terça-feira, 21 de julho de 2009

Peça recria últimos momentos de Jean Charles em palco londrino

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Cena da peça 'Stockwell'

Produção britânica recria últimos 33 minutos na vida de Jean Charles

Estréia nesta terça-feira, em Londres, a peça teatral Stockwell, um relato clínico dos eventos ocorridos no dia 22 de julho de 2005, quando uma combinação de erros operacionais e de julgamento pela polícia levaram à morte do brasileiro Jean Charles de Menezes.

A peça, escrita por Kieron Barry, foi baseada em transcrições do inquérito sobre a morte de Jean Charles realizado no ano passado.

"O que estamos realmente tentando fazer é recriar, momento a momento, o que aconteceu naquele dia - nos 33 minutos desde o instante em que ele saiu de casa até ser morto", disse à BBC a diretora, Sophie Lifshutz.

Ela afirma que tentou adotar uma "abordagem reflexiva, balanceada e comedida", e quer que a plateia chegue a suas próprias conclusões sobre o que aconteceu.

"Estamos tentando passar uma ideia do caos e do medo, assim como das decisões que foram tomadas".

Brian Paddick, ex-subcomissário da Polícia Metropolitana de Londres, presente ao inquérito, assistiu a ensaios da peça e disse que ela é "razoavelmente equilibrada".

"Ela tenta mostrar todos os lados do argumento, tenta fazer com que as pessoas entendam a confusão que havia. Ela tenta mostrar a pressão que existia sobre os policiais", disse Paddick.

Os fatos

É uma peça para os que têm estômago.

A polícia londrina estava na caça de quatro homens que, no dia anterior, tinham tentado colocar bombas em trens do metrô e em um ônibus - replicando os atentados ocorridos no dia 7 de julho daquele ano.

As bombas tinham falhado, mas a polícia temia que os homens tivessem mais explosivos e pudessem tentar novamente. Ou que tentassem fazer ataques suicidas.

Os policiais seguiram um homem que eles acreditavam ser Hussain Osman - um dos envolvidos no atentado fracassado - até um trem do metrô na estação de Stockwell, no sul de Londres.

O policial atirou nove vezes. A vítima morreu instantaneamente.

Mais tarde, revelou-se que o homem não era Osman e não tinha conexões com o terrorismo.

Ele era Jean Charles de Menezes, um eletricista brasileiro de 27 anos que morava no mesmo prédio que Osman e se parecia vagamente com ele.

Julgamento

Em dezembro passado, o júri no mais recente inquérito sobre a morte de Menezes rejeitou um veredito de homicídio justificado, optando por um resultado "inconclusivo".

Ainda assim, Sophie Lifschutz disse que suspendeu seu próprio julgamento e espera que a peça fale por si.

"É importante mostrar algum comedimento e leveza no toque, para que a história possa emergir e para que as palavras possam ressoar", ela disse.

"Quero que a audiência seja confrontada e atraída. E quero que as pessoas sejam capazes de conhecer os fatos e tirar suas próprias conclusões".

A peça Stockwell está em cartaz no Landor Theatre, no sudoeste de Londres, até o dia 8 de agosto.

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