Há dois anos e meio o mercado de capitais brasileiros não via o dólar tão barato como a taxa fixada nesta quinta-feira, menos de 24 horas depois da equipe econômica lançar novas medidas para conter a desvalorização cambial.
O setor financeiro, no entanto, vê com descrédito sobre a eficácia dessas iniciativas. A forte queda vista hoje --um "tombo" de 1,8%, o pior em quase dez meses--, para muitos especialistas, é um reflexo desse ceticismo, a exemplo do que ocorreu no início deste mês, quando a taxa cambial também cedeu mais de 1%.
Por esse motivo, já não se descarta que as cotações cheguem a R$ 1,56 (menor preço de 2008), ou até menos, nos próximos dias.
Hoje, a cotação da moeda oscilou por alguns poucos minutos na faixa de R$ 1,60, logo nas primeiras operações, para imediatamente "descer a ladeira" rumo a R$ 1,58, com bem poucas paradas pelo caminho.
O dólar encerrou o dia negociado por R$ 1,584, sua menor taxa de fechamento desde a sessão de 6 de agosto de 2008.
INTERVENÇÕES DO BC
O Banco Central fez suas intervenções de praxe, comprando dólares por volta das 12h (hora de Brasília) e perto das 15h40, sem surpreender o mercado com novos leilões de "swap" cambial ou mesmo comprando dólar a termo.
"São 'pequenas barreiras' para deter 'ondas enormes' de dólar para o país", compara Alex Agostini, analista da Austin Rating, numa referência às providências tomadas pelo governo.
Além do diferencial de juros domésticos e externos, um "imã" sempre citado para explicar o fluxo de dólares para o país, Agostini cita a atratividade do mercado de consumo e do setor produtivo brasileiros.
"O Brasil é uma das poucas economias no mundo com um setor produtivo atraente, com empresas mostrando uma rentabilidade média de 12% ao ano. O investidor estrangeiro olha para cá e constata: 'O Brasil não é somente o país dos juros altos'", pondera.
Para o analista, descartando medidas "fora da cartilha econômica" -- o governo tem poucas alternativas.
"O que o governo pode fazer é aumentar ainda mais as compras de dólares, elevando as reservas. E estudar alguma medida para mexer na exposição das empresas e bancos à moeda estrangeira, o que, aliás, era o que muita gente esperava nessas últimas semanas", diz ele. "Também não descartamos novas medidas para aumentar a taxação sobre as operações financeiras".
IOF
Ontem à noite, após o encerramento dos negócios, o governo baixou uma nova norma, ampliando o prazo para incidência do IOF (imposto sobre operações financeiras) sobre empréstimos externos, de 360 para 720 dias. Pouco dias antes, o governo já havia elevado a alíquota desse imposto para 6%.
A medida teve pouca repercussão no mercado financeiro. Economistas avaliaram que o governo "mira do lado errado". E comentam que o volume de operações, tanto no curto quanto no longo prazo, não deve ser afetado, até mesmo pela restrição de alternativas na praça internacional para o capital externo.
O governo se defende e afirma que é necessário mais tempo para que as novas iniciativas façam efeito.
"Todas as medidas que nós tomamos deram resultados. Se nós não tivéssemos tomados todas essas medidas, certamente o Real estaria muito mais valorizado do que se encontra", afirmou o ministro Guido Mantega (Fazenda), ontem à noite.
"Temos um rol de medidas que podemos tomar e procuramos tomar a que não interfira muito na economia. Se a gente restringir muito a entrada de crédito no exterior, pode afetar o investimento. Tem que ser uma dose do remédio que não tenha efeito colateral", acrescentou o ministro.
MEDIDAS CAMBIAIS
Desde pelo menos o final do ano passado o governo tem multiplicado esforços para fazer frente a essa 'enxurrada' de moeda. Mais recentemente, ele elevou o impacto do impostos sobre operações externas.
No segundo semestre do ano passado, a equipe econômica aumentou os impostos sobre operações de estrangeiros no mercado de renda fixa brasileiro. E permitiu que o Tesouro antecipasse compras de dólares para saldar dívidas em moeda estrangeira. Além disso, aperfeiçoou a legislação para que impedir que investidores externos 'escapassem' da incidência do IOF em suas aplicações no mercado financeiro do país.
Para profissionais do segmento de câmbio, o governo ainda prepara iniciativas ainda mais rigorosas para conter a avalanche de moeda para o país.
Números divulgados ontem pelo Banco Central mostraram que a entrada de dólares no país superou a saída em US$ 35,6 bilhões no primeiro trimestre de 2011. Foi o maior valor verificado na série iniciada em 1982. É também mais que o dobro do recorde anterior, verificado no mesmo período de 2006 (US$ 17,7 bilhões).
O valor supera ainda em 46% o volume de dólares que entrou no país em todo o ano passado.
O setor financeiro, no entanto, vê com descrédito sobre a eficácia dessas iniciativas. A forte queda vista hoje --um "tombo" de 1,8%, o pior em quase dez meses--, para muitos especialistas, é um reflexo desse ceticismo, a exemplo do que ocorreu no início deste mês, quando a taxa cambial também cedeu mais de 1%.
Por esse motivo, já não se descarta que as cotações cheguem a R$ 1,56 (menor preço de 2008), ou até menos, nos próximos dias.
Hoje, a cotação da moeda oscilou por alguns poucos minutos na faixa de R$ 1,60, logo nas primeiras operações, para imediatamente "descer a ladeira" rumo a R$ 1,58, com bem poucas paradas pelo caminho.
O dólar encerrou o dia negociado por R$ 1,584, sua menor taxa de fechamento desde a sessão de 6 de agosto de 2008.
INTERVENÇÕES DO BC
O Banco Central fez suas intervenções de praxe, comprando dólares por volta das 12h (hora de Brasília) e perto das 15h40, sem surpreender o mercado com novos leilões de "swap" cambial ou mesmo comprando dólar a termo.
"São 'pequenas barreiras' para deter 'ondas enormes' de dólar para o país", compara Alex Agostini, analista da Austin Rating, numa referência às providências tomadas pelo governo.
Além do diferencial de juros domésticos e externos, um "imã" sempre citado para explicar o fluxo de dólares para o país, Agostini cita a atratividade do mercado de consumo e do setor produtivo brasileiros.
"O Brasil é uma das poucas economias no mundo com um setor produtivo atraente, com empresas mostrando uma rentabilidade média de 12% ao ano. O investidor estrangeiro olha para cá e constata: 'O Brasil não é somente o país dos juros altos'", pondera.
Para o analista, descartando medidas "fora da cartilha econômica" -- o governo tem poucas alternativas.
"O que o governo pode fazer é aumentar ainda mais as compras de dólares, elevando as reservas. E estudar alguma medida para mexer na exposição das empresas e bancos à moeda estrangeira, o que, aliás, era o que muita gente esperava nessas últimas semanas", diz ele. "Também não descartamos novas medidas para aumentar a taxação sobre as operações financeiras".
IOF
Ontem à noite, após o encerramento dos negócios, o governo baixou uma nova norma, ampliando o prazo para incidência do IOF (imposto sobre operações financeiras) sobre empréstimos externos, de 360 para 720 dias. Pouco dias antes, o governo já havia elevado a alíquota desse imposto para 6%.
A medida teve pouca repercussão no mercado financeiro. Economistas avaliaram que o governo "mira do lado errado". E comentam que o volume de operações, tanto no curto quanto no longo prazo, não deve ser afetado, até mesmo pela restrição de alternativas na praça internacional para o capital externo.
O governo se defende e afirma que é necessário mais tempo para que as novas iniciativas façam efeito.
"Todas as medidas que nós tomamos deram resultados. Se nós não tivéssemos tomados todas essas medidas, certamente o Real estaria muito mais valorizado do que se encontra", afirmou o ministro Guido Mantega (Fazenda), ontem à noite.
"Temos um rol de medidas que podemos tomar e procuramos tomar a que não interfira muito na economia. Se a gente restringir muito a entrada de crédito no exterior, pode afetar o investimento. Tem que ser uma dose do remédio que não tenha efeito colateral", acrescentou o ministro.
MEDIDAS CAMBIAIS
Desde pelo menos o final do ano passado o governo tem multiplicado esforços para fazer frente a essa 'enxurrada' de moeda. Mais recentemente, ele elevou o impacto do impostos sobre operações externas.
No segundo semestre do ano passado, a equipe econômica aumentou os impostos sobre operações de estrangeiros no mercado de renda fixa brasileiro. E permitiu que o Tesouro antecipasse compras de dólares para saldar dívidas em moeda estrangeira. Além disso, aperfeiçoou a legislação para que impedir que investidores externos 'escapassem' da incidência do IOF em suas aplicações no mercado financeiro do país.
Para profissionais do segmento de câmbio, o governo ainda prepara iniciativas ainda mais rigorosas para conter a avalanche de moeda para o país.
Números divulgados ontem pelo Banco Central mostraram que a entrada de dólares no país superou a saída em US$ 35,6 bilhões no primeiro trimestre de 2011. Foi o maior valor verificado na série iniciada em 1982. É também mais que o dobro do recorde anterior, verificado no mesmo período de 2006 (US$ 17,7 bilhões).
O valor supera ainda em 46% o volume de dólares que entrou no país em todo o ano passado.
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