sábado, 5 de setembro de 2009

Vice-presidente afirma estar preparado para a morte

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A revista Veja que chega às bancas neste domingo traz uma entrevista com o vice-presidente da República, José Alencar, na qual ele afirma estar preparado para morrer. "Estou preparado para a morte como nunca estive nos últimos tempos. A morte para mim hoje seria um prêmio. Tornei-me uma pessoa muito melhor. Isso não significa que tenha desistido de lutar pela vida", afirma.

Na entrevista, Alencar revela ter consciência de que sua doença é incurável. "Tenho consciência de que o quadro é, no mínimo, dificílimo - para não dizer impossível, sob o ponto de vista médico. Mas, como para Deus nada é impossível, estou entregue em Suas mãos", diz o mineiro de 77 anos.

Apesar disso, o vice-presidente afirma se sentir bem. "Está tudo ótimo: pressão, temperatura, coração e memória. Tenho apetite, inclusive - só não como torresmo porque não me servem", brinca. Ele diz que a doença o ensinou a ser mais humilde. "Pensando bem, o sofrimento é enriquecedor", analisa.

Sobre uma declaração que fez no passado, quando utilizando uma metáfora do futebol, disse que estava ganhando por 1 a 0 a luta contra a doença, Alencar respondeu: "Olha, depois de todas as cirurgias pelas quais passei nos últimos anos, agora me sinto debilitado para viver o momento mais prazeroso de uma partida: vibrar quando faço um gol. Não tenho mais forças para subir no alambrado e festejar".

O vice-presidente diz se sentir cansado o ultimamente. O tratamento que eu fiz nos Estados Unidos me deu essa canseira. "Ando um pouco e já me canso."

Segundo ele a colostomia (desvio do intestino para uma saída aberta na lateral da barriga, onde são colocadas bolsas plásticas) mudou sua rotina. "Faço o máximo de esforço para trabalhar normalmente. O trabalho me dá a sensação de cumprir com meu dever. Mas, às vezes, preciso de ajuda", conta Alencar. "Se estou em uma reunião, por exemplo, digo que vou ao banheiro, chamo um deles (enfermeiros) e o que tem de ser feito é feito e pronto. Sem drama nenhum."

Alencar disse ser um privilegiado por receber apoio do povo brasileiro. "Você não imagina a quantidade de manifestações afetuosas que tenho recebido. Um dia desses me disseram que, ao morrer, iria encontrar meu pai, falecido há mais de 50 anos. Aquilo me emocionou profundamente. Se for para me encontrar com mamãe e papai, quero morrer agora. A esperança de encontrar pessoas queridas é um alento muito grande - e uma grande razão para não ter medo do momento da morte", conclui.

Alencar luta contra a doença há 12 anos e já foi submetido a 15 cirurgias. Só no último mês de julho foram duas intervenções - a primeira no dia 9, quando foram retirados tumores para desobstrução do intestino, e a segunda no dia 24, uma colostomia (procedimento no qual se faz uma abertura no abdome para drenagem).

Redação Terra

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