quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Infecções podem acelerar perda de memória em pacientes de Alzheimer

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Um estudo britânico sugere que infecções e processos inflamatórios podem acelerar a perda de memória em pacientes que sofrem de Alzheimer.

A pesquisa, publicada na edição mais recente da revista científica Neurology, afirma que pessoas que apresentaram infecções respiratórias, gastrointestinais ou apenas hematomas causados por uma queda registraram um aumento no nível de uma proteína inflamatória chamada de fator de necrose tumoral (TNF, na sigla em inglês).

O excesso da substância pode implicar em piora no quadro do Mal de Alzheimer e estimular o avanço da doença.

Os pesquisadores da Universidade de Southampton acompanharam 222 idosos, com idade média de 83 anos e diagnosticados com a doença, durante seis meses.

Os cientistas observaram que, entre os participantes, 110 desenvolveram um total de 150 infecções em áreas como os pulmões, o trato urinário, os intestinos e o estômago.

Os resultados indicam que os pacientes que apresentaram mais de uma dessas infecções durante o período de um semestre haviam dobrado o ritmo de perda cognitiva em comparação aos que não apresentaram infecções.

Segundo os cientistas, isso pode ocorrer porque as infecções aumentam o nível de TNF no sangue, o que afetaria a aceleração da perda de memória.

Os resultados indicaram ainda que os pacientes que já apresentavam níveis altos de TNF no sangue no início da pesquisa – o que poderia indicar uma inflamação crônica – apresentaram perda cognitiva quatro vezes mais aceleradas do que os pacientes que não tiveram inflamações.

“Quanto pior a infecção, pior o impacto na memória”, disse Clive Holmes, que liderou o estudo.

“Alguns podem pensar que pessoas que sofrem perda cognitiva em ritmo mais acelerado são mais suscetíveis à infecções ou machucados, mas não encontramos nenhuma prova que indique que pacientes com demência mais severa correm mais risco de sofrer infecções, no início de nossa pesquisa”, afirmou Holmes.

Tratamento

Segundo o pesquisador, se estudos posteriores indicarem que o TNF está causando mais inflamações no cérebro, pode ser possível usar medicamentos que bloqueiem o TNF em pacientes de demência.

De acordo com Susanne Sorensen, chefe de pesquisa da Alzheimer Society, o estudo “representa um passo importante na compreensão sobre os processos que ocorrem no início do mal de Alzheimer”.

“Sabemos que pode existir uma relação entre os processos inflamatórios e o Alzheimer, mas isso ainda não foi compreendido em sua plenitude”, afirmou Sorensen.

Segundo ela, enquanto as relações não forem esclarecidas por completo, é importante que pacientes que sofrem de Alzheimer e seus enfermeiros tratem as infecções de maneira séria e procurem ajuda médica.

Para Rebecca Wood, executiva-chefe da ONG Alzheimer Research Trust, que trabalha na pesquisa da doença, o estudo é “fascinante” e mostra que infecções e inflamações podem estar relacionadas a perda de memória em pacientes com demência.

“Precisamos de mais pesquisas sobre esse e todos os aspectos da doença para entender suas causas”, afirmou Wood.

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