terça-feira, 12 de outubro de 2010

Classe média tem menos conta corrente e mais crédito em loja.

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SÃO PAULO - As pessoas da chamada nova classe média brasileira, famílias que ingressaram na classe C na última década, têm cada vez menos conta corrente em banco. De acordo com a pesquisa 'Classe C Urbana no Brasil: Somos Iguais, Somos Diferentes', do Ibope, nesta mesma classe social houve aumento da proporção de pessoas com cartão de supermercado, de loja e cartão de crédito.

Segundo o Ibope, a porcentagem de pessoas com conta corrente na classe C passou de 49% em 2005 para 47% em 2009. Já a porcentagem de indivíduos com cartão de loja e de supermercado deu um salto de 15% para 25% nos quatro anos. A proporção de pessoas com cartão de crédito na classe média saiu de 45% e alcançou os 53%.

"A conta corrente não muda muito a vida da pessoa. Já o cartão de crédito é um trampolim para o consumo, permite acesso a produtos e formatos de pagamento. E, a acesso a consumo é muito importante para essa classe. Esse é um fenômeno mais comportamental", explicou Juliana Sawaia, gerente de inteligência de mercado do Ibope.  A título de comparação, entre as classes AB, 74% das pessoas tinham conta corrente em 2009, um ponto percentual a mais do que em 2005.

Para o economista chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, a redução da proporção de pessoas da classe C com conta corrente é também um reflexo da resistência dos indivíduos com menor poder aquisitivo a agências bancárias. "Isso ainda é cultural. As pessoas acham banco inacessível. Nós fizemos um levantamento que aponta a preferência dessa população por tomar crédito em loja, mesmo que a taxa de juros seja maior, do que em banco. Eles preferem a loja porque se sentem mais no seu ambiente", afirma Solimeo.

O economista acredita, no entanto, que essa situação será gradativamente superada à medida que as pessoas passarem a ter novas necessidades. Segundo ele, a inclusão das classes C, D e E no sistema bancário é fundamental para dinamizar a economia e um dos principais desafios de países em desenvolvimento.  "A pessoa consegue um pouco de crédito e vai comprar alguma coisa, produzir um artesanato, algum produto que garanta renda, estimulando a economia", diz.

 Finanças pessoais

As populações das classes C, D e E se julgam melhores administradoras de suas finanças que classes mais altas. Enquanto 23% e 22% dos indivíduos das classes DE e C, respectivamente, declararam ser muito bons em administrar o próprio dinheiro, apenas 20% das classes AB têm a mesma avaliação.  As classes menos favorecidas economicamente, no entanto, acreditam não compreender investimentos e finanças. Enquanto apenas 14% das classes AB declarou não saber nada sobre investimento e finanças, nas classes C e DE esse percentual é de 21% e 24%, respectivamente.  Entre os que gostariam de economizar dinheiro, mas acham difícil, 36% estão nesta situação nas classes D e E, 31% na classe C e 23% nas classes AB.

 Hábito de compra

A maior frequência habitual às compras da classe C se dá - diferentemente das classes AB - em lojas de rua. Entre a classe C1 e C2, a frequência é de 60% e 53%.  Em shoppings, a frequência de compras da classe C cai quase pela metade, sendo 38% na C1 e 29% na C2, de acordo com a pesquisa do Ibope.

A pesquisa 'Classe C Urbana do Brasil: Somos iguais, Somos diferentes' foi realizada nas nove regiões metropolitanas brasileiras e no interior do Sul e Sudeste do país. Foram entrevistadas cerca de 20 mil pessoas entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2010.

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