quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Estudantes da USP protestam com pizza contra crise no Senado

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Garçom serve pizzas com bigode para estudantes da USP, em protesto contra a corrupção

Garçom serve pizzas com bigode para estudantes da USP, em protesto contra a corrupção

Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) participaram nesta terça-feira de manifestação contra a corrupção no Senado, simultaneamente à abertura da exposição do Museu da Corrupção (Muco), no Pátio das Arcadas, no campus universitário do Largo São Francisco, região central da capital paulista.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é acusado de cometer uma série de irregularidades na administração do Senado, como empregar pessoas ligadas à sua família e desviar dinheiro público por uma fundação que leva o seu nome.

Onze pedidos para investigar as denúncias contra ele foram apresentados no Conselho de Ética do Senado, mas todos foram arquivados pelo presidente do órgão e aliado de Sarney, Paulo Duque (PMDB-RJ).

Durante o protesto, a presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Talita Nascimento, leu um manifesto contra a corrupção e a impunidade e, em seguida, foram distribuídas pizzas batizadas com os nomes de parlamentares envolvidos em algum tipo de escândalo.

Segundo o diretor do jornal Diário do Comércio, ligado à Associação Comercial de São Paulo, Moisés Rabinovici, o museu é um acervo de informações sobre todos os escândalos da política brasileira. Com isso, espera-se que a população não esqueça os escândalos, seus resultados e seus protagonistas, principalmente na hora do voto.

Rabinovici disse que a ideia surgiu com a constatação de que cada novo escândalo derrubava o anterior. "Fiquei me perguntando como isso podia acontecer e comecei a pensar em um modo de criar uma memória para isso, e daí ao museu foi um passo", afirmou. A fase de pesquisa durou seis meses, até que o site do museu foi lançado no dia 21 de abril, informou.

O museu virtual, explicou, é um prédio no qual o internauta passeia e entra nas salas que quiser visitar. "Tem uma lojinha virtual com produtos engraçados, que não são vendidos de verdade, uma pizzaria e agência de viagens com todas as viagens feitas pelos parlamentares, entre outras coisas", disse.

De acordo com o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, o museu é atemporal e não está fazendo críticas, mas pedindo que a sociedade participe de sua história.

"O mundo inteiro vive com o desenvolvimento do capital, de interesses, da concorrência, então, sempre vai haver desvios. Mas é importante que a única forma de direito à liberdade é por meio da participação", afirmou. "Criticar por criticar é fácil. A intenção da associação é que a sociedade entenda que só ela é que muda o curso da história."

A estudante Talita Nascimento lembrou que o ato faz parte de uma campanha do centro acadêmico, realizada desde o ano passado, contra a memória curta. Talita informou que a ideia de unir a manifestação dos estudantes ao Muco partiu do caráter irônico das ações das duas partes.

"Mais a ver com o XI de Agosto, impossível, até porque todas as manifestações do XI sempre tiveram o caráter irônico do nosso lema, que é 'Rindo, Mudam-se os Costumes'", explicou.

"O poder público tem que perceber que a sociedade civil está vigiando o que está acontecendo. É claro que o ato não faz com que haja mais seriedade na política, não força os homens públicos a ter mais respeito com a gestão pública, mas serve como um momento de simbologia, para mostrar que a sociedade civil está vigiando e que isso vai ser cobrado depois", afirmou a estudante.

Escrito pelos estudantes, o manifesto destaca que a reincidência de escândalos faz com que a arte da política, vista com admiração desde a cultura grega, seja encarada como algo digno de escárnio.

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