De Kate Winslet a Nelsinho Piquet, passando por Bernard Madoff e Gordon Brown: muitos foram os episódios, no ano que se encerra, em que ricos, famosos, políticos e líderes religiosos mundiais tiveram de encarar as câmeras - ou os juízes em um tribunal - e pedir desculpas por seus atos e deslizes.
A BBC Brasil traz a seguir uma seleção, em ordem cronológica, de alguns desses momentos.
JANEIRO: Kate Winslet
O ano começou em clima de glamour, com a cerimônia de entrega do Globo de Ouro, em Los Angeles. O prêmio, concedido pela Associação dos Críticos Estrangeiros de Hollywood, é um dos mais importantes do cinema americano.
A britânica Winslet pôs fim a anos de indicações sem sucesso ao ganhar dois prêmios: o de melhor atriz coadjuvante no filme O Leitor e o de melhor atriz em Foi Apenas Um Sonho.
O discurso emocionado da atriz ao receber seu prêmio, onde ela pede desculpas às outras concorrentes, garantiu a Winslet lugar de destaque na lista das grandes gafes de 2009.
"Sinto muito, Anne (Hathaway), Meryl (Streep), Kristin (Scott-Thomas)... Meu Deus, quem é a outra?" - perguntou-se. E, segundos depois, sem fôlego, acrescentou: "Ah, sim, Angelina (Jolie)!"
FEVEREIRO: Michael Phelps
O nadador americano Phelps, ganhador de oito medalhas de ouro nas Olimpíadas de Pequim, pediu desculpas aos fãs, dizendo:
"Me comportei de forma lamentável e que demonstrou falta de juízo da minha parte".
A declaração foi feita após o nadador ter sido fotografado em uma festa inalando uma substância de um cachimbo de vidro usado para fumar maconha. O nadador reconheceu que a foto era autêntica, mas não admitiu ter fumado maconha.
MARÇO: Bernard Madoff
Em um tribunal em Nova York, o investidor Bernard Madoff falou em público, pela primeira vez, desde sua prisão.
O homem responsável por um dos maiores casos de fraude financeira da história disse que estava "tão profundamente sentido e envergonhado".
Ele se declarou culpado por 11 crimes, entre eles, lavagem de dinheiro e roubo de fundos de aposentadoria.
Madoff acrescentou: "Estou muito consciente de que feri muitas, muitas pessoas... Não posso expressar adequadamente quão profundamente sentido eu estou pelo que fiz".
O investidor foi declarado culpado por todos os crimes e condenado a 150 anos de prisão.
ABRIL: Time de futebol alemão, Papa Bento 16
O time alemão Energie Cottbus anunciou que devolveria a 600 torcedores o dinheiro pago por ingressos para uma partida da equipe fora de casa.
Os fãs haviam viajado 610 km, de Lausitz até Gelsenkirchen, para ver a equipe perder por quatro a zero do time concorrente, Schalke.
Foi a sexta derrota do Energie Cottbus em sete partidas.
Uma declaração publicada no site do clube disse: "Ao devolver o dinheiro das entradas à torcida, os vermelhos e brancos gostariam de se desculpar por um desempenho digno de pena".
Também em abril, mas por razões muito mais graves, o papa Bento 16 pediu desculpas.
Bento 16 falou de sua "tristeza e angústia" pelo abuso sofrido por gerações de crianças índias em internatos católicos no Canadá.
Do final do século 19 até a década de 1970, cerca de 150 mil crianças foram enviadas à força para escolas administradas pela Igreja. O objetivo era que elas assimilassem a cultura ocidental, de acordo com a política vigente.
Muitas sofreram maus tratos e abuso sexual.
MAIO: Gordon Brown e rede de lojas Marks and Spencer
Em Londres, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, pediu desculpas, em nome de todos os políticos do país, pelo escândalo das despesas dos parlamentares. O episódio manchou a reputação do Parlamento e dos principais partidos políticos da Grã-Bretanha.
Depois de vários dias de desculpas esfarrapadas, líderes políticos resolveram encarar de frente a população, indignada pela forma como os políticos tiraram vantagem do sistema de reembolso de gastos no exercício de seus cargos.
Informações sobre mais de um milhão de recibos submetidos pelos parlamentares foram publicados ao longo de várias semanas pelo jornal britânico Daily Telegraph, detalhando gastos com comida de cachorro e a limpeza de um mote.
No mesmo mês, a tradicional rede de supermercados britânica Marks & Spencer decidiu abandonar sua prática de cobrar mais caro por sutiãs de tamanho grande.
A companhia anunciou a medida com uma campanha publicitária cujo slogan foi "We boobed" - em tradução livre, "cometemos um engano".
A expressão tem duplo sentido. A palavra inglesa boob é um termo coloquial para seios, mas o verbo to boob significa falhar, ou cometer um erro.
JUNHO: Gordon Ramsay
Em Melbourne, na Austrália, o chef britânico foi ordenado, pela própria mãe, a pedir desculpas após ter ofendido a apresentadora de TV australiana Tracy Grimshaw.
Em um evento gastronômico, Ramsay mostrou uma imagem de uma mulher nua, de quatro, com um rosto de porco, e comparou a imagem à apresentadora.
O primeiro-ministro do país, Kevin Rudd, disse que os comentários do famoso cozinheiro refletiam "uma nova forma de vida inferior".
JULHO: Andy Roddick
Durante o prestigioso torneio de tênis de Wimbledon, em Londres, Grã-Bretanha, o jogador americano Andy Roddick disse "eu sinto muito" ao público reunido em torno da centre court, a quadra principal do complexo, após derrotar o escocês Andy Murray.
Roddick venceu a partida, de quatro sets, nas semifinais do torneio. Mas não conseguiu ganhar o público.
AGOSTO: Tenente William Calley
O tenente William Calley, ex-oficial do Exército americano, condenado por sua participação no notório massacre de My Lai, durante a guerra no Vietnã, fez seu primeiro pedido público de desculpas.
"Não se passa um dia sem que eu sinta remorsos pelo que aconteceu", ele teria dito, segundo o jornal Columbus Ledger-Enquirer.
Calley, hoje com 66 anos, foi condenado por seu envolvimento no massacre, em 1968, de 500 pessoas, entre eles, homens, mulheres e crianças, no Vietnã.
De acordo com a decisão do tribunal, ele teria de passar o resto da vida na prisão, mas sua sentença foi alterada para três anos de prisão domiciliar pelo então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.
SETEMBRO: Serena Williams e Nelsinho Piquet
Em Nova York, a tenista número no ranking feminino mundial, Serena Williams, pediu desculpas após ter se exaltado com uma juíza de linha durante uma semifinal do US Open.
Williams divulgou um pedido formal de desculpas, mas teve de pagar uma multa de US$10 mil por conta da explosão.
Nesse mesmo mês, na sede da Federação Internacional de Automobilismo em Paris, o piloto de Fórmula 1 Nelsinho Piquet pediu desculpas por seu papel no escândalo do Grande Prêmio de Cingapura.
Nelsinho bateu propositadamente seu carro no circuito de Marina Bay atendendo ordens do diretor de sua equipe.
"Lamento profundamente minhas ações ao seguir as ordens que recebi", disse Nelsinho.
OUTUBRO: Maria Shriver
Na Califórnia, Estados Unidos, a esposa do governador Arnold Schwarzenegger, Maria Shriver, pediu desculpas por dirigir enquanto falava no celular.
Em 2008, Schwarzenegger apoiou a introdução de uma lei estadual que exige que motoristas usem aparelhos hands-free (que permitem que o usuário fale sem segurar o celular) enquanto dirigem.
Respondendo pelo Twitter a fotos publicadas em um website que mostravam sua esposa desobedecendo a lei, Schwarzenegger disse: "Obrigada por trazer as infrações dela ao meu conhecimento. Haverá ação imediata".
Shriver publicou uma declaração em seu site pedindo desculpas e explicando que pretendia doar seu "celular velho favorito" a uma entidade beneficente.
NOVEMBRO: Kevin Rudd
Em uma cerimônia em Canberra, na Austrália, o primeiro-ministro do país fez um pedido de desculpas em nome da nação a cerca de 500 mil crianças que sofreram abusos e negligência em orfanatos em todo o país.
Rudd disse: "Sinto muito pela tragédia - a absoluta tragédia - de infâncias perdidas".
O primeiro-ministro também dirigiu suas desculpas às milhares de crianças britânicas enviadas à Austrália após a Segunda Guerra Mundial, supostamente, para ter uma vida melhor.
A esposa do presidente americano, Barack Obama, Michelle, recebeu um pedido de desculpas do site de buscas Google.
Uma imagem da primeira-dama em que seu rosto foi substituído pelo de um macaco foi publicada no site.
O Google colocou uma tarja sobre a foto dizendo: "resultado ofensivo de busca". A empresa disse: "Às vezes nossos resultados podem ser ofensivos. Nós admitimos."
DEZEMBRO: Tiger Woods
Na Flórida, o astro do golfe Tiger Woods pediu desculpas à sua família, em meio a contínua especulação sobre sua vida particular.
Woods disse que tinha decepcionado a esposa e a família.
Vencedor de 14 torneios major, Woods está casado com a esposa Elin há cinco anos. Eles têm duas crianças pequenas.
Em uma declaração, Woods disse: "Decepcionei minha família e lamento essas transgressões do fundo do meu coração".
O jogador também ofereceu um pedido de "profundas desculpas" aos fãs.
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