sexta-feira, 18 de junho de 2010

Bancos estudam transformar o celular em carteira eletrônica .

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Depois de muito debate, o grupo de Tecnologia da Febraban - Federação Brasileira de Bancos - se debruça sobre dois modelos para a adoção efetiva do pagamento móvel no país. O primeiro deles seria transformar o aparelho celular num cartão de crédito, numa simples substituição do cartão de plástico pelo terminal móvel. Mas é no segundo que as apostas estão mais centradas: A criação de uma carteira eletrônica vinculada ao número do celular.

Pesquisa realizada com cerca de dois mil consumidores brasileiros pela Forrester Research no ano passado, mostra que há um longo caminho para convencer o correntista a adotar o modelo móvel. Isso porque, apesar de o pagamento móvel ser conhecido por 87% dos entrevistados, apenas 3% dos usuários de smartphones admitiram usar seus terminais para fazer fazem operações bancárias. E mais: Sem um serviço específico, 47% não têm interesse em usar o celular para fazer pagamentos.

Para tratar do tema pagamento móvel, a Febraban contratou a A.T.Kearney para elaboração de um estudo sobre o melhor formato de adesão à tecnologia. A consultoria constatou, por exemplo, que as instituições financeiras querem um modelo que venha a ser multi-bandeira, multi-operadoras e nacional.

O coordenador do GT de Tecnologia da Febraban, Claudio Almeida Prado, CIO do Santander, admite que esses quesitos são complexos e exigem negociações. Mas o momento de embates - internos (com a competição entre os bancos e com as operadoras de telecomunicações) parace ter sido ultrapassado.

Tanto é assim que Almeida Prado evita falar em `regulamentação` do pagamento móvel, mas proclama, sim, uma `articulação` em prol de mais um canal de relacionamento, que segundo o CIO do Santander, será inevitável com a evolução da tecnologia e do uso massificado dos dispositivos móveis, em especial, os smartphones, que começam a ganhar presença relevante no mercado brasileiro.

Com relação às operadoras de telefonia, o responsável pelo GT de Tecnologia da Febraban, adotou um discurso bastante político e evitou falar em conflito de interesses. Reiterou que as teles fazem parte da cadeia de valor, como também o fazem as redes de cartões, os estabelecimentos comerciais e os consumidores, apontados, aliás, como o principal ponto de partida para o sucesso do pagamento móvel no Brasil.

`Se o processo a ser adotado for complicado, não teremos sucesso nenhum, porque os cartões de crédito e débito estão no mercado. Os ATMs estão no mercado e há o canal online, cada vez mais presente no dia-a-dia do brasileiro. O pagamento móvel tem que ser uma opção e bem simples. Por isso é preciso definir muito bem como será a operação - via SMS ou pelo menu. Não dá para cada instituição ter o seu processo. O seu modelo. Assim não funcionará`, admitiu Almeida Prado.

Mesmo animada com a perspectiva da carteira eletrônica no país, Silvana Machado, diretora da A.T.Kearney, admite que o processo de implantação só deverá, de fato, acontecer em 2012. Até lá, o ecossistema estará mais preparado para usar o canal, e os smartphones terão uma presença bem mais efetiva no mercado de terminais.

`Com o barateamento do preço dos smartphones, a massificação da rede 3G, haverá uma renovação do parque de celulares do Brasil. Eles virão com telas maiores, com mais recursos de uso. Isso facilita a aceitação do meio de pagamento móvel`, observa.

Além disso, lembra Silvana Machado, o país será sede da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016 - onde vários micropagamentos poderão ser feitos via celular, como os ingressos para os jogos, refrigerantes vendidos nos estádios, entre outros. Enquanto a evolução não chega, a verdade é que há barreiras efetivas para serem suplantadas no pagamento móvel.

Pesquisa realizada pela Forrester, revelada no CIAB 2010, pela diretora da consultoria, Roxana Strohmenger, mostra que há muito por conquistar nessa área da mobilidade.

No levantamento, realizado no ano passado entre os já usuários de smartphones, que hoje, representam pouco mais de 10% da base de aparelhos habilitados, apenas 3% admitem efetuar transações bancárias via celular.

O número que acessa as contas para ver operações de saldo sobe para 5%, mas ainda é incipiente, especialmente, se comparados ao do Internet banking - 49% e 59% respectivamente.

O grande desafio dos bancos brasileiros, enfatiza Roxana Strohmenger, é criar soluções que não sejam réplicas das já disponibilizadas em canais tradicionais - ATMs - ou mesmo no Internet Banking.

`O pagamento móvel é uma oportunidade de negócios, mas requer criatividade`, disse a especialista norte-americana. Ela contou de uma iniciativa que faz sucesso nos EUA: A possibilidade de se fotografar um cheque - frente e verso - digitalizar e mandar para a instituição financeira para saber se ele tem validade, se pode ser compensado pelo comerciante, com resposta em tempo real.

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