terça-feira, 11 de maio de 2010

AF 447 pode ter dado meia-volta, e França prevê novidades na quarta-feira

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Pedaço dos destroços do AF 447 retirado do Atlântico

Primeira fase das buscas vasculhou 17 mil km quadrados no Atlântico

Autoridades francesas disseram nesta segunda-feira que esperam anunciar a partir de quarta-feira novidades nas buscas pela fuselagem do Airbus da Air France que caiu sobre o Atlântico em 31 de maio (pelo horário brasileiro), matando 228 pessoas.

Segundo Jean-Paul Troadec, diretor do Escritório de Pesquisas e Análises (BEA, na sigla em francês), que investiga as causas do acidente, se a fuselagem for encontrada na nova zona de buscas, isso significa que "o avião deu meia volta para retornar ao Brasil, embora não saibamos as razões disso".

A hipótese de que avião teria tentado retornar ao Brasil já havia sido levantada pelo jornal Le Figaro, citando fontes governamentais francesas.

Troadec disse preferir não fazer especulações sobre os motivos do suposto retorno do avião para o Brasil, após a decolagem no Rio de Janeiro.

"Mesmo se encontrarmos a fuselagem nessa nova área, é muito cedo para tirar as conclusões das causas do acidente", afirmou.

O BEA também não quis fazer comentários se a meia-volta do avião teria sido voluntária, por ação dos pilotos, ou involuntária, causada por um problema na aeronave.

Correntes marinhas

A nova área de buscas se encontra a 75 km ao sudoeste da última posição do voo AF 447 conhecida nos radares. Ou seja, o avião estaria em uma área anterior, já sobrevoada.

Segundo Troadec, nessa região não há fortes correntes marinhas. O diretor do BEA afirma ainda que a eventual meia-volta é considerada também em função da rota do voo em direção a Paris. Não teria motivos para o avião se encontrar nessa nova área, onde as buscas começaram a ser realizadas na madrugada de sexta-feira.

Alain Bouillard, investigador-chefe do acidente no BEA, diz que só será possível entender as razões da suposta meia volta do avião quando as caixas-pretas da aeronave forem localizadas.

"Existem vários cenários possíveis, um deles ligado a condições meteorológicas", afirma Bouillard, acrescentando que os pilotos podem ter tentado se desviar da tempestade, mas reiterando que seria apenas uma hipótese.

O navio norueguês Seabed Work, que patrulha a nova área de buscas delimitada na semana passada, de 200 km² (e não 100 km², como haviam afirmado as autoridades francesas anteriormente), já percorreu dois terços da zona, informa o BEA.

A área toda terá sido vasculhada nesta terça-feira, afirma Troadec, e a expectativa é de que na quarta-feira seja feito um comunicado sobre os dados coletados. Não foi descartado que os dados possam revelar a localização de restos do avião.

O BEA está analisando os dados coletados pelos dois minissubmarinos que percorrem a região. “Até o momento, a fuselagem não foi detectada”, disse Troadec.

"Procuramos agora a fuselagem, peças que podem ser mais facilmente localizadas. Poderíamos localizar depois as caixas-pretas, que se encontrariam nessa zona."

A nova área vasculhada, bem mais reduzida do que os 2,5 mil quilômetros quadrados da fase anterior de buscas, iniciada em abril, possui fundos submarinos entre 2,6 mil e 3,6 mil metros de profundidade e um relevo relativamente acidentado, o que dificulta os trabalhos das equipes.

Essa zona, ao sul da área onde as buscas estavam sendo realizadas em abril, foi delimitada na semana passada após nova análise de dados sonoros coletados por um submarino francês entre junho e julho do ano passado, durante a primeira fase de buscas.

Naquela época, as balizas das caixas-pretas do avião ainda emitiam sinais sonoros que permitiam detectar sua localização.

Essas gravações agora puderam ser melhor investigadas com o auxílio de um programa de computador que não existia na época.

"Pensamos ter boas chances de encontrar a fuselagem. Mas não é por esta razão que vamos entender o que realmente aconteceu", diz Troadec.

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