Uma tempestade de poeira que se formou no deserto de Taklimakan, no oeste da China, em maio de 2007 foi levada por ventos por uma volta e meia no planeta em apenas 13 dias, afirmaram cientistas japoneses.
Eles observaram que a imensa nuvem de poeira foi suspensa a quase 12 km da superfície terrestre, na camada atmosférica conhecida como troposfera, e transportada por um ciclo inteiro ao redor da Terra, atingindo duas vezes a região do Pacífico.
Após dar a volta no planeta, parte da poeira ainda conseguiu alcançar pela segunda vez a América do Norte, disseram os cientistas. Outra parte foi depositada no oceano.
Em um artigo a ser publicado na revista científica Nature Geoscience, a equipe de pesquisadores liderada pelo professor Itsushi Uno, do Instituto de Mecânica Aplicada da Universidade de Kyushu, indica que as conclusões demonstram a influência que nuvens de poeira formadas na Ásia exercem sobre processos naturais no planeta.
"Além do impacto radioativo direto através da difusão e absorção da radiação solar, a poeira asiática pode também afetar o clima global indiretamente, através da interação com nuvens de gelo, regulação das atividades biológicas marinhas que estão estreitamente relacionadas com os ciclos globais de carbono e produção de aerossol marinho (maresia), e influência em processos meteorológicos que podem afetar a ocorrência e magnitude de tempestades que gerarão episódios futuros de poeira na Ásia", afirmou a equipe.
Localizado na bacia de Tarim, entre as Montanhas Celestiais de Tien Shan, ao norte, e a cordilheira de Kunlun, ao sul, o deserto de Taklimakan é o maior, mais frio e mais seco deserto da China.
Por causa de sua aridez e volume de areia, que chega a se acumular em dunas de até 200 metros de altura, o ecossistema gera algumas das maiores tempestades de areia da Ásia.
Os pesquisadores analisaram a formação deste fenômeno entre os dias 8 e 9 de maio de 2007, através de dados colhidos pelo satélite Calipso, da Nasa.