quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Deslizamento de terra destrói e interdita casas em SP

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Corpo de Bombeiros informou que ninguém ficou ferido no acidente na zona leste


Um deslizamento de terra ocorrido por volta das 2h desta quarta-feira (9) destruiu uma casa na rua Serrania, no Parque Savoy City, zona leste de São Paulo.Outras outras três casas foram interditadas porque há risco de desabamento.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, sete equipes foram acionadas, mas não houve feridos no deslizamento. A Defesa Civil foi acionada e as famílias das casas que estão comprometidas já foram retiradas do local.

O deslizamento de terra foi uma consequência da chuva que atingiu São Paulo na terça-feira (8). De acordo com as medições do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), órgão da prefeitura que monitora as condições no tempo da capital, de meia-noite às 19h, foi o segundo maior volume de chuva em dez anos. Os pluviômetros do CGE registraram média de 75,8 milímetros.

As chuvas mataram seis pessoas na Grande São Paulo e na capital. Um homem ainda está desaparecido em Cajamar. Segundo a Defesa Civil da cidade, ele sumiu na correnteza do ribeirão dos Cristais, localizado na região da Vila União.

Violência policial pode ofuscar 'brilho emergente' do Brasil, diz jornal

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Helicóptero da polícia sobrevoa favela no Rio  (foto de arquivo)

Para jornais, violência é um desafio para os Jogos Olímpicos

Uma reportagem do jornal espanhol ABC afirma nesta quarta-feira que a violência policial pode ofuscar o "brilho" do Brasil como economia emergente e sede de eventos esportivos internacionais como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo.

Como outros artigos da imprensa estrangeira, a reportagem notícia o relatório da organização não-governamental Human Rights Watch, que denuncia as execuções extrajudiciais praticadas pelas polícias de Rio e São Paulo.

A ONG calcula que desde 2003 mais de 11 mil pessoas foram mortas em execuções da polícia paulista e fluminense. Grande parte delas entra nas estatísticas de morte "por resistência".

Para o ABC, as estatísticas das duas maiores cidades brasileiras são "comparáveis à dos países em guerra".

"A imagem do Brasil como economia emergente e como sede de grandes eventos esportivos pode perder o seu brilho se o governo não encontrar uma saída para combater a violência de sua própria polícia."

Clique Leia também na BBC Brasil: Polícias de SP e RJ matam mais que a da África do Sul, diz ONG

Outros jornais

O tema ganhou espaço também em diversos outros jornais estrangeiros.

Na avaliação do jornal americano The New York Times, o relatório da Human Rights Watch "levanta questões problemáticas" sobre a situação da segurança pública brasileira.

"A segurança no Rio se tornou uma preocupação internacional desde que o Comitê Olímpico Internacional anunciou, em outubro, que a cidade seria sede dos Jogos Olímpicos de 2016", diz o NYT, lembrando a derrubada de um helicóptero da polícia por traficantes duas semanas após a decisão.

A reportagem destaca trechos do relatório no qual a polícia é acusada de fingir que presta socorro aos executados e de retardar a investigação das mortes.

Em declarações ao também americano Washington Post, o porta-voz da ONG diz que as mortes "indicam um problema sério", que é casar essa imagem do Brasil com a de “um país moderno e democrático”.

Segundo o porta-voz, embora autoridades locais e estaduais reconheçam o desafio, "existe no Brasil uma pressão para dar à polícia carta branca para combater o crime violento".

Já o Los Angeles Times afirmou que a "estatística arrepiante" levou a ONG a pedir reformas no sistema.

No artigo, as duas polícias são caracterizadas como "corroídas por corrupção ao estilo da máfia".

Combate à corrupção no Brasil não avança em dez anos, segundo indicadores

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Reais

Brasil não registrou melhoras em termos absolutos

Indicadores de corrupção utilizados pelos principais institutos internacionais mostram que, nos últimos dez anos, o Brasil não conseguiu melhorar seu desempenho nesse quesito. Em algumas pesquisas, inclusive, a realidade brasileira piorou no período.

De acordo com levantamento feito pela BBC Brasil, o país chegou a melhorar sua posição em alguns rankings – em geral porque os institutos ampliaram o número de países avaliados, incluindo governos menos democráticos e transparentes.

Em termos absolutos, porém, não houve melhora das notas obtidas pelo Brasil nos últimos anos.

No Índice de Percepção da Corrupção divulgado anualmente pela ONG Transparência Internacional e considerado um dos principais indicadores, a nota do Brasil caiu de 4,1 em 1999 para 3,7 este ano.

O levantamento é feito com base na percepção de especialistas e empresários locais sobre o grau de corrupção na esfera pública de seu país. Pontuações abaixo de 5 indicam problemas sérios de corrupção.

Outro indicador que mostra a piora do desempenho brasileiro é o Índice de Liberdade Econômica, elaborado pela Heritage Foundation. Segundo a edição de 2009, o Brasil está 35% “livre da corrupção”, praticamente estável em relação a 1999, quando o índice era de 36%.

Já o indicador do Banco Mundial – que considera não apenas a percepção, mas dados coletados em mais de 200 países que indicam o nível de combate à corrupção – o Brasil manteve-se praticamente estável de 1998 a 2008.

Melhoras ‘pontuais’

O coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil (que não tem relação com a Transparência Internacional), Fabiano Ângelo, discorda de que o Brasil esteja pior do que há dez anos, no quesito corrupção.

“Houve melhoras pontuais e muito aquém do desejável, mas daí a dizer que o país piorou me parece uma avaliação equivocada”, diz.

Como fato positivo, ele cita a criação de órgãos de controle, como a Controladoria-Geral da União e o Conselho Nacional de Justiça.

“Mas se por um lado ganhamos um pouco em termos de transparência em nível federal, a situação em Estados e municípios continua péssima”, diz.

Ele cita o fato de o Brasil ser um dos poucos países do mundo, entre os democráticos, a não regulamentar uma lei de acesso à informação pública.

“Em mais de 80 países do mundo, sendo onze na América Latina, o funcionário público pode ser punido se não prestar a informação. No Brasil ainda não temos isso”, diz.

‘Percepção’

O cientista político e consultor das Nações Unidas em combate à corrupção, Stuart Gilman, diz que os indicadores têm um papel “fundamental” e ajudam a balizar os esforços de cada país, mas que os resultados, em geral, são interpretados “de forma superficial”.

Clique Leia mais: Desenvolvimento rápido 'cria oportunidades' para corrupção no país, diz especialista

“É preciso ficar claro que esses indicadores tratam basicamente de percepção. E a percepção não mede fatos”, afirma.

“Um país pode estar investigando mais e trazendo novos casos à tona, o que pode puxar o indicador para cima. E não necessariamente o país está mais corrupto”, diz.

Gilman vê como um “erro” o fato de as instituições apresentarem os resultados de corrupção em forma de ranking. “Isso estimula uma competição entre países que, na verdade, não serve para muita coisa”, diz.

O ideal, segundo ele, seria que instituições dentro de um mesmo país criassem mecanismos para medir o combate à corrupção ao longo do tempo. “É mais razoável saber o que o Brazil fez em relação a escândalos anteriores do que comparar a corrupção no Brasil com a da Bolívia”, diz.

Vazamento de 'texto final' divide países em Copenhague

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Reunião do clima em Copenhague

O documento prevê metas de corte para todos os participantes

O vazamento de um esboço de documento final – proposto pela delegação dinamarquesa, que preside o encontro – deixou expostas as divisões entre os países participantes da reunião das Nações Unidas sobre o clima, em Copenhague, nesta terça-feira.

Sob o título “Acordo de Copenhague sob a Convenção-Quadro sobre Mudança Climática da ONU”, o texto prevê, entre outros, metas de corte de emissões dos países ricos de 80% até 2050. Mas também estipula metas obrigatórias para os países em desenvolvimento.

Isso contraria frontalmente os princípios da convenção das Nações Unidas sobre o clima, que sempre dividiram as responsabilidades – obrigatórias – dos países ricos, e voluntárias dos em desenvolvimento.

Revoltados, representantes da Aliança Pan-Africana por Justiça Climática (PACJA, na sigla em inglês) chegaram a provocar um tumulto no Bella Centre, sede da conferência, em protesto contra o texto, que contraria diversos interesses dos países mais pobres.

‘Grave violação’

O chefe da delegação do Sudão, Lumumba Stanislas Dia Ping, atual presidente do G-77, grupo de 130 países em desenvolvimento, classificou a proposta de "grave violação” e “ameaça ao sucesso” do encontro de Copenhague.

O rascunho do polêmico texto, segundo o embaixador extraordinário para mudanças climáticas do Itamaraty, Sérgio Serra, foi apresentado na reunião preparatória uma semana, na capital dinamarquesa.

Ao fim do encontro, do qual participaram apenas representantes dos países mais influentes nas negociações, o documento teria sido recolhido pelos dinamarqueses, segundo Serra.

A situação ficou tão tensa que o próprio secretário-executivo da reunião da ONU, Yvo de Boer, divulgou um comunicado lembrando que o documento era informal.

“Os únicos textos formais no processo da ONU são aqueles tabulados pelos presidentes dessa conferência, em nome dos participantes”, disse Boer.

Para o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, o documento mostra que os países ricos “não querem agir”.

“Não é so o conteúdo, é todo um processo equivocado”, afirmou Adário, referindo-se ao fato de o texto não ter sido discutido.

The Guardian’

Mas, depois que uma cópia chegou ao jornal britânico The Guardian, que publicou o texto na íntegra, além de detalhes com negociadores dos outros países que estariam por trás da proposta, Estados Unidos e Grã-Bretanha, os ânimos se acirraram.

Para muitos, a existência de um documento, ainda que informal, antes das negociações de Copenhague é prova de que os países menores estão sendo alienados do processo.

Para o diplomata, a proposta de um documento final por parte dos presidentes da conferência é uma prerrogativa normal, para o caso de não se chegar a um consenso ao fim do encontro.

No rascunho de uma declaração a ser assinada ao fim do encontro, fica patente a intenção de separar Brasil, China e Índia dos países mais pobres, classificados de “mais vulneráveis”, de forma a evitar que tenham acesso a um fundo de de US$ 10 bilhões anuais.

Várias das propostas incluídas no documento indicam um afastamento dos princípios que norteiam o Protocolo de Kyoto, cujo primeiro período de validade vai até 2012.

Para o Brasil, o que mais incomoda é o “desequilíbrio” do documento.

“Exige-se mais do que se oferece”, afirmou Serra, lembrando que as ofertas de financiamento não são suficientes para as ambições brasileiras.

Em reação ao documento dinamarquês, a China e outros países propuseram uma contrapartida, que segundo Serra, também precisa ser trabalhada.

“A minha aposta não é em um nem no outro, mas um terceiro documento que emane das negociações, e que seja equilibrado, ambicioso e equitativo”, concluiu o diplomata.