sábado, 28 de agosto de 2010

Brasil se aproxima de ser a 7ª maior economia, mas terá desafios.

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Embora tenha quebrado o ritmo de avanço da economia brasileira, a crise global de 2008 ajudou o País a subir duas posições entre os maiores Produtos Internos Brutos (PIB) do mundo, de décimo em 2007 para oitavo lugar no ano passado. Estimativas recentes da Bloomberg apontam que a soma das riquezas geradas em território nacional entre o segundo trimestre de 2009 e o primeiro de 2010 atingiu US$ 1,8 trilhão, deixando a Espanha mais para trás e se aproximando da Itália, a sétima colocada. De acordo com economistas, o Brasil se favoreceu de uma retração dos "rivais", da valorização do câmbio e precisar superar desafios antes de se consolidar no grupo das sete maiores economias do mundo.

Segundo números do Banco Mundial, o País galgou uma posição em 2008 ao ultrapassar o Canadá e outra em 2009, quando a Espanha viu o seu PIB retrair de US$ 1,60 trilhão para US$ 1,46 trilhão. Se o país ibérico tivesse apenas mantido a atividade econômica, ainda estaria à frente do Brasil, que somou US$ 1,57 trilhão em 2009. Para o economista Celso Grisi, do Instituto de Pesquisas Fractal, a subida não foi "mérito" de uma economia em forte ritmo de crescimento.

"A crise espanhola é conhecida pelos desmandos na política econômica do país, que está com uma dívida muito alta. Em relação ao Canadá, é um país com área estreita de produção, industrialização razoável, serviços estabelecidos e turismo forte, mas na crise é muito dependente da economia americana. Atualmente já se arrumou e tem potencial para recuperar a posição nos próximos anos", afirma Grisi.

Enquanto isso, os Estados Unidos mantêm a ponta com a mesma folga dos anos anteriores. Com US$ 14,25 trilhões, a maior economia do mundo tem PIB quase três vezes maior que o segundo colocado (Japão, com US$ 5 trilhões). Mesmo com a crise, o Brasil viu a distância dos EUA aumentar em 2% entre 2007 e 2009. Em igual período, apenas a China conseguiu reduzir substancialmente a diferença ante a economia americana, com alta de US$ 3,38 trilhões para US$ 4,90 trilhões.

Além de ter mostrado maior resistência na crise financeira, o resultado brasileiro foi ajudado pelo câmbio, segundo o professor Fabio Gallo Garcia, da FGV-EAESP. "O real está valorizado, assim quando o PIB é transformado em dólar fica melhor. Há uma perspectiva de melhora e crescimento efetivo, mas no ano passado todos caíram muito e o Brasil só 0,2%", diz Gallo. Já Fabio Kanczuk, professor de economia da FEA, vai mais longe ao ressaltar a importância deste quesito no ranking.

"Teve crescimento, mas não foi nada de espetacular. Espetacular foi a apreciação do real. Enquanto o avanço econômico é da ordem de 5%, o do câmbio é de 30%. Este é um processo que não pode durar para sempre", afirma Kanczuk. Segundo ele, em cerca de dois anos a valorização se tornará insustentável e o Brasil deve até perder posições no ranking, com o real em um patamar mais "adequado". No entanto, o País deve manter um crescimento lento, impulsionado pela demanda da população a longo prazo.

2030


Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers já apontou que o Brasil deve ser a 5ª maior economia do mundo em 20 anos, acompanhando o avanço dos países emergentes. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, essa posição já pode ser alcançada na próxima década. No entanto, esta trajetória pode ser desviada por problemas internos. De acordo com Gallo, o Brasil andou de lado por décadas e agora está no rumo certo, mas deve resolver os gargalos de infraestrutura.

"Crescer de maneira desenfreada não adianta porque não temos base. Não somos um país poupador e o orçamento em termos de investimento é quase metade do valor da corrupção. Como vai crescer sem energia, com portos caros, sistema tributário horrível e uma gastança enorme do governo? Se não tirar isso da frente, o sonho de ser a quinta economia pode não ser possível", afirma Gallo.

Para Grisi, o resultado das contas públicas em julho já é uma amostra do descontrole - a economia feita pelo setor público, excluindo despesas e receitas de juros, foi de R$ 2,454 bilhões, o pior resultado desde 2001. Já no acumulado em 12 meses, o superávit correspondeu a 2,03% do PIB, o menor desde março e abaixo dos 3,3% da meta traçada pelo governo. "Ainda temos o problema da alta carga tributária - sem uma reforma vamos ficar na dependência de uma política agressiva de juros. No entanto, podemos encontrar soluções com avanços na legislação e acredito que vamos fazer", afirma.

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