segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Estratégia de defesa e os “furos” do doping de Daiane dos Santos

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Mark Dadswell/Getty Images

Foto por Mark Dadswell/Getty Images

Caso de doping de Daiane dos Santos ainda é repleto de dúvidas e deve se transformar em um jogo de responsabilidades

Tática será "empurrar" responsabilidade por doping positivo para Confederação Brasileira de Ginástica

A estratégia de defesa da ginasta Daiane dos Santos será basicamente “empurrar” a responsabilidade pelo caso de detecção de doping em teste-surpresa para a CBGin (Confederação Brasileira de Ginástica) e alegar que, quando fez o teste, não estava em atividade.

Para justificar o argumento, a Wada (Agência Mundial Antidoping) teria que ter recebido um comunicado informando que a atleta não estaria apta a fazer o exame. Portanto, será uma briga com relação a datas e notificações, com as partes alegando que transmitiram comunicados quanto ao uso do medicamento.

A Wada abre exceções para atletas registrarem medicamentos que estejam usando por razões de saúde ou problemas físicos. Mas tudo precisa ser relatado, inclusive declarados os períodos de utilização.

O problema é: ou nada de oficial foi enviado ou a Wada não levou em conta que a brasileira não estava em condições de competir para pedir o teste-surpresa.

Segundo o R7 apurou, a defesa de Daiane está reunindo o que pode de papéis, para ainda passá-los ao inglês (com tradução juramentada) antes de serem enviados à FIG (Federação Internacional de Ginástica), órgão que divulgou o caso de doping.

O caminho da defesa:

1) Daiane se submeteu a duas cirurgias, a primeira delas em 21 de outubro de 2008 (uma segunda, para retirada de placa e parafusos, foi em 25 de maio de 2009)
2) "A CBGin excluiu Daiane da equipe brasileira permanente, em 23 de outubro de 2008, data em que a atleta se tornou inelegível para a realização de exames antidopings", segundo o clube
3) "Cumpria à Confederação, também, notificar a Federação Internacional de Ginástica sobre o histórico e a situação da atleta, a fim de evitar a abertura de procedimento investigatório", segue a nota do Pinheiros
4) Entre junho e agosto de 2009, a atleta estava em "tratamento para redução de gordura localizada"
5) O exame antidoping de Daiane foi em 2 de julho de 2009, quando fazia tratamento fisioterápico
6) Na ação da coleta "a fez constar na ficha todos os medicamentos utilizados nestes procedimentos, incluindo enzimas (furosemida)"

Para a defesa, os procedimentos estão todos corretos, à exceção de um, que "cumpria à Confederação".

As dúvidas do caso

1) Pelo site da Wada (Agência Mundial Antidoping) cabe ao próprio atleta internacional comunicar à Federação Internacional de seu esporte qualquer medicamento que possa vir a dar positivo para doping, para análise de uma comissão médica específica do órgão. Antes de se submeter à cirurgia, a atleta - que fazia parte da equipe brasilera - teve essa preocupação?
2) A FIG recebeu algum comunicado oficial? Ou colocou a atleta na lista dos atletas que poderiam ser testados em 2009 assim mesmo?
3) A FIG comunica doping positivo à Confederação Nacional ou ao atleta, antes de sua divulgação oficial? Daiane foi notificada em que data e por quem?
4) Qual a função da furosemida no procedimento de redução de gordura localizada?
5) E qual gordura localizada tem uma ginasta que é praticamente só músculos?

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