A Cidade do México está sofrendo com rachaduras gigantes no solo que ameaçam comunidades inteiras. De acordo com as autoridades, o problema se deve ao excesso de extração de água na capital e nos arredores, onde o solo não é estável. Dados oficiais revelaram que há risco de afundamento em oito delegações da cidade, onde vive mais de um milhão de pessoas.
Os moradores de Villas San Martín, no município de Chalco, a leste da Cidade do México, levaram um susto no início de junho, quando um forte ruído foi ouvido e várias casas tremeram.
Do lado de fora, eles encontraram uma rachadura de quase um quilômetro de extensão e seis metros de largura.
"Escutamos um barulho muito forte que vinha de baixo, e logo vimos que o chão estava se abrindo. Me assustei porque tudo aconteceu em poucos segundos", disse à BBC a moradora Martha Ortíz.
'Círculo Vicioso'
O governo mexicano já localizou 172 fendas como a de Chalco, além de 250 comunidades construídas sobre túneis e minas antigas.
As rachaduras no solo se tornam mais frequentes na época de chuvas, que começa em maio e termina em setembro. Segundo Jorge Legorreta, da Universidad Autónoma Metropolitana, o problema se agravou nos últimos dez anos.
"A cidade não tem fornecimento de água de fontes externas e a situação foi resolvida com a extração do subsolo. É um círculo vicioso difícil de ser rompido", explica ele.
Legorreta alertou que as fendas no solo continuarão aparecendo enquanto não se encontrar uma alternativa para a prospecção de água.
A população que vive em terrenos com minas e túneis subterrâneos também está em risco permanente.
"É um problema que já tem muitos anos e que estamos resolvendo, mas no passado casas inteiras se afundaram", diz o administrador local José Luis Zamorra.
Túneis e minas
Desde 1930, várias regiões foram escavadas para que terra e pedras fossem usadas na construção da Cidade do México. As minas e túneis foram fechados, mas sem que os buracos fossem preenchidos e sem que eles fossem mapeados.
Infiltrações de água, o peso das casas e a circulação de carros na superfície acabaram debilitando o teto e as paredes das minas, aumento o risco de desabamento.
"Fizemos estudos de geofísica rua a rua em algumas regiões para encontrar (os túneis e minas), mas alguns foram escavados a 40 metros de profundidade. Uma vez localizamos um que tinha três níveis", contou o Zamorra.
Apesar dos perigos de se viver em zonas de risco, a capital mexicana continua crescendo e as áreas de maior expansão são justamente os municípios ao redor da cidade, mais afetados pelo problema.
Nos últimos dez anos, cerca de 260 mil novas casas foram construídas, aumentando a pressão sobre o abastecimento de água.
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