O zoológico de Mumbai, na Índia, anunciou que pretende empalhar e expor seus animais mortos, para tentar contornar restrições legais que impedem a instituição de adquirir novos bichos.
A lei, promulgada pela autoridade central de zoológicos da Índia, estabelece que os novos animais não podem ser mantidos em espaços confinados, um parâmetro que o de Mumbai não consegue cumprir.
A construção de espaços abertos, em conformidade com a nova legislação, poderia levar até cinco anos, disse o diretor do museu, Sanjay Tripathi.
Até lá, ele afirmou, exibir os animais empalhados pelo menos permitirá aos visitantes vê-los.
"O público poderá ver e apreciar os animais e até estudar a sua estrutura corporal", disse Tripathi.
Mangal, um urso negro do Himalaia, foi uma das atrações do zoológico até morrer na semana passada, aos 35 anos. Ele já foi empalhado, junto com uma cobra píton e um leopardo.
O zoológico possui mais de 200 mamíferos, 500 aves e 45 répteis.
Polêmica
A criação do Museu da Taxidermia, que o zoo de Mumbai pretende abrir em dois anos, é parte de um projeto de US$ 100 milhões (cerca de R$ 177 milhões).
Zoológicos de todo o país estão tomando iniciativa semelhante e enviando seus animais para o único centro de taxidermia – como é chamada a técnica de empalhamento – na Índia, em Mumbai.
O taxidermista Santosh Gaikward, que coordena o centro, diz que empalhar um animal de porte médio, como um leopardo, leva cerca de dois meses.
A taxidermia requer muita habilidade e envolve conhecimentos de anatomia animal, escultura e pintura, assim como na técnica de transformar em couro a pele de animais.
Entretanto, ambientalistas fazem ressalvas ao empalhamento de animais, alertando inclusive para o perigo de que a prática incentive o comércio ilegal de peles e carcaças de animais.
Debi Goenka, um ambientalista que estuda o desenvolvimento da taxidermia, lembrou que tradicionalmente esta prática milenar é usada para exibir animais caçados como troféus.
"Empalhar o corpo de um animal que viveu toda a sua vida no cativeiro é tripudiar", afirmou o ambientalista.
"Como os ministros e os burocratas do serviço público se sentiriam se fossem eles, e não os animais, os empalhados?"