sexta-feira, 7 de maio de 2010

França retoma nesta sexta-feira busca por caixas-pretas do voo AF 447

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Pedaço dos destroços do AF 447 retirado do Atlântico

Primeira fase das buscas vasculhou 17 mil km quadrados no Atlântico

O Escritório de Pesquisas e Análises da França (BEA, na sigla em francês), que investiga as causas do acidente com o voo 447 da Air France, anunciou nesta quinta-feira que as operações de buscas na área onde supostamente estariam as caixas-pretas do avião terão início na sexta-feira.

O Airbus da companhia Air France caiu sobre o Atlântico após decolar do Rio de Janeiro com destino a Paris em 31 de maio do ano passado (pelo horário brasileiro) com 228 pessoas a bordo.

Segundo um comunicado do BEA, essa nova área de buscas se encontra a duas horas ao sul do local onde se encontra atualmente o navio norueguês Seabed Worker, que explora a região - situada ao noroeste da última posição conhecida do avião nos radares.

Um robô equipado com câmeras de vídeo vai vasculhar em breve a nova área localizada, “de algumas dezenas de quilômetros quadrados”, segundo o BEA, bem mais reduzida do que os 2 mil metros quadrados da terceira fase de buscas realizada em abril e prolongada no início desta semana.

O comunicado foi divulgado após uma reunião entre representantes do BEA e do Estado Maior da Marinha francesa. Na próxima segunda-feira, o BEA apresentará um balanço das buscas.

Nova área

Após nova análise dos dados sonoros coletados entre junho e julho do ano passado, durante a primeira fase de buscas, a Marinha francesa acredita ter localizado a área, com uma margem de erro de apenas cerca de cinco quilômetros quadrados, onde estariam as caixas-pretas do voo 447 da Air France, informou nesta quinta-feira o ministério francês da Defesa.

“Mas isso não significa que vamos encontrar as caixas-pretas”, ressaltou, no entanto, o general Christian Baptiste, porta-voz do Ministério da Defesa, ressaltando que elas podem estar a 3 mil metros de profundidade e que o relevo da região é muito acidentado.

Mas Baptiste diz que isso é um avanço, já que permite concentrar as buscas não mais em milhares de quilômetros, e sim em uma centena de quilômetros. Na fase anterior, haviam sido vasculhados 17 mil quilômetros quadrados.

“As balizas das caixas pretas não emitem mais nenhum sinal sonoro. A área que foi localizada corresponde à superfície de Paris, onde será preciso localizar objetos do tamanho de uma caixa de sapatos, com um relevo submarino que corresponde à Cordilheira dos Andes”, declarou o porta-voz da Marinha francesa, Hugues du Plessis d’Argentré.

Ele afirma que a localização de uma área mais precisa de buscas poderá permitir encontrar destroços importantes do avião, que poderão ser utilizados nas investigações das causas do acidente. “Se tivermos muita sorte, talvez as caixas-pretas estejam presas em algum pedaço da aeronave”, diz o porta-voz da Marinha.

Gravações

Os técnicos da Marinha reanalisaram gravações submarinas que haviam sido feitas em 2009, durante a primeira fase de buscas das caixas-pretas do avião, que teve início em meados de junho do ano passado, cerca de três semanas após a catástrofe.

Essas gravações, realizadas pelos potentes sonares do submarino nuclear francês Émeraude, puderam agora ser melhor exploradas com a ajuda de um programa de computador mais sofisticado, não disponível na época.

O novo software permitiu aos especialistas da Marinha, no início desta semana, identificar que os sons gravados no ano passado seriam os emitidos pelas balizas das caixas-pretas do avião, afirmou o ministro da Defesa, Hervé Morin.

Um porta-voz da Thales, empresa que desenvolveu o programa de computador e também fabricante das sondas de velocidade Pitot, apontadas como uma das causas do acidente, afirma que as novas análises permitiram identificar três sons que correspondem aos sinais emitidos pelas balizas das caixas-pretas.

“São sinais característicos das caixas-pretas em função da frequência, em hertz, da duração do impulso sonoro e diferentes parâmetros técnicos que correspondem aos sinais emitidos por balizas”, diz o porta-voz.

Há vários meses as balizas pararam de emitir os sinais sonoros que permitem facilitar sua localização.

Mesmo assim, o fato da área onde estariam as caixas-pretas ter sido reduzida e delimitada com maior precisão está sendo visto como algo que aumenta as chances de encontrá-las.

Na terceira fase de buscas das caixas-pretas, iniciada em março deste ano, os especialistas vasculharam uma área de 2 mil quilômetros quadrados ao noroeste da última posição conhecida do avião. No início desta semana, o BEA havia anunciado o prolongamento desta terceira fase de buscas.

Luc Chatel, porta-voz do governo francês, declarou, no entanto, nesta quinta-feira a uma rádio francesa, que é preciso ter “extrema prudência” em relação à possibilidade de encontrar as caixas-pretas.

"Por enquanto, trata-se de uma zona de localização. Depois, é preciso saber se será possível recuperar as caixas-pretas e em que profundidade elas estariam. Seria uma excelente notícia para todos, principalmente para as famílias das vítimas, para saber o que realmente aconteceu nesse voo Rio-Paris, mas prefiro me manter muito prudente no momento”, afirmou Chatel.

Segundo o BEA, as caixas-pretas do avião são fundamentais para descobrir as causas do acidente.

Até o momento, os investigadores do BEA afirmaram que houve falhas nos sensores de velocidade do avião, mas que isso “seria um elemento, não a causa do acidente”.

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