terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Número de vítimas no Haiti ultrapassa 150 mil, diz governo

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Vítima do terremoto é carregada em maca no Haiti

Apenas um quarto dos haitianos que precisam de comida estão recebendo ajuda, diz ONU

As autoridades haitianas informaram que a contagem de mortos do terremoto do último dia 12 já ultrapassou 150 mil e que este número continuará subindo.

O dado foi apresentado pela ministra das Comunicações, Marie-Laurence Lassegue, que alertou ser difícil fazer uma estimativa sobre o número final das vítimas fatais.

“Ninguém sabe quantos corpos estão soterrados nos escombros – 200 mil, 300 mil? Quem é que sabe a contagem total de mortos?”, disse a à agência Associated Press no domingo.

Em entrevista à BBC Brasil a ministra desmentiu a informação fornecida pela ONU de que as buscas por vítimas nos escombros tenham sido interrompidas.

“O presidente nunca interrompeu as buscas, nem o primeiro-ministro. E ontem (sábado) nós encontramos um homem vivo sob os escombros”, afirmou Lassegue à enviada da BBC Brasil Fabrícia Peixoto.

Resgates

Segundo comunicado do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, na sigla em inglês) publicado na sexta-feira, depois de três dias seguidos sem conseguir resgatar ninguém com vida, o governo haitiano teria declarado o fim das buscas.

Ninguém sabe quantos corpos estão soterrados nos escombros – 200 mil, 300 mil? Quem é que sabe a contagem total de mortos?

Marie-Laurence Lassegue, ministra das Comunicações do Haiti

Até então, 132 pessoas haviam sido salvas dos escombros no país.

Além delas, duas vítimas foram resgatadas com vida na própria sexta-feira. Emmannuel Buso, de 21 anos, e Marie Carida, de 84, foram salvos dez dias depois do terremoto.

Horas depois do suposto fim das buscas, outra vítima foi retirada dos escombros com vida. Wismond Exantus, de 24 anos, sobreviveu porque se refugiou sobre uma mesa quando o hotel em que trabalhava desmoronou. Ele passou 11 dias se alimentando de biscoitos e Coca-Cola.

Transferência

As autoridades haitianas vêm estimulando a população de Porto Príncipe a deixar a capital rumo a outras regiões menos afetadas pelo terremoto.

O Ocha informou que cerca de 225 mil pessoas já usaram o transporte gratuito fornecido pelo governo para deixar a região.

Enquanto isso, 800 mil desabrigados permanecem em acampamentos improvisados na região de Porto Príncipe.

Segundo a ONU, embora meio milhão de haitianos venham recebendo alimento doado pela comunidade internacional, o número total de pessoas que precisem de comida deve chegar a 2 milhões.

A entidade também relata que 90% das escolas da capital e 60% no entorno foram destruídas pelo terremoto, afetando cerca de 500 mil crianças.

Ajuda brasileira

Ao contrário do que a mídia pode pensar, o Brasil não está preocupado com a liderança regional, mas sim em ajudar o Haiti

Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse no sábado, durante visita ao Haiti, que o Brasil não está preocupado com a liderança regional, mas sim com a reconstrução do Haiti.

“Ao contrário do que a mídia pode pensar, o Brasil não está preocupado com a liderança regional, mas sim em ajudar o Haiti, com respeito aos mandatos internacionais e com respeito ao governo do Haiti”, disse o ministro brasileiro.

Para Amorim, “é importante que o povo do Haiti sinta que seu governo, o governo que ele elegeu, é o governo que está conduzindo (o processo de reconstrução), naturalmente com o apoio da comunidade internacional”.

O chanceler revelou também que o Brasil deve fornecer mais US$ 15 milhões ao país caribenho. O país já havia aprovado um auxílio com o mesmo valor logo depois do terremoto, dos quais US$ 5 milhões já estão com as Nações Unidas.

O ministro segue nesta segunda-feira para Montreal, no Canadá, onde participará de uma conferência da comunidade internacional para discutir os planos de reconstrução do Haiti.

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