O Brasil vai repassar a países pobres em todo o mundo a metodologia que desenvolveu para detectar desmatamento por meio de imagens de satélite, a partir de um acordo assinado nesta quinta-feira durante a reunião das Nações Unidas sobre o clima, na Dinamarca.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) fechou um convênio com a FAO, a agência para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, que deve capacitar técnicos em países pobres para analisar imagens de satélite com o método Prodes, desenvolvido para monitorar a floresta amazônica brasileira.
A colaboração do Inpe com a FAO faz parte de um conjunto de iniciativas das Nações Unidas que pode tornar realidade projetos de redução de emissões por desmatamento e degradação em países em desenvolvimento (Redd).
O mecanismo, que está sendo discutido pelos 192 países que participam da reunião sobre mudanças climáticas, poderia viabilizar o pagamento por serviços ambientais a comunidades que vivem em áreas de floresta.
Obstáculos
Um dos maiores obstáculos para a realização de projetos de Redd é justamente a dificuldade em se verificar a sua eficácia. Por meio da análise de imagens por satélite, essa tarefa é facilitada.
De acordo com o diretor-executivo do Inpe, Gilberto Câmara, os futuros técnicos serão treinados no novo centro regional para a Amazônia, do Inpe, em Belém.
O país também vai oferecer acompanhamento dos técnicos formados no Pará.
"A ideia é que cada país, como o Gabão, tenha o seu sistema MRV (sigla em inglês para mensurável, reportável e verificável – que, no jargão, significa um sistema reconhecido internacionalmente) e possa aprender com o Brasil", afirmou Câmara.
O país será um dos parceiros do programa da FAO para criar um sistema de informações global.
Bem-humorado, Câmara brincou ao ser indagado se o Brasil faria uma consultoria.
"Nós vamos capacitar. Consultor cobra caro."
O sistema Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia) vem sendo usado desde 1988 para medir o desmatamento da Amazônia.
O programa começou com a análise de fotos analógicas, mas em 2003, com o advento de imagens digitais, passou a ser auxiliado por sistemas de computador.
O governo brasileiro já tem convênios com países da bacia amazônica para ajudá-los a desenvolver metodologias de monitoramento do desmatamento.
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