Funcionários da Gol planejam uma paralisação de 24 horas no próximo dia 13 de agosto. A greve está sendo discutida via e-mail desde pelo menos a semana passada, quando começou a circular entre os funcionários uma carta aberta ao presidente da empresa, Constantino de Oliveira Júnior. Uma cópia foi enviada à Folha. Balanço da Infraero (estatal que administra os aeroportos), divulgado às 22h desta segunda-feira, aponta que dos 784 voos da Gol programados em todo o país desde a 0h, 408 (52%) atrasaram mais de 30 minutos e 99 (13%) foram cancelados. Hoje, 70% dos voos atrasados no Brasil são da Gol.Na carta, funcionários reivindicam aumento salarial de 25%, além de `escalas mais humanas`, planos de saúde e de previdência privada pagos pela empresa e a implantação de um plano de carreira. Procurados pela Folha, funcionários da Gol no aeroporto de Congonhas, que não quiseram se identificar, confirmaram a possibilidade da paralisação.Em nota, o Sindicato Nacional dos Aeroviários afirma apoiar a paralisação e que tenta contato com o setor de recursos humanos da companhia há dois meses para discutir as reivindicações.Selma Balbino, presidente da entidade, afirma que a iniciativa dos funcionários, além de ser resultado dos problemas internos da Gol, também está relacionada à lenta fiscalização do Ministério do Trabalho e da Anac (Agência Nacional em Aviação Civil). `Não podemos esquecer que as multas aplicadas pelo ministério e Anac são tão baixas que acabam se tornando um incentivo ao desrespeito à legislação trabalhista e à regulamentação profissional.`LARANJAA carta, anônima, diz a Constantino Júnior que `essa laranja já deu muita laranjada, está na hora do senhor cuidar da laranjeira`. A Gol tem logomarca e uniformes de cor laranja.`Desde o processo inicial de fundação da empresa estivemos motivados, determinados e comprometidos em fazer da Gol Linhas Aéreas uma empresa competente, boa para os clientes e acionistas. No passar dos anos, observamos uma crescente falta de preocupação com os colaboradores, diretores ganhando fortunas (...) enquanto nós da frente de batalha engolimos tapas e palavrões com caos aéreo, deficit de funcionários em todos os departamentos, avião sendo abatido onde amigos perderam suas vidas e não puderam ver a empresa em que trabalhavam prosperar desta maneira`, afirma outro trecho da carta.ACORDOOs atrasos registrados em mais da metade dos voos da Gol nesta segunda-feira foram decorrentes de um acordo feito entre a companhia e o Sindicato Nacional dos Aeronautas para que os tripulantes não ficassem sobrecarregados. De acordo com o secretário-geral do sindicato, Sergio Dias, o acordo amenizou o problema de funcionários com horas de voo acima do previsto por lei.`Participamos de duas reuniões para levar denúncias para a empresa [Gol] sobre a questão da sobrecarga dos tripulantes. Nós cobramos algumas posições da empresa e ela tomou por liberalidade fazer alguns cancelamentos de voos para estancar esse problema`, afirmou Dias à Folha, explicando que outros voos atrasaram justamente pela falta de tripulação disponível.O cumprimento das regras relativas à jornada de trabalho de seus tripulantes é o argumento que a Gol usou, hoje, para justificar os atrasos nos voos. De acordo com nota divulgada pela empresa, com grande quantidade de voos no último dia 30, `algumas tripulações atingiram o limite de horas de jornada de trabalho previsto na regulamentação da profissão e foram impossibilitadas de seguir viagem, gerando um efeito em cadeia`.De acordo com a Infraero, o problema com a Gol foi provocado pela `implantação de um novo sistema de escalas, o que ocasionou a falta de tripulantes`. A Gol disse ainda que o problema foi agravado pelo tráfego aéreo intenso.
0 comentários:
Postar um comentário