LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
da Folha de S.Paulo
O público parece sedento de tiros. E a TV aberta tenta alimentar essa demanda com dois seriados nacionais.
"Força-Tarefa" termina no dia 2 de julho. Exibido às quintas-feiras, na Globo, após "A Grande Família", tem mantido uma audiência média de 20 pontos no Ibope, um bom marco para o horário das 22h50.
Isso já garantiu uma sobrevida para a série, com direção-geral de José Alvarenga Jr., que fechou mais 16 episódios para serem filmados em fevereiro.
Também foi encomendada uma pesquisa com o público, logo após o final do programa, para avaliar o projeto como um todo e ver o que precisa ser mudado. "Ainda temos histórias para contar e queremos utilizar diferentes modos para fazer isso, com flashbacks, tramas de trás para a frente", diz Fernando Bonassi, autor do roteiro com Marçal Aquino.
Há propostas ainda para transformar "Força-Tarefa" em jogo e em HQ. "A trama policial sempre interessa, pela mesma razão do sucesso da literatura nesse gênero. Ela tem um apelo de público muito bom", avalia Aquino.
O mesmo fenômeno acontece com "A Lei e o Crime", encerrada na última segunda-feira, dia 8, com nove pontos de média, na faixa após as 23h.
O segundo lugar no ranking foi considerado de bom tamanho pela Record, e a trama dirigida por Alexandre Avancini já agendou a produção de uma segunda temporada no segundo semestre de 2010.
Além disso, a emissora manifestou interesse em fazer um filme inspirado no programa -que já havia sido baseado na novela "Vidas Opostas", ambos escritos por Marcílio Moraes. "Estou começando a pensar no roteiro", adianta o dramaturgo. "Vou usar alguns personagens e ambiências da série, mas quero criar uma história surpreendente, para não parecer apenas mais um episódio. Mais do que isso ainda é cedo para contar."
Menos maniqueísmo
Ambas as tramas abordam a violência policial, mas usam caminhos diferentes do tradicional "polícia persegue ladrão".
"Força-Tarefa", por exemplo, retrata o mundo da Corregedoria do Rio, que investiga os corruptos dentro da corporação policial, mas sem mostrar uma divisão clara entre mocinhos e bandidos. "Trabalhamos com uma violência ambígua dos personagens, que se refletem em qualquer profissional que porte uma arma hoje em dia", explica Bonassi.
"A Lei e o Crime" também investe em policiais corruptos e violentos, além de uma alta sociedade preconceituosa, cheia de negociatas, e traficantes que ajudam a comunidade.
Para Marcílio Moraes, "a concorrência é positiva". "Há espaço para seriados dramáticos, românticos, de aventura, de mistério, o que quiserem. O fundamental é a dramaturgia que lhe dará suporte. Se for boa, terá sucesso. Torço para que as emissoras invistam mais neste filão, se desgrudando um pouco das telenovelas."
Enquanto isso, na TV paga, outro projeto dessa linha está bem cotado. "9MM", dirigida por Michel Ruman, sobre uma divisão de homicídios em SP, teve quatro episódios no início.
Bem avaliado pela Fox, o programa teve mais nove capítulos, atualmente em cartaz. A rede mudou de tática e trocou o horário da série para não concorrer com "Força-Tarefa". Agora a exibição é às terças, às 23h. Pelo jeito, vem mais por aí.
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