Uma onda de calor que atinge pelo menos 15 Estados do México provocou a morte de oito pessoas, segundo a Secretaria de Saúde do Estado de Baja Califórnia, no norte do país.
A temperatura média desde o início do verão do Hemisfério Norte, em 21 de junho, tem sido de 35ºC, mas em algumas regiões, os termômetros chegam a registrar 48ºC.
É o caso da cidade de Mexicali, localizada em uma zona desértica de Baja Califórnia e considerada a mais quente do país.
"Aqui as pessoas podem morrer na rua se não forem tomadas precauções", disse à BBC Mundo René Rosado, diretor de Defesa Civil do governo local.
Dormindo no telhado
Na periferia de Mexicali, muitas famílias dormem no telhado de suas casas, porque a temperatura à noite - quando o calor arrefece - chega aos 39ºC.
Segundo Rosario Ayala, do Centro de Apoio ao Trabalhador Migrante, trata-se de pessoas que não têm energia elétrica ou que carecem de recursos para comprar aparelhos de refrigeração.
"Eles tomam um banho para se refrescar e, logo em seguida, acomodam colchonetes no telhado. Dormem ali mesmo, às vezes com um mosquiteiro para evitar picadas de insetos", afirmou.
Mesmo assim, a prática de dormir no telhado ou nos quintais é cada vez menos frequente, pois as pessoas têm medo de ladrões ou das balas perdidas dos tiroteios entre policiais e membros do crime organizado.
Piadas
O calor, que vai até meados de setembro em Mexicali, rege a vida da cidade.
Alguns molham as paredes para refrescar suas casas, outros esfriam com gelo a água do banho, e a maioria concentra suas atividades nas salas que têm climatização artificial.
Nos fins de semana ou nas férias, é comum ir aos shopping centers da cidade e passar a maior parte do dia ali, aproveitando o ar condicionado.
O calor também é motivo de piada entre os cachanillas, como são conhecidos os habitantes de Mexicali.
Alguns gostam de quebrar ovos no capô dos carros para vê-los cozinhar. E nos bairros turísticos, as lembrancinhas de maior sucesso trazem a frase: "Para morar em Mexicali é preciso estar louco, bêbado ou apaixonado".
Mais mortes
Viver a 48ºC também traz outras dificuldades: há seis anos, o governo de Mexicali aplica um programa especial para evitar que as pessoas mais vulneráveis sejam vítimas da desidratação.
A polícia local percorre as ruas para recolher imigrantes e indigentes, e levá-los a abrigos especiais, com ar condicionado.
A Secretaria de Saúde da Baja Califórnia distribui rações de soro e pastilhas de sal em toda a cidade.
As autoridades acreditam que ainda haja novas mortes, pois a temperatura deve aumentar, segundo as previsões meteorológicas.
A Comissão Nacional da Água indica que 2009 será um ano "extremamente seco" e recomendou a redução máxima do consumo, sob o risco de deixar a Cidade do México sem abastecimento de água no verão de 2010.