sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cientistas identificam possível novo ancestral do homem na África do Sul

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Australopithecus sediba

O Australopithecus sediba foi encontrado em Malapa, África do Sul

Um cientista da universidade de Witwatersrand, na África do Sul, anunciou ter descoberto fósseis de duas criaturas hominídeas com mais de dois milhões de anos, que poderiam ser o elo entre espécies mais antigas e as mais modernas, conhecidas como homo, entre as quais está a de pessoas atuais.

Lee Berger afirmou à BBC que a descoberta, nas cavernas de Malapa, perto de Joanesburgo, foi feita por acaso em 2008, quando ele e o filho de 9 anos passeavam no local, identificado como um potencial sítio arqueológico graças a uma aplicativo do Patrimônio Histórico Mundial acoplado ao programa Google Earth.

A descoberta do Australopithecus sediba foi publicada na última edição da revista científica Science, e os cientistas que assinam o artigo dizem que os esqueletos preenchem uma brecha importante no desenvolvimento das espécies hominídeas.

"Eles estão no ponto em que acontece a transição de um primata que anda sobre duas pernas para, efetivamente, nós", disse Berger.

"Acho que provavelmente todos estão conscientes de que este período, entre 1,8 milhão a 2 milhões de anos atrás, é um dos mais mal representados em toda a história fóssil dos hominídeos. Estamos falando de um registro muito pequeno, um fragmento."

Sepultamento rápido

Muitos cientistas veem os australopitecos como ancestrais diretos do Homo, mas a localização exata do A. sediba na árvore genealógica humana vem causando polêmica. Alguns acreditam que os fósseis podem ter sido da espécie Homo.

O que se sabe é que as criaturas de Malapa viveram às vésperas do domínio da espécie Homo. Inclusive, alguns esqueletos encontrados na África Oriental que se atribuem a espécies de Homo seriam até um pouco mais antigos que as novas descobertas.

Mas o A. sediba apresenta uma mistura de detalhes e características como dentes pequenos, nariz proeminente, pélvis muito avançada e pernas longas semelhantes às que temos atualmente.

No entanto, a espécie tinha braços muito longos e um crânio pequeno que lembra o da espécie australopitecus, muito mais antiga, à qual Berger e seus colegas associaram a descoberta.

Os ossos foram encontrados a cerca de um metro uns dos outros, o que indicaria que eles morreram na mesma época ou pouco tempo depois do outro.

Os especialistas dizem que os fósseis podem até ser de mãe e filho e que é razoável presumir que pertenciam ao mesmo bando.

Não se sabe se eles moravam no complexo de cavernas em Malapa ou se acabaram presos por ali, depois que ter sido arrastados para um lago ou piscina subterrâneos, talvez durante uma tempestade.

Os ossos dos dois espécimes foram depositados perto de outros animais mortos, entre eles um tigre dente-de-sabre, um antílope, ratos e coelhos. O fato de nenhum dos corpos ter sinais de ter sido comido por outros animais indica que morreram e foram sepultados repentinamente.

"Achamos que deve ter havido algum tipo de calamidade na época que tenha reunido todos esses fósseis na caverna, onde ficaram presos e, finalmente, sepultados", afirmou o professor Paul Dirks, da universidade James Cook, na Austrália.

Todos os ossos ficaram preservados em sedimentos clásticos calcificados que se formam no fundo de poças d'água.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Projeto do Senado impede corte de luz, água e telefone de instituições sociais e famílias carentes

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Brasília – O Senado aprovou hoje (7) projeto que impede que empresas cortem o fornecimento de água, luz e telefone de escolas, hospitais, presídios, centros de internação de menores e famílias de baixa renda por inadimplência.

De acordo com a decisão, aprovada em caráter terminativo na Comissão de Constituição e Justiça, as empresas devem garantir o fornecimento mínimo para o funcionamento das atividades básicas dessas instituições e famílias para preservar a saúde das pessoas envolvidas.

Os senadores, contudo, recusaram emenda que propunha que essas instituições e famílias também não pudessem ser incluídas nos cadastros de inadimplência. O texto segue agora para apreciação da Câmara dos Deputados.

O relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), considerou que esses cadastros funcionam como serviços de proteção ao crédito e são importantes para a saúde da economia do país.

O autor do projeto, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), considera que é dever das empresas garantir que essas instituições sociais e famílias carentes mantenham suas atividades, mesmo sem quitarem as dívidas.

Juiz condena operadora Oi a pagar R$ 3 mil de indenização à cliente

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O juiz titular da 15ª Vara Cível do Fórum Clóvis Beviláqua, Gerardo Magelo Facundo Júnior, condenou a operadora de telefonia Oi a pagar indenização de R$ 3 mil, por danos morais, a cliente F.W.P., que teve problemas com a empresa, como cobranças indevidas e dificuldade no cancelamento da conta telefônica. A decisão do magistrado foi publicada no Diário da Justiça da última terça-feira (30/03).

Consta nos autos que, no dia 15 de dezembro 2004, F.W.P. aderiu ao Plano Oi Controle 40, com duração de 12 meses, conforme contrato de serviço. Em novembro de 2005, o cliente entrou em contato com a empresa objetivando cancelar o Plano, mas só teve êxito em janeiro de 2006.

O autor da ação alegou que o contrato com a Oi foi cancelado, mas que a empresa cobrou multa rescisória pela operação. Nos autos, F.W.P. afirmou ter havido “violação às normas do Código de Defesa do Consumidor, a normas da Lei de Concessões e a normas da Lei Geral de Telecomunicações”.

A Oi contestou, alegando que o prazo de carência para o Plano Oi Controle 40, era de 24 meses “e não de 12 meses como alega o autor”. A empresa ressaltou que o cliente estava ciente da obrigação contratual de arcar com o pagamento da multa prevista no contrato. A operadora defendeu, por fim, a absoluta inexistência de danos morais e improcedência total da ação.

Na decisão, o juiz declarou que “as cláusulas do contrato são abusivas, porque exige que a parte contratante mantenha o plano por prazo estipulado, ou seja, são os chamados planos de fidelidade”. O magistrado ressaltou que “essa situação deixa o consumidor em desvantagem, tornando nula de pleno direito a cláusula contratual, por abusividade - em conformidade com o inciso IV do artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor”, ressaltou o magistrado.
O juiz titular da 15ª Vara Cível do Fórum Clóvis Beviláqua, Gerardo Magelo Facundo Júnior, condenou a operadora de telefonia Oi a pagar indenização de R$ 3 mil, por danos morais, a cliente F.W.P., que teve problemas com a empresa, como cobranças indevidas e dificuldade no cancelamento da conta telefônica. A decisão do magistrado foi publicada no Diário da Justiça da última terça-feira (30/03).

Consta nos autos que, no dia 15 de dezembro 2004, F.W.P. aderiu ao Plano Oi Controle 40, com duração de 12 meses, conforme contrato de serviço. Em novembro de 2005, o cliente entrou em contato com a empresa objetivando cancelar o Plano, mas só teve êxito em janeiro de 2006.

O autor da ação alegou que o contrato com a Oi foi cancelado, mas que a empresa cobrou multa rescisória pela operação. Nos autos, F.W.P. afirmou ter havido “violação às normas do Código de Defesa do Consumidor, a normas da Lei de Concessões e a normas da Lei Geral de Telecomunicações”.

A Oi contestou, alegando que o prazo de carência para o Plano Oi Controle 40, era de 24 meses “e não de 12 meses como alega o autor”. A empresa ressaltou que o cliente estava ciente da obrigação contratual de arcar com o pagamento da multa prevista no contrato. A operadora defendeu, por fim, a absoluta inexistência de danos morais e improcedência total da ação.

Na decisão, o juiz declarou que “as cláusulas do contrato são abusivas, porque exige que a parte contratante mantenha o plano por prazo estipulado, ou seja, são os chamados planos de fidelidade”. O magistrado ressaltou que “essa situação deixa o consumidor em desvantagem, tornando nula de pleno direito a cláusula contratual, por abusividade - em conformidade com o inciso IV do artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor”, ressaltou o magistrado.

MEC corta 570 vagas de cursos de Medicina

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Brasília - O MEC (Ministério da Educação) determinou a suspensão de 570 vagas de cursos particulares de Medicina. Oito deles tiveram que reduzir a oferta de vagas e um deles, o da Universidade Iguaçu, em Nova Iguaçu (RJ), foi fechado.

Todos esses cursos obtiveram resultados insatisfatórios em avaliações do ministério, seja no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) ou na visita da comissão de especialistas formada pelo MEC para essa tarefa. Em todos os casos cabe recurso judicial.

Haverá redução de vagas nos cursos das seguintes instituições: Universidade de Marília (São Paulo, menos 50 vagas); Universidade Severino Sombra (Rio de Janeiro, menos 80 vagas); Universidade Iguaçu (campus Itaperuna, Rio de Janeiro, menos 140 vagas); Faculdades Integradas Aparício Carvalho (Rondônia, menos 40 vagas); Faculdade São Lucas (Rondônia, menos 60 vagas).

No caso do Centro Universitário de Volta Redonda (RJ), da Faculdade de Medicina do Planalto Central (DF) e da Universidade de Ribeirão Preto (SP), foi aberto um processo para redução de vagas, mas ainda não há definição sobre o número.

MARÍLIA
As universidades de Marília, Severino Sombra e Iguaçu (campus Itaperuna) estavam com os vestibulares suspensos por determinação do MEC. Como cumpriram parcialmente as medidas de saneamento, essas instituições foram reautorizadas a admitir novos alunos, mas tiveram que reduzir o número de vagas.

No caso da Universidade Iguaçu, em Nova Iguaçu, que contava com 200 vagas, a decisão do MEC foi tomada depois do prazo de dois semestres para que a instituição cumprisse medidas necessárias para melhoria da qualidade da oferta de ensino.

A comissão de especialistas que auxilia o ministério no processo de supervisão concluiu que a instituição não promoveu as mudanças necessárias. Essa comissão é presidida pelo ex-ministro da Saúde Adib Jatene.

Segundo ele, o problema da má qualidade de cursos de Medicina é "antigo e crônico". "Em outras carreiras, um profissional incompetente não consegue. Mas na Medicina isso é diferente porque faltam médicos, isso não há dúvida. Mas não queremos médicos formados de qualquer jeito", apontou.

SUPERVISÃO
O processo de supervisão dos cursos de Medicina teve início em 2007. O cursos com notas 1 e 2 no Enade, consideradas baixas, sofreram medidas cautelares como suspensão de vestibular ou corte de vagas. Todas as instituições tiveram um prazo para promover as mudanças necessárias e em seguida foram visitadas pela comissão de especialistas.

"Tínhamos a obrigação de passar em revista o sistema de educação médica para dar segurança ao cidadão sobre a formação de quem vai cuidar da saúde da população", afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Segundo Haddad, não há um excesso de vagas em cursos de Medicina. Segundo dados do MEC, são formados anualmente cerca de 12 mil profissionais na área. "Precisamos formar mais médicos, mas também zelar pela qualidade. É preciso adequar a oferta e substituir essas vagas que estão fechadas por cursos em instituições que estão mais bem preparadas", ponderou Haddad.

TREINAMENTO
Após a visita da comissão nas instituições, o principal problema detectado foi a falta de campo de treinamento. Faltam hospitais para que os alunos possam fazer a residência nos últimos anos do curso. "Você não ensina Informática sem computador nem Medicina sem os doentes", explicou Jatene.

O ex-ministro citou o caso de Porto Velho (RO) como um dos mais graves. A cidade conta apenas com um hospital para prática dos alunos, mas com três cursos de Medicina em funcionamento. "A prática é importante para que o aluno adquira habilidade, conhecimento e postura adequados", afirmou.

De acordo com Jatene, nas atuais normas para abertura de novos cursos, o número de leitos suficientes para prática médica é um dos pré-requisitos. Atualmente, 27 instituições aguardam parecer do MEC para abrir graduações em Medicina.

Novo deslizamento em Niterói deixa seis mortos

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Rio de Janeiro - O secretário estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio, Sérgio Côrtes, disse na madrugada de hoje (8) que as equipes de resgate encontraram mais um corpo nos escombros da região de Niterói atingida por um grande deslizamento de terra na noite de ontem (7), elevando a seis o número de mortos no local.

A área afetada foi o Morro do Bumba, em Viçoso Jardim, no Bairro Cubango.

MAIOR TRAGÉDIA
O subcomandante do Corpo de Bombeiros, José Paulo Miranda de Queiroz, informou anteriormente que os corpos retirados sem vida após o deslizamento são de quatro mulheres e uma criança. Côrtes não informou sobre o sexo da nova vítima fatal encontrada.

Segundo Queiroz, o Corpo de Bombeiros considera que este deslizamento pode se tornar a maior tragédia causada pelas chuvas nos últimos dias.

Cerca de 150 homens trabalham no local e estão fazendo um levantamento do número de casas atingidas. Queiroz acrescentou ainda que o trabalho de resgate e procura de sobreviventes seguirá sem interrupções. Duas retroescavadeiras, das quais uma blindada do Batalhão de Operações Especiais (Bope) trabalham na área atingida.

FERIDOS
De acordo com o secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, de 20 a 40 casas podem ter sido atingidas. Ele informou ainda que o deslizamento deixou 51 feridos.

Os Bombeiros informaram ainda que 25 pessoas foram resgatadas com vida por soldados da corporação e pelos próprios moradores. Entre os feridos há oito crianças.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Prédios populares já têm serviço de classe média

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Condomínios com piscina, churrasqueira, salão de festas, espaço gourmet e até biblioteca. Os imóveis voltados à baixa renda ganharam espaço no mercado imobiliário e estão mais equipados. Os lançamentos em São Paulo custam de R$ 75 mil a R$ 145 mil e ficam em bairros mais afastados do Centro --a maioria na zona leste--, têm entre dois e três dormitórios e espaços reduzidos, que variam de 45 a 65 metros quadrados.

`As construtoras hoje conseguem fazer empreendimentos [para a baixa renda] com os utilitários do alto padrão`, afirma Maurílio Scacchetti, diretor da consultoria de imóveis HabitCasa, divisão para o segmento econômico da Lopes. Um dos fatores que torna isso possível é o tamanho dos empreendimentos, que chegam a ter mil unidades. Assim, a exclusividade em utilizar a piscina, por exemplo, é praticamente nula.

`Os acabamentos também são adaptados à realidade. Em um empreendimento do segmento econômico, a piscina será de azulejo e não de mármore, por exemplo`, acrescenta Henrique Bianco, presidente da HM Engenharia, construtora que atua exclusivamente no segmento econômico. A empresa oferece imóveis com valor médio de R$ 95 mil, sendo a maioria de dois dormitórios e com 48 metros quadrados.

Além disso, a concorrência entre as construtoras tem contribuído para as melhorias nos empreendimentos. `Com o crédito em alta, mais pessoas estão podendo comprar e a disputa entre as empresas cresceu. Quem apresentar mais diferenciais, leva a vantagem`, acrescenta Bianco.

A HM Engenharia, que além de atuar na capital está presente no interior do Estado, aumentou em 300% o número de lançamentos após o início do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, em abril de 2009. `Eram cerca de 140 unidades por mês colocadas no mercado, que subiram para 550`, detalha.

Segundo ele, além do crédito mais fácil, os subsídios do programa fizeram com que mais famílias tivessem acesso aos financiamentos. `Nossos clientes conseguem, em média, subsídios de R$ 15 mil. Isso fez com que pudéssemos atender quem ganha a partir de R$ 1.500, sendo que antes era a partir de R$ 2.500`.

A construtora Cury, que já atuava nesse segmento, também viu os negócios expandirem. Anteriormente, se concentrava em condomínios voltados a programas habitacionais, como os da CDHU. Com o aumento do crédito e experiência na construção de empreendimentos de grande porte, pode se especializar também na venda direta ao cliente, que demandou condomínios mais estruturados. `Percebemos que havia muito a se fazer nesses empreendimentos, como lazer e segurança`, explica o presidente Fábio Cury.

Os condomínios, com 600 a 1.000 unidades, têm desde piscina a até quadras, churrasqueiras, salão de jogos e, mais recentemente, bibliotecas. `Montamos as salas de estudo e os moradores doam materiais para que todos possam compartilhar. É uma forma de interação`, conta o executivo.

A auxiliar administrativa Glaucia Alves da Silva, de 25 anos, comprou um apartamento em um condomínio com a biblioteca. `Achei muito interessante ter esse serviço, chamou a minha atenção porque nunca tinha visto em nenhum outro lugar. Para mim, será muito positivo porque estou sempre me atualizando, fazendo cursos de administração e línguas, e acredito que poderei trocar material com os outros moradores`.

Bairros periféricos
Para viabilizar o custo dos negócios, além de condomínios com muitas unidades, as empresas constroem em bairros periféricos, aonde os terrenos são mais baratos. O valor médio dos apartamentos e casas vendidos pela Cury é de R$ 75 mil. `Para que possamos vender para esse público, temos que recorrer aos locais mais afastados, mas que tenham infraestrutura`, detalha. A maior parte dos lançamentos está na zona leste, em bairros como Itaquera, Guaianazes, São Miguel, São Mateus, Aricanduva e Penha.

Os municípios próximos à capital paulista também concentram os lançamentos, como Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Santo André, Embu, Itapecerica da Serra e Taboão.

Com tíquete médio de R$ 145 mil, a Atua Construtora, selo econômico da Yuny, também tem a maior parte dos projetos nessas regiões. Para este ano, a previsão é lançar nove empreendimentos com cinco mil unidades --em 2009 foram cinco lançamentos e mil unidades. A maior parte deles, com dois e três dormitórios e entre 45 e 65 metros quadrados.

O reflexo da movimentação desse mercado já fez com que lançamento de imóveis de dois dormitórios na cidade de São Paulo crescesse 26,5% e chegasse a quase metade do total (43%) em 2009, segundo dados do Secovi-SP (sindicato da habitação). Ao mesmo tempo, as unidades de quatro dormitórios perderam espaço: representavam 24% dos lançamentos em 2008, número que caiu para 6% em 2009, o que mostra que de fato o setor está apostando nos imóveis mais baratos.

Impostos sobre remédios e serviços de saúde representam 33% dos preços

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BRASÍLIA - De cada R$ 100 gastos pelo consumidor brasilero com bens ou serviços no setor de saúde, como remédios e consultas médicas, cerca de R$ 33 vão apenas para pagar impostos. Essa carga tributária, de 33%, é maior do que a incidente sobre medicamentos veterinários, de 14,5%, por exemplo, e chama a atenção pelo potencial de barateamento do consumo na área. O quadro foi desenhado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que preparou um estudo a pedido de entidades do setor de saúde, e expõe as pesadas alíquotas que recaem sobre produtos e serviços considerados essenciais.

- É mais caro chegar a uma farmácia tossindo do que mugindo - exemplificou, com ironia, o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, que apresentou nesta terça-feira o documento para representantes do setor e parlamentares.

O estudo mostrou ainda que, somente em 2009, foram arrecadados com tributos, taxas e impostos em geral - tanto na esfera federal quanto nas estaduais e municipais - R$ 30,5 bilhões na área de saúde, sendo que mais de 90% vieram do caixa das empresas privadas que atuam na área. Do setor público, foram cerca de 4% e, das entidades filantrópicas, menos de 1%.

Para Olenike, o ideal seria desonerar esse setor, o que daria mais fôlego para as empresas investirem - em ampliação da rede, novas tecnologias - e reduzirem os preços finais para os consumidores.

O presidente do IBPT reconhece, por outro lado, que a carga tributária - ou, na prática, as alíquotas médias - incidente no setor de saúde não cresceu nos últimos cinco anos. Defende, porém, que ela ainda assim é muito pesada. Sobretudo para alguns itens específicos, como muletas (39,59%), termômetros (38,93%) e xarope contra tosse (34,80%).

- O ideal seria o país trabalhar com alíquotas médias entre 10% e 12% para os produtos e bens na área de saúde. Estamos falando de um serviço essencial - salientou Olenike.

Apesar de as alíquotas não terem crescido nos últimos anos, a arrecadação dentro do setor de saúde no Brasil avançou significativamente. Em 2003, ela estava em R$ 14,303 bilhões, chegando a R$ 20,266 bilhões em 2006 e ultrapassando os R$ 30 bilhões no ano passado.

Isso ocorreu, segundo Olenike, pelo crescimento econômico - que gerou mais vendas e ganhos para as empresas do setor, na carona da expansão do acesso desses bens e serviços pela população, especialmente da classe C - e pela melhor performance da Receita Federal na fiscalização e na arrecadação setorial, entre outros.

Todo esse volume arrecadado, se levado em consideração que em 2009 houve quase 1,6 bilhão de procedimentos de atenção primária à saude, significa que o consumidor brasileiro paga cerca de R$ 20 de impostos em cada consulta. Estão incluídas aí também aquelas realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

No estudo todo do IBPT, porém, foi levada em conta também toda a carga incidente sobre materiais hospitalares e quaisquer outros insumos utilizados no sistema de saúde.

A tributação sobre a saúde equivale a 16,07% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas geradas na forma de bens e serviços) do setor, considerando-se os números de 2009. Recortando-se só as atividades privadas de saúde, o peso sobe para 25,23%. A carga tributária do Brasil no ano passado foi de 34,87% - nesse caso, considera-se a arrecadação de tributos de todos os entes da federação como proporção do PIB nacional.

No mesmo período, o setor de educação geral teve carga de 14,25%. Já no setor financeiro a carga chegou a 20,84%. Na área de segurança, o percentual foi de 20,47%.

Participação da classe C no país sobe de 45% para 49% da população

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A classe C ampliou sua participação para 49% da população brasileira em 2009, ano marcado pela crise econômica global, ante 45% no ano anterior, chegando a 92,85 milhões de pessoas.

Já as classes A/B subiram de 15% para 16% do total, enquanto as D/E caíram de 40% para 35%, de acordo com pesquisa divulgada nesta terça-feira pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas, em conjunto com a Ipsos.

Prédios populares já têm serviço de classe média
Segundo o `Observador Brasil 2010`, a expansão da classe C chegou a 15 pontos percentuais, considerando os dados desde 2005, quando essa fatia da população representava 34% do total. Naquele ano, as classes A/B respondiam por 15% e as D/E, por 51%.

Nos últimos cinco anos, a classe C ganhou 30,15 milhões de consumidores, sendo 8,23 milhões entre 2008 e 2009. Já os segmentos D/E perderam 26,05 milhões desde 2005, dos quais 8,94 milhões no último ano.

`Nos próximos anos, a classe C deve ter um crescimento menor, mas continuar em expansão`, avalia Marcos Etchegoyen, diretor geral da Cetelem no Brasil.

As classes sociais utilizadas no estudo são as definidas pelo CCEB (Critério de Classificação Econômica Brasil), fornecido pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).

O conceito não considera a renda e leva em conta itens como posse de eletrodomésticos (televisão, rádio, aspirador de pó, máquina de lavar, DVD, geladeira, freezer), de carro para passeio, quantidade de banheiros na casa e grau de instrução do chefe da família.

Com isso, o benefício fiscal concedido pelo governo federal com a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para móveis e veículos foi uma das razões para a mobilidade social no país no ano passado, aponta Elisa Bernd, gerente de pesquisa da Ipsos.

Renda
Entre 2008 e 2009, a renda familiar média mensal caiu nas classes A/B, de R$ 2.586 para R$ 2.533, mas subiu na C (de R$ 1.201 para R$ 1.276) e nas D/E (de R$ 650 para R$ 733). `A crise afetou mais o topo da pirâmide`, conclui Etchegoyen.

Na análise por regiões, o Nordeste e o Sudeste tiveram aumento na renda familiar mensal semelhante entre 2008 e 2009, de R$ 178 e R$ 179, respectivamente, embora o valor ainda esteja bem distante: R$ 884 e 1.496.

Sobre investimentos, a pesquisa constatou que a classe C foi a única que direcionou mais dinheiro para aplicações em 2009 do que em 2008, passando de R$ 209 para R$ 633. `O consumidor [desse estrato da população] ficou mais prudente, mais maduro`, avalia Marc Campi, diretor da Cetelem na América Latina.

O levantamento se baseou em uma amostra de 1.500 entrevistas, realizadas entre os dias 18 e 29 de dezembro de 2009 em 70 cidades, abrangendo nove regiões metropolitanas do país.