As baixas temperaturas desta época do ano, principalmente no Chile, Argentina e Uruguai, têm sido decisivas para que a gripe suína se alastre entre os países vizinhos do Brasil, de acordo com infectologistas ouvidos pela BBC Brasil.
Segundo dados oficiais, o Chile, país de 15 milhões de habitantes, tem 1.694 casos registrados da doença, o maior número da América do Sul.
Na Argentina, que tem cerca de 40 milhões de habitantes, há 470 casos registrados da doença, dos quais 127 foram confirmados apenas nesta sexta-feira, segundo as autoridades da área de saúde do país.
O Uruguai, com pouco mais de 3 milhões de habitantes, conta com 24 pessoas doentes. Até agora, na América do Sul, foram registradas três mortes relacionadas à doença, duas no Chile e uma na Colômbia.
Frio
O médico infectologista chileno Miguel O'Ryan, professor da Universidade do Chile, afirma que o vírus H1N1 chegou ao país há cerca de um mês e, desde então, a doença se espalhou rapidamente.
"O vírus está circulando amplamente no país. Os primeiros casos ocorreram no sul (onde as temperaturas são ainda mais baixas) e logo depois foram se espalhando. Todos os países com o mesmo clima frio, como a Argentina, também deverão ter um incremento no número de casos desta gripe", afirmou O'Ryan, por telefone, de Santiago.
Segundo o médico, os pesquisadores ainda não têm conhecimentos precisos a respeito do vírus da influenza A (H1N1).
"Ninguém tem toda a verdade sobre o vírus, mas sabemos que, no inverno, as pessoas tendem a ficar em lugares mais fechados, facilitando o contágio. Este vírus sobrevive mais tempo em lugares mais frios", afirmou.
O'Ryan integra uma equipe especial montada pelo Ministério da Saúde do Chile para ajudar no combate à doença.
Segundo ele, situações semelhantes à do Chile podem ocorrer em outros países da região, devido ao clima favorável à transmissão do vírus.
O'Ryan também afirma que o vírus da gripe suína tem a capacidade de se espalhar mais rapidamente do que os de outras doenças respiratórias.
De acordo com o Ministério da Saúde do Chile, a maioria dos casos registrados no país é leve.
Argentina
O médico infectologista Hugo Paganini, do hospital Garrahan, de Buenos Aires, também afirma que o frio tem sido "decisivo" para que o vírus da gripe suína ganhe terreno na Argentina.
"A população aqui está preocupadíssima com esta gripe. No entanto, outras doenças respiratórias provocam mais mortes. O problema desta época do ano é que surge um coquetel de vírus de doenças respiratórias, mas, agora, somou-se a ele o vírus da gripe suína", disse.
Segundo dados do governo da Argentina, 32 escolas da grande Buenos Aires ficaram fechadas nesta sexta-feira após serem confirmados casos de alunos doentes.
Paganini afirma que cerca de 70% dos casos de gripe suína no país foram registrados entre crianças com mais de 5 anos de idade, com uma incidência muito menor entre adultos.
A situação está provocando ausência recorde na rede escolar argentina. O governo também recomendou que trabalhadores que apresentem febre acima de 38 graus fiquem em casa, para evitar o contágio.
Já o governo chileno optou por manter as escolas abertas, por entender que a medida não evitaria a propagação da doença.
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