terça-feira, 8 de junho de 2010

Doença do consumo atinge 5% .

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Compulsivos são vítimas de mal classificado pela OMS. Para viciados em shopping e sites de vendas, importante é gastar


por Cristiane Campos e Luciene Braga

Rio - Você já comprou alguma coisa que não havia planejado, não precisava, mas estava com um precinho ótimo, irresistível? E ainda fez uma prestação? Se nunca aconteceu, certamente deve conhecer alguém com esse perfil. Poucos sabem, mas há uma doença bem mais comum do que se pensa que caracteriza os compradores compulsivos e atinge 5% da população mundial: a “oniomania”, catalogada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Só no Brasil, os doentes representam quase 10 milhões de consumidores. Shopping, sites de e-commerce e programas de vendas pela tevê são o paraíso dessas pessoas que não resistem a uma comprinha, a um cartão de crédito (ou vários), a uma prestação (ou várias) ou a um cheque (mesmo voador e até emprestado) para manter o hábito de comprar. O DIA publica teste para o leitor verificar se sofre desse mal.

DIFERENTE DA VIDA REAL

O filme “Delírios de Consumo de Becky Bloom” mostra uma oniomaníaca com sérios problemas financeiros por conta da compra por impulso. A personagem vive cena hilária em que sofre antes de abrir o boleto do cartão de crédito, imaginando conta bem menor que a longa descrição de pequenos “deslizes” financeiros. Viciada em boas marcas e pechinchas, colecionou um galpão de produtos que nunca usou. No cinema, tudo acaba bem, com direito a virada, mas nem sempre é assim na vida real.

A estudante Bruna Rodrigues, 23 anos, assume que compra mais do que planeja: “Passei mais de um ano em estágio. Ganhava bem, mas não guardei um real. Como tinha dinheiro, comprava. O pior é que estudava perto do shopping”. Ela agora decidiu economizar. “Tenho objetivo. Pretendo viajar e devo resistir aos desejos”, planeja. Há quanto tempo está cumprindo a meta? “Comecei este mês”, diz, com sorriso traidor, enquanto “namorava” vitrines.

Na origem, dificuldade com limite

Professora e coordenadora do Curso de Transtornos Alimentares da PUC-Rio, Dirce de Sá Freire afirma que a compra por impulso é a dificuldade de lidar com limites. “Para essas pessoas, não interessa o que compram, se precisam ou não. Interessa é o ato de consumir. É como o comer o que não se tem necessidade: engorda. O que é preciso comer não engorda ninguém”, compara a especialista.

Segundo ela, culturalmente, a mulher é apontada como mais compulsiva, mas homens também sofrem com o problema. “Sobra o lugar daquela que não precisa lidar com limites, atribuídos ao homem, que é quem paga as contas, conhece e provê as necessidades. Mas isso também mudou”, complementa Dirce.

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