunca vista no varejo, principalmente entre os supermercados, que não param de anunciar a abertura de lojas. A revolução é tamanha que, mesmo as grandes redes, que sempre torceram o nariz para esse público, estão mudando os formatos de seus estabelecimentos para funcionar como lojas de bairro, com conforto e modernidade, mas sem os exageros dos hipermercados que seduzem os mais abastados.

Para comprovar que não há tempo a perder, os supermercadistas estão se baseando em números captados pela associação que representa o setor, a Abras. Enquanto as vendas dos hiper registraram queda de 6,4% entre 2008 e 2009, as redes de médio e pequeno portes deram um salto de 25%. É que, mesmo com o estrago provocado pela crise mundial, os segmentos menos favorecidos da sociedade viram o emprego crescer e, melhor, a renda aumentar, devido ao reajuste acima da inflação do salário mínimo. Como reforço, o governo ampliou a rede de proteção social, beneficiando mais de 11 milhões de famílias. No caminho inverso, as classes A e B levaram um baque, pois vagas com altos salários foram fechadas na indústria e no sistema financeiro e a poupança de muita gente ruiu.

É Filipe Aboláfio, analista de mercado da Nielsen, consultoria responsável pelo estudo Mudanças no Mercado Brasileiro de 2010, quem afirma: “Os grandes varejistas já se atentaram para todos esses fatores. É preciso ir para a periferia, se aproximar das classes C, D e E”. Ele diz mais: “O consumidor está evoluindo. Antes, era arraigado à compra de abastecimento em um grande mercado. Hoje, tem diferentes momentos de compra, e o formato de conveniência, de lojas menores, próximas de casa, tem ganhado espaço”.

Atacarejo
Tal mudança no perfil do consumidor, apoiada na expansão da renda, detonou uma guerra entre as grandes redes e as empresas de menor porte, uma concorrência que só favorece a clientela. “Hoje, as pessoas estão em busca de facilidade. Quando você vai a um hiper, está arriscando esperar muito em uma fila de compras. Por isso, nosso modelo tem espaço para crescer”, avalia Zilmara Pereira, dona da marca de supermercados Caíque, com cinco lojas na periferia do Distrito Federal.

Mercados semelhantes ao de Zilmara, com cerca de 15 caixas registradoras por loja, ampliaram as vendas em 9,3% no ano passado de acordo com os dados da Nielsen. Foi o caso da rede Comper, com 32 unidades no país. “Somos um mercado de vizinhança, adequamos o nosso mix de produtos à região onde estamos instalados e isso tem dado certo. Estamos nos fortalecendo nos estados em que atuamos e nos tornamos um concorrente forte no setor”, conta Carlos Paes, gerente regional do Comper no DF.

A despeito do ganho de musculatura das pequenas, são os grandes varejistas os que mais têm impulsionado a expansão dos supermercados nos subúrbios. “As bandeiras que mais crescem são no formato vizinhança, com preços mais competitivos e sortimento bem planejado para fazer frente às lojas locais”, explica Aboláfio, da Nielsen. Algumas lojas, inclusive, misturam atacado (preços menores para mercadorias compradas em grande quantidade) com varejo, o popular “atacarejo”. “As lojas de vizinhança continuam sendo uma forte tendência. Obviamente, os hiper crescem menos porque são um formato já consolidado”, pondera Maurício Ferrutti, diretor da rede Assaí, que faz parte do grupo Pão de Açúcar.

Boas promoções
Ferruti é o típico dirigente do “atacarejo”. “Nessas lojas, os preços são 20% menores”, garante o executivo. Que emenda: “O objetivo é atender o pequeno varejo, mas as famílias aderiram também. Inicialmente, as classes que atendem a esses conceitos são as que buscam preço, como as C e D. Mas, hoje em dia, há uma procura de custo-benefício por todas as classes”. Segundo Ferruti, esse é o modelo de varejo que mais deve crescer nos próximos anos, principalmente com a melhora de renda da população mais pobre.

Tanto é assim que a maioria desses tipos de mercado se concentra em regiões de menor poder aquisitivo, conforme informações da Nielsen. O diretor do Assaí reforça essa tese com os números da própria rede: “Entre 2007 e o início de 2010, as lojas de ‘atacarejo’ do grupo Pão de Açúcar passaram de 14 para 42. Neste ano, os planos são de abrir mais 20”.

Todos os varejistas seguem na mesma tendência, investindo fortemente no “atacarejo”. “De 1995 até hoje, vínhamos abrindo uma loja de vizinhança por ano. Agora, reduzimos o ritmo e estamos focando no ‘atacarejo’, com a bandeira Forte. No último ano, abrimos quatro lojas”, relata Carlos Paes, do Comper. Até 1999, haviam 72 lojas com tais características no Brasil. No ano passado, já eram 291, um incremento de 304%. Toda essa expansão tem resultado em preços melhores, promoções constantes e boas condições de pagamento.

Hiperinflação
O hábito de estocar mantimentos vem de períodos de instabilidade econômica. É uma herança cultural da era da hiperinflação, na qual os preços variavam em questão de horas. Com a chegada do plano Real, em 1994, e da estabilidade econômica, o brasileiro perdeu a necessidade de fazer grandes compras mensais e passou a ir mais vezes ao supermercado. A consultoria Nielsen mostra que a calmaria econômica mudou o modelo de consumo da população, que trocou as despensas cheias pelas compras de conveniência, fortalecendo os mercados de vizinhança.