segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Baladeiros" não sabem onde achar o Táxi Amigão

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Programa de desconto na corrida começou na noite de ontem.

Fernando Gazzaneo/R7

Foto por Fernando Gazzaneo/R7

Programa começou a funcionar na noite de sexta-feira (4)

A notícia de que a corrida de táxi em São Paulo seria mais barata não era novidade para alguns frequentadores de bares e baladas de São Paulo dispostos a se divertir sem precisar enfrentar o volante depois. Mas, para os "baladeiros", faltava saber como identificar os tais táxis com tarifa reduzida, em quais pontos estariam e também em quais dias da semana poderiam pagar menos.

Conheça os pontos do Táxi Amigão

Foi assim com a médica Taís Maciel, que leu sobre o programa Táxi Amigão, lançado pela Prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira (4), mas ainda não sabia identificar que o táxi com o luminoso verde atrás dela era um dos 721 que fazem parte do programa até agora. A reportagem do R7 circulou por bairros paulistanos na noite de sexta-feira (4) para verificar a estreia do serviço e ouvir opiniões sobre o programa.

- Eu sabia que eles seriam mais baratos em São Paulo, mas desconhecia que o luminoso verde em cima do carro indicasse isso e que eles estariam estacionados neste lugar [no cruzamento das ruas Fradique Coutinho com a Aspicuelta, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo].

O administrador Rogério Cassimiro e os amigos souberam que pagariam 30% a menos na corrida até o bairro da Vila Olímpia, na zona sul, quando já estavam dentro do táxi na Vila Madalena. A placa colada no vidro da frente do carro, além do luminoso verde, só lhe saltou aos olhos quando a reportagem perguntou se ele sabia o que significava.

- Táxi Amigão? Vou pagar mais barato pela corrida? Ah, então é diversão garantida!

Os pontos em que a Taís e Rogério estavam eram dois dos seis estabelecidos pela prefeitura na região da Vila Madalena. Foi a esquina em que Rogério estava, aliás, a escolhida pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) para lançar o programa. Junto ao cruzamento das ruas Fradique Coutinho com a Aspicuelta, era possível perceber a maior concentração de taxistas cadastrados ao Táxi Amigão na sexta-feira.

Jardins
O mesmo não aconteceu nas regiões dos Jardins e Augusta. Nos Jardins, em quatro dos oitos pontos indicados pelo programa, não havia sinal dos táxis cadastrados no programa. A mesma situação se reproduzia nas ruas Fernando de Albuquerque e Haddock Lobo, na região Augusta, onde a reportagem do R7 permaneceu por cerca de 40 minutos. Ali, Vanessa Carvalho, de 24 anos, só soube de todos os detalhes da tarifa reduzida de táxi depois que técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) passaram distribuindo em um dos bares porta copos com o slogan "Bebeu, chamou! Taxi Amigão" junto com tiras de papel que ajudam o motorista a saber o quão alcoolizado está.

- Sei que vou pagar mais barato pelo táxi, mas não concordo com isso. Os taxistas, como o meu pai, vão ter que trabalhar mais para conseguir aquilo que ganhariam se estivessem rodando durante a noite com a bandeira 2.

Os pontos do Táxi Amigão ficam mais fáceis de serem identificados quando táxis com o luminoso verde estão estacionados neles. Em pontos vazios, como o da Fernando de Albuquerque, a placa que indica o ponto de táxi com tarifa reduzida se confunde com tantas outras sinalizações de trânsito espalhadas pela cidade. No pedaço, os taxistas que toparam a proposta de Kassab acabam competindo com os outros que ficam esperando por clientes em frente aos principais bares e baladas da rua Bela Cintra e que não aderiram ao programa.

A reportagem do R7 percorreu da Vila Madalena até a rua Bela Cintra em um dos táxis cadastrados no Taxi Amigão. Naquele horário, a corrida do trecho custaria cerca de R$ 25. Com a bandeira 1, estabelecida pelo programa da prefeitura, o táxi saiu por R$ 20. O taxista Sérgio Resende diz que a chance de conseguir mais clientes com a tarifa reduzida o levou a se cadastrar no programa.

Adesão de 2% dos taxistas

Durante o lançamento do programa, o prefeito Gilberto Kassab e o secretário municipal de transportes, Alexandre de Morais, ressaltaram a importância do táxi com forma de evitar acidentes e afirmaram que a adesão de taxistas à iniciativa, cerca de 2% de 32.000 que rodam pela cidade, foi maior do que a imaginada. O prefeito espera que o número de cadastrados aumente conforme o programa se popularizar.

- Esperamos que outros taxistas percebam os benefícios do programa e passem a fazer parte dele.

Ainda de acordo com Kassab, não haverá desentimentos entre os taxistas que vão cobrar mais barato pela corrida e os que não aderiram ao programa, pois "participa quem quiser do Táxi Amigão". O secretário de transportes espera também que os motoristas de táxi acabem procurando a prefeitura para pedir que o programa funcione em outros dias da semana, além das sextas-feiras, sábados e vésperas de feriado como acontece atualmente.

Já o diretor de planejamento e educação no trânsito da CET, Irineu Gnecco Filho, diz que o programa chamou a atenção dos taxistas por oferecer a eles a "possibilidade de estacionarem na Zona Azul e pela criação de um guichê especial de atendimento na companhia". Segundo ele, ainda é cedo para estimar o quanto a iniciativa pode reduzir o número de acidentes de trânsito por embriaguez.

Entretanto, há quem discorde da iniciativa da prefeitura. O taxista Francisco Corrêa diz que não aderiu ao programa porque o desconto na corrida, "já existe há muito tempo antes de Kassab inventar".

- É mais comum, na noite de São Paulo, nós taxistas combinarmos o preço da corrida com o cliente antes de ele entrar no táxi. Assim, ele pode acabar pagando menos do que se pagasse a corrida pelo taxímetro na bandeira 2.

O discurso contra o Táxi Amigão faz coro com o do taxista Gilson da Silva. Ele diz que teria de trabalhar mais para compensar os ganhos com a bandeira 1 e avalia que muitos dos clientes podem causar problemas.

- Bêbado dá muito trabalho levar. Não vale a pena aceitar que ele pague menos pela corrida.


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