Dólar barato e férias adiadas por causa da crise e da gripe suína empurraram o brasileiro
Foto por AFP
As viagens de brasileiros para o exterior neste final de ano explodiram: algumas empresas contabilizam fluxo de passageiros até 50% maior do que no ano passado. A maioria das agências já não tem vaga disponível nos pacotes de Natal e Réveillon.
O dólar barato é o principal responsável por permitir a milhares de brasileiros realizar o sonho de conhecer a Disney World. Os agentes de viagem constataram que ficou mais caro ir para um resort no nordeste brasileiro do que ir para o exterior.
As empresas facilitaram o pagamento das viagens, que podem ser feitos em até dez vezes sem juros.
Mas os agentes dizem também que a gripe suína manteve os turistas em casa no primeiro semestre desse ano, e muitos planos foram adiados para o verão. O mesmo aconteceu em 2008, quando muitas famílias desistiram de viajar com medo do que poderia acontecer por causa da crise.
Os destinos mais procurados pelos clientes das agências entrevistadas são Orlando, Miami e Nova York.
A Stella Barros, uma das maiores empresas do setor, registrou aumento de 30% na procura pelos pacotes. Claudia Abrahão, diretora executiva do grupo, conta que “já não existe lugar em voo nenhum e há fila de espera” para alguns.
- O pessoal que ia viajar em julho acabou adiando e está indo agora. É até mesmo desesperador. Tem gente indo pra Nova York pra chegar em Orlando.
Na Stella Barros os pacotes para a Disney no fim de dezembro com tudo incluso custam cerca de R$ 6.167 (US$ 3.556).
Como as viagens são pagas em dólar e o real está valorizado, as empresas tiveram um aumento médio de 10% no faturamento, ganhando muito mais pela quantidade de clientes do que pelo lucro dos pacotes.
Tatiana Nadal, diretora comercial da SanCaTur, rede de lojas no ABC paulista, diz que o grupo teve que trabalhar muito para faturar 20% a mais do que no ano passado. E que o número de passageiros aumentou em 50% em relação ao fim de 2008.
- Se tivéssemos isso no ano passado, teríamos ganhado muito mais.
A Continental Tur é outro exemplo dessa explosão no turismo americano que os brasileiros estão promovendo. Está localizada em São Bernardo do Campo, conta com apenas uma unidade, mas também já não tem mais vagas para vender nos pacotes de dez ou 15 dias em dezembro.
A proprietária, Rosane Mariza, conta que as excursões para Orlando e Miami custam por volta de R$ 4.800 (US$ 2.800), mas é difícil conseguir vaga em saídas até fevereiro de 2010.
- Tem bastante procura para os Estados Unidos por causa do dólar, e a gente não tem nem lugar. Para a Europa, a explosão vai começar em janeiro e fevereiro, que é alta estação.
A rede CVC também está sem vagas nas excursões de Natal e Réveillon para Miami e Orlando. Lá os pacotes custavam a partir de R$ 2.400 (U$1.400).
A diretora da CVC da Avenida 9 de Julho, em São Paulo, Luciana Fioroni, conta que na sua loja os pacotes acabaram mais cedo do que era esperado.
A unidade abriu em maio de 2009, e as vendas já aumentaram 35% desde então. O faturamento cresceu 40% em relação ao primeiro mês de funcionamento – em grande parte, por conta das vendas desse fim de ano, que fizeram a alegria do setor de turismo brasileiro.
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