sexta-feira, 9 de abril de 2010

Bolívia estuda criar bônus para trabalhadores pontuais

0

Relógio

Governo acredita que maior pontualidade trará desenvolvimento econômico

Uma reforma trabalhista proposta pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, inclui, entre outras medidas, a criação de um bônus para os trabalhadores pontuais.

As autoridades calculam que, a longo prazo, a medida possa contribuir para o desenvolvimento econômico da Bolívia, já que os atrasos são frequentes em quase todos os ambientes de trabalho do país.

Resta saber se é possível mudar, por meio de uma lei, um hábito profundamente arraigado na cultura boliviana.

Em quase qualquer cidade, em qualquer lugar do mundo, o horário de pico no tráfego matinal acontece entre 7 e 9 horas. Mas, na capital boliviana, La Paz, a hora do rush começa às 9 da manhã.

As pessoas começam a sair de casa nesse horário, mesmo aquelas que supostamente deveriam ter chegado ao escritório ou fábrica meia hora ou uma hora antes.

Esse hábito crônico de se atrasar é o que, no país, se conhece como "horário boliviano" - algo que o governo quer mudar com a reforma trabalhista.

O taxista Samuel Mendoza, de La Paz, se considera uma exceção à regra. Como ele trabalha principalmente com estrangeiros, ele é obrigado a obedecer o horário.

"Bolivianos são realmente irresponsáveis, não existe uma cultura de pontualidade aqui, não chegam na hora para trabalhar ou para qualquer outra coisa", disse Mendoza.

E isso parece ser uma verdade. Na Bolívia, se você marcar um encontro com alguém em um certo horário, é muito provável que a pessoa apareça meia hora mais tarde - se você tiver sorte.

Mudança de hábito

Mas o governo do país acha que isso deve mudar e está preparando uma reforma trabalhista que, entre outras coisas, pretende romper com o hábito nacional de chegar tarde para todos os compromissos - trabalho, reuniões e até encontros amorosos.

Autoridades bolivianas decidiram que a única forma de mudar hábitos é oferecer incentivos financeiros. Em um dos países mais pobres da América do Sul, aquele dinheiro extra pode fazer muita diferença.

"Bolivianos não são conhecidos por sua pontualidade. Então os que chegarem ao trabalho no horário todos os dias podem ganhar um bônus, um reconhecimento", disse à BBC Victor Hugo Chavez, um advogado do Ministério do Trabalho.

A mudança pode representar muito para a economia do país: o governo de Evo Morales acredita que os atrasos dos bolivianos custam milhões de dólares em horas de trabalho perdidas.

"Achamos que isso vai aumentar a produtividade e portanto vai ser bom para o desenvolvimento econômico do nosso país empobrecido", disse Chavez.

Doença Nacional

O projeto de reforma deve ser apresentado para votação neste mês e a probabilidade é de que seja aprovado sem mudanças drásticas, porque o partido de Morales tem maioria no Congresso.

E apesar da proposta partir do presidente, o próprio Evo Morales também parece sofrer desse mal nacional. Ele está sempre atrasado para comícios e eventos públicos.

Em uma ocasião, jornalistas - incluindo este correspondente - abandonaram o palácio presidencial indignados após terem esperado quase duas horas por uma coletiva.

Projetos do governo parecem seguir no mesmo passo lânguido. Uma obra para a construção de um túnel nas ruas de La Paz deveria ter sido concluída há semanas, mas só agora foi terminada.

"Os trabalhadores às vezes se atrasam um pouco, às vezes se atrasam muito", disse Aristoteles, um dos administradores da obra. "Não há nada que possamos fazer".

A estudante de computação Patricia disse que na Universidade em La Paz a situação não é diferente.

"Às vezes meus professores chegam 15 minutos, ou meia hora mais tarde, às vezes nem aparecem. Era assim no maternal, na escola primária e secundária. Então, muitas vezes, também me atraso. Venho absorvendo esse hábito ná anos", disse ela.

"Não sei se essa lei vai conseguir mudar algo tão tradicional da cultura boliviana".

Niterói tem novo deslizamento e decreta calamidade pública

0

Deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói. Foto: AP/ Felipe Dana

O desabamento no Bumba deixou cerca de 50 casas soterradas

O município de Niterói, um dos mais afetados pelas chuvas que atingiram o Rio de Janeiro nos últimos dias, registrou um novo deslizamento nesta quinta-feira e declarou Estado de calamidade pública.

Após o deslizamento no Morro do Bumba, na quarta-feira, que pode ter deixado pelo menos 200 pessoas soterradas, a prefeitura de Niterói informou que um novo desabamento soterrou três casas por volta das 16h horas desta quinta-feira na comunidade Jardim Esperança, na Estrada Francisco da Cruz Nunes.

Segundo a prefeitura, os moradores teriam conseguido escapar e o novo desabamento não causou vítimas.

O prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, que havia decretado situação de emergência na quarta-feira, decretou Estado de calamidade pública no município.

De acordo com a prefeitura, a decisão foi tomada por conta do agravamento da situação em decorrência do aumento das enxurradas no município.

Além disso, o governo local designou uma Comissão Especial, responsável por fazer contratações emergenciais de profissionais, bens, serviços e obras para atender às necessidades da população afetada pelas chuvas.

De acordo com o boletim mais recente do Corpo de Bombeiros, divulgado às 22:38h, 182 pessoas morreram por causa das chuvas dos últimos dias no Estado: 107 em Niterói, 55 no Rio, 16 em São Gonçalo e quatro em outros municípios.

Clique Leia mais sobre o deslizamento no Morro do Bumba

Ajuda federal

Ainda nesta quinta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, anunciou a liberação de R$ 200 milhões para atender as vítimas das enchentes e desabamentos no Estado do Rio.

Na quarta-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, havia solicitado ao governo federal investimentos na ordem de R$ 370 milhões.

Clique Leia mais na BBC Brasil sobre o repasse federal ao Rio

"Estamos analisando todas as demandas, inclusive em função das novas ocorrências desta madrugada em Niterói", afirmou Guerra.

Clique Leia mais na BBC Brasil sobre o repasse federal ao Rio

Além da quantia, o governo federal anunciou a renovação da frota de ambulâncias e a entrega de kits de emergência com capacidade de atendimento para 75 mil desabrigados.

A Defesa Civil afirma que pelo menos 14 mil pessoas ficaram desalojadas desde o começo das enchentes desta semana no Rio. Cerca de 10 mil casas ainda estão em situação de risco.

Responsabilidade

Ainda nesta quinta-feira, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, afirmou que a entidade vai apresentar uma representação pedindo que o Ministério Público Federal investigue as responsabilidades pela tragédia provocada pelos temporais no Rio de Janeiro.

Segundo ele, os desabamentos no Morro do Bumba, em Niterói, não são consequência apenas das fortes chuvas, mas do fato de as casas atingidas terem sido construídas sobre um antigo lixão.

“A conivência acaba levando a esse tipo de desgraça”, disse ele.

A OAB quer ainda criar ainda uma comissão especial de advogados, dentro da própria entidade, para tratar especificamente do planejamento urbanístico das cidades brasileiras. O objetivo é contribuir para a prevenção de tragédias como a do Rio de Janeiro.

Casal é acusado de roubo após achar US$ 80 mil em mala doada

0

Dinheiro (arquivo)

Às vezes pessoas doam coisas valiosas por engano, diz Exército da Salvação

Um casal que encontrou cerca de 100 mil dólares australianos (o equivalente a cerca de US$ 80 mil) dentro de uma mala de segunda mão que havia comprado de um bazar do Exército da Salvação em Melbourne, na Austrália, foi indiciado por roubo.

O dono da mala notificou a polícia depois que a esposa, que não sabia do conteúdo da mala, doou o artigo para a caridade.

A polícia localizou o casal que comprou a mala e descobriu que o dinheiro tinha sido depositado em várias contas bancárias. O casal foi detido.

Segundo o jornal australiano Herald Sun, quase todo o montante foi recuperado e devolvido aos donos.

O porta-voz do Exército da Salvação, Brad Halse, disse que esta não foi a primeira vez que objetos de valor são doados por engano.

"Coisas estranhas como esta ocorrem", disse ele, de acordo com o Herald Sun. "Há cerca de seis meses, aconteceu uma coisa semelhante."

"Um homem e uma mulher podem doar um vaso sem perceber que ele vale milhares de dólares, não apenas dez dólares", concluiu Halse.

Cientistas identificam possível novo ancestral do homem na África do Sul

0

Australopithecus sediba

O Australopithecus sediba foi encontrado em Malapa, África do Sul

Um cientista da universidade de Witwatersrand, na África do Sul, anunciou ter descoberto fósseis de duas criaturas hominídeas com mais de dois milhões de anos, que poderiam ser o elo entre espécies mais antigas e as mais modernas, conhecidas como homo, entre as quais está a de pessoas atuais.

Lee Berger afirmou à BBC que a descoberta, nas cavernas de Malapa, perto de Joanesburgo, foi feita por acaso em 2008, quando ele e o filho de 9 anos passeavam no local, identificado como um potencial sítio arqueológico graças a uma aplicativo do Patrimônio Histórico Mundial acoplado ao programa Google Earth.

A descoberta do Australopithecus sediba foi publicada na última edição da revista científica Science, e os cientistas que assinam o artigo dizem que os esqueletos preenchem uma brecha importante no desenvolvimento das espécies hominídeas.

"Eles estão no ponto em que acontece a transição de um primata que anda sobre duas pernas para, efetivamente, nós", disse Berger.

"Acho que provavelmente todos estão conscientes de que este período, entre 1,8 milhão a 2 milhões de anos atrás, é um dos mais mal representados em toda a história fóssil dos hominídeos. Estamos falando de um registro muito pequeno, um fragmento."

Sepultamento rápido

Muitos cientistas veem os australopitecos como ancestrais diretos do Homo, mas a localização exata do A. sediba na árvore genealógica humana vem causando polêmica. Alguns acreditam que os fósseis podem ter sido da espécie Homo.

O que se sabe é que as criaturas de Malapa viveram às vésperas do domínio da espécie Homo. Inclusive, alguns esqueletos encontrados na África Oriental que se atribuem a espécies de Homo seriam até um pouco mais antigos que as novas descobertas.

Mas o A. sediba apresenta uma mistura de detalhes e características como dentes pequenos, nariz proeminente, pélvis muito avançada e pernas longas semelhantes às que temos atualmente.

No entanto, a espécie tinha braços muito longos e um crânio pequeno que lembra o da espécie australopitecus, muito mais antiga, à qual Berger e seus colegas associaram a descoberta.

Os ossos foram encontrados a cerca de um metro uns dos outros, o que indicaria que eles morreram na mesma época ou pouco tempo depois do outro.

Os especialistas dizem que os fósseis podem até ser de mãe e filho e que é razoável presumir que pertenciam ao mesmo bando.

Não se sabe se eles moravam no complexo de cavernas em Malapa ou se acabaram presos por ali, depois que ter sido arrastados para um lago ou piscina subterrâneos, talvez durante uma tempestade.

Os ossos dos dois espécimes foram depositados perto de outros animais mortos, entre eles um tigre dente-de-sabre, um antílope, ratos e coelhos. O fato de nenhum dos corpos ter sinais de ter sido comido por outros animais indica que morreram e foram sepultados repentinamente.

"Achamos que deve ter havido algum tipo de calamidade na época que tenha reunido todos esses fósseis na caverna, onde ficaram presos e, finalmente, sepultados", afirmou o professor Paul Dirks, da universidade James Cook, na Austrália.

Todos os ossos ficaram preservados em sedimentos clásticos calcificados que se formam no fundo de poças d'água.