segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ONU confirma morte de brasileiro Luiz Carlos da Costa

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ONU considera o terremoto o 'pior desastre' de sua história

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, confirmou, neste sábado, que o brasileiro Luiz Carlos da Costa, o segundo na linha de comando da ONU no Haiti, está entre as vítimas do terremoto que devastou o país.

O corpo do brasileiro foi encontrado nos escombros do prédio da sede da ONU no país, destruído pelo tremor que atingiu Porto Príncipe.

Além de Costa, os corpos do chefe da missão de paz da ONU no país, o tunisiano Hedi Annabi, e do comissário policial da Organização no país, Doug Coates também foram encontrado entre os escombros.

“Em todo o sentido da palavra, eles deram suas vidas pela paz”, afirmou Ban em um comunicado.

Segundo Ban, Luiz Carlos da Costa foi, durante muitos anos, “uma lenda nas operações de paz da ONU”.

“O seu profissionalismo e dedicação extraordinárias somente eram comparados ao seu carisma e dedicação a muitos de seus amigos”, afirmou o secretário-geral sobre o brasileiro.

Ban afirmou ainda que o “legado de Costa vive nos milhares que servem a bandeira azul da ONU em todo o canto do mundo”.

O secretário-geral também elogiou o trabalho de Anabbi, o primeiro no comando da missão no país. Segundo Ban, ele era “um cidadão do mundo” e um “dos mais dedicados filhos das Nações Unidas”.

Segundo homem

Luis Carlos da Costa

Luiz Carlos da Costa tinha o cargo de vice-representante do secretário-geral da ONU no Haiti.

Na última quarta-feira, durante uma entrevista coletiva no Itamaraty, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que Costa era o brasileiro que ocupava o mais alto cargo nas Nações Unidas em todo mundo atualmente.

Nascido em 1949, Costa assumiu o cargo no Haiti em novembro de 2005, após ser indicado pelo então secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Antes disso, Costa já havia servido em missões da ONU na Libéria. Ele trabalha nas Nações Unidas desde 1969, de acordo com o site da organização.

Ainda de acordo com a ONU, ele teria duas filhas.

'Pior desastre'

Ao todo, foram confirmadas as mortes de 14 militares brasileiros, uma civil, a médica sanitarista Zilda Arns, enterrada neste domingo em Curitiba, no Paraná, e do diplomata Luiz Carlos da Costa.

A Minustah atua no Haiti desde 2004, e conta com 6,7 mil militares, 1,6 mil policiais, 548 civis estrangeiros, além de 154 voluntários.

Dentre os militares da missão das Nações Unidas, 1.266 são brasileiros.

O terremoto haitiano já é um dos eventos que causaram o maior número de mortes entre funcionários da ONU.

Um ataque às instalações da entidade na Argélia, em 2007, matou 41 pessoas, 18 delas trabalhadores da Nações Unidas.

Em 2003, um ataque suicida à ONU na capital iraquiana matou 22 pessoas, incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.

Neste domingo, uma porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou, em Genebra, que o terremoto no Haiti é o pior desastre que a ONU já enfrentou em sua história.

“Esse é um desastre histórico. Nós nunca fomos confrontados com esse tipo de desastre na memória da ONU. É como nenhum outro”, disse Elisabeth Byrs, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da Organização.

De acordo com ela, a dificuldade ser deve aos problemas de logística por conta do colapso do governo local e da completa destruição da infraestrutura – o aeroporto está saturado, as ruas bloqueadas, os hospitais têm poucos ou nenhum médico e poucas construções suportaram os tremores.

Byrs comparou o desastre com o tsunami que atingiu a Indonésia em 2004 e afirmou que a situação em Porto Príncipe é “tão ruim quanto ou pior”..

“O desastre é enorme e tão enorme quanto foi o tsunami, talvez pior porque todo o país foi decapitado, os prédios do governo desmoronaram e nós não temos o apoio da infraestrutura local. Na Indonésia nós tínhamos pelo menos o apoio de algumas autoridades locais”, disse.

Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, lançou um apelo à comunidade internacional para arrecadar US$ 550 milhões para ajudar ao Haiti.

Ban deve chegar ao Haiti no domingo para acompanhar os esforços humanitários em Porto Príncipe.

A porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU no Haiti, Myrta Kaulard, disse que a agência espera atender cerca de 40 mil pessoas.

Apesar disso, Kaulard disse reconhecer que cerca de 1 milhão precisam de ajuda em Porto Príncipe.

Vai tomar crédito? Saiba o que determina uma taxa de juros menor!

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SÃO PAULO – O crédito é o caminho de muitos brasileiros para realizar os sonhos de consumo e, para que ele não pese tanto no bolso, o ideal é que se economize com os juros. Mas como ter acesso às menores taxas do mercado? A resposta está no seu próprio comportamento como consumidor.

De acordo com o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira, as taxas de juros estão em queda no Brasil, diante da manutenção da Selic – que é a taxa referencial do mercado – e do aumento da concorrência bancária.

“Mas elas [taxas de juros] se reduzem mais para os bons clientes. Diminuem para clientes cujo histórico no banco é melhor, que têm produtos do banco, que paga em dia”, explicou.

Análise
A análise dos bancos passa, em primeiro lugar, pelos cadastros negativos de débito, como a Serasa e o SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Depois disso, é analisado o histórico do cliente no banco e, além disso, o grau de endividamento da pessoa.

Ou seja: para ter uma taxa menor é preciso, de acordo com Oliveira, “cuidar do orçamento, não se endividar muito e pagar os compromissos financeiros em dia”.

Já a diretora de Estudos e Pesquisas da Fundação Procon-SP, Valéria Rodrigues Garcia, acredita que, para ter acesso a uma taxa mais baixa, o consumidor deve fazer mesmo é uma grande pesquisa, já que os juros variam de acordo com o perfil do consumidor.

“Um funcionário público normalmente tem taxa menor porque a garantia de pagamento é maior, pela estabilidade no emprego. Se tem investimento no banco, a taxa é menor também. O banco analisa a reciprocidade do cliente”, avaliou.

Clientes “top”
A renda também é considerada no momento de oferecer uma taxa de juro ao cliente, afinal, quanto mais se ganha, maior a possibilidade de quitar a dívida. Mas isso é válido somente quando a pessoa não tem um grau de endividamento alto.

Os bancos normalmente têm uma divisão para atender clientes de alta renda e, de acordo com Oliveira, são oferecidas taxas de juros menores para estes clientes, o que não abrange todos eles. “Estar nesta categoria não quer dizer que todos têm juros menores. Até nestas categorias existem juros altos. Elas só mostram que a renda do cliente é alta”.

Ser um cliente antigo também pode ser um critério diferenciado, mas desde que a pessoa tenha um histórico bom de pagamento. “Hoje, tudo é importante. Naturalmente que a relação antiga é melhor, mas se as informações não forem boas, não terá juro menor”, destacou.

Teles serão obrigadas a desbloquear celulares

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A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) quer obrigar as teles móveis a cumprirem as normas que já determinam o desbloqueio de telefones, independentemente da existência de contratos de fidelização na compra de aparelhos subsidiados pela operadora.

Hoje, a maior parte das companhias vende telefones subsidiados. Segundo a agência, elas `prendem` os clientes em contratos que preveem multas caso eles cancelem o serviço antes de um ano.

Ainda segundo a agência, justamente por isso, haveria uma resistência das teles ao desbloqueio desses aparelhos, que, uma vez destravados, poderiam funcionar com chips de outras operadoras, gerando receita para a concorrência.

O assunto entrou na pauta de discussão dos conselheiros da Anatel no fim do ano passado e só deve ser retomado no próximo dia 28, quando retorna das férias o presidente da agência, Ronaldo Sardenberg.

Caso o conselho aprove as novas normas, a agência enviará uma súmula ao `Diário Oficial da União` e, imediatamente após sua publicação, as operadoras ficarão obrigadas a desbloquear qualquer celular a pedido do cliente, sem custos.

`O desbloqueio é um direito do cliente`, diz a conselheira Emilia Ribeiro, relatora do processo. `As operadoras não podem bloquear aparelhos como contrapartida à concessão do subsídios aos telefones.`

Para ela, isso já estava previsto no Regulamento do Serviço Móvel Pessoal, mas houve uma polêmica em torno do caso quando, em janeiro de 2008, a Oi enviou à Anatel uma reclamação formal, exigindo que a concorrência cumprisse as regras e fizesse o desbloqueio.

A Oi é a única operadora no país cujo modelo de negócio está baseado na venda do chip, e não na da linha com aparelho subsidiado. Vivo, TIM e Claro também passaram a vender chips avulsos, mas, até o momento, ainda centram suas receitas na venda dos aparelhos.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Vivo informa que vende celulares bloqueados e desbloqueados e faz o desbloqueio, sem custo, para os clientes `fidelizados`. A Claro diz que destrava gratuitamente os aparelhos a pedido do cliente.

A TIM deu um passo além e anunciou que venderá telefones desbloqueados de fábrica a partir de fevereiro. O diretor de marketing, Rogério Takayanagi, anunciou que os pedidos já foram feitos e os modelos destravados chegarão gradativamente. `Apesar disso, nossas próprias lojas continuarão desbloqueando, caso o cliente solicite`, disse. `Isso não significa que ele romperá o contrato de fidelização,` diz.

Para a Justiça, produto importado tem garantia

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RIO - A cotação favorável do dólar levou muitos brasileiros a viajarem para o exterior e a se arriscarem, ao trazer produtos comprados lá e, portanto, sem garantia no Brasil. Se o item quebrar ou der defeito, será difícil consertá-lo. Os consumidores, porém, reclamam, argumentando que as marcas são mundiais e, se o fabricante vende no Brasil, deveria dar a garantia. O Judiciário compartilha desse entendimento e, segundo Beatriz Alves Margoni, sócia da Veirano Advogados, já existem sentenças a favor dos consumidores nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul:

- Nosso escritório pesquisou inúmeros casos de diversas regiões julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelos Tribunais de Justiça nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Apenas no Rio Grande do Sul e São Paulo existem casos relacionados a esse problema, sendo cinco no Rio Grande do Sul e quatro em São Paulo.

De acordo com Beatriz, as ações pesquisadas são contra as empresas líderes de mercado como Hewlett-Packard (HP), Semp Toshiba, Ford Motor, Toshiba e Sony, esta última com o maior número de casos. Ela explica que todas as sentenças de Tribunais de Justiça acompanharam um caso precedente, julgado no STJ, que determinou que a assistência técnica da Panasonic honrasse a garantia do fabricante, mesmo que o fabricante não tivesse colocado o produto no mercado brasileiro:

- Após essa pesquisa, um de nossos clientes decidiu espontaneamente mudar sua postura, antes que os consumidores ajuizassem ação - afirmou ela. - Defendemos essa posição porque acreditamos que todas as próximas decisões seguirão o precedente do STJ.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Tremor de graves consequências no Brasil não pode ser descartado, diz especialista

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A hipótese de um terremoto de consequências graves no Brasil é muito rara mas não pode ser descartada, segundo George Sand França, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis- UnB).

Em entrevista à BBC Brasil, França enumera uma série de fatores que poderiam influenciar no resultado de um tremor em território brasileiro, como o aumento da densidade populacional, a falta de estruturas resistentes a abalos e comparações com catástrofes ocorridas em locais com características geológicas semelhantes.

Um dos exemplos citados pelo especialista é a série de terremotos que atingiu a cidade de New Madrid, hoje no Estado americano do Missouri, entre 1811 e 1812. Os tremores chegaram a ser sentidos em Nova York e Boston, a milhares de quilômetros de distância.

"Esses abalos atingiram até 8,2 graus na escala Richter em uma área que fica no meio da placa norte-americana e não nos seus limites, onde é mais comum ocorrerem terremotos fortes", disse França. "Deveria servir de alerta para o Brasil porque o país também está no meio de uma placa, a sul-americana, cujos limites estão no meio do Oceano Atlântico, a leste, e na costa dos países do Pacífico, a oeste."

Mais pessoas

Desde o início das primeiras medições instrumentais, no início da década de 50, o tremor mais forte já registrado no Brasil atingiu 6,2 graus e ocorreu em 1955 em Porto dos Gaúchos (MT).

“Hoje, a concentração demográfica da região é muito maior, então dá para se imaginar o que pode acontecer se houver um terremoto igual novamente”, afirmou França. “E vai haver outro. Não sei quando - posso até nem estar mais vivo - mas vai haver.”

Segundo o especialista, a qualidade das construções também precisa ser revista para se reduzir a possibilidade de uma catástrofe.

“É preciso lembrar que no Brasil um terremoto entre 4,0 e 5,0 graus tem um impacto muito forte, já que não temos a estrutura do Japão e dos Estados Unidos para fazermos construções mais resistentes a abalos, e porque falta uma boa fiscalização das construções”, afirmou o especialista.

Em 2007, um tremor de 4,9 graus atingiu as cidades de Caraíbas e Itacarambi (MG), destruindo várias casas e matando uma menina de 5 anos. Foi a primeira vez que um tremor deixou uma vítima fatal no país.

“Essa morte ocorreu porque a casa onde a menina morava não estava preparada para o sismo”, explicou França.

Investimentos

Já para o britânico Julian Bommer, professor de avaliação de risco de terremotos do Imperial College, de Londres, a frequência e a intensidade dos tremores no Brasil não justificam um investimento em estruturas específicas para resistir a abalos.

“É melhor gastar com a proteção a incidentes mais comuns e urgentes no país, como a violência e as inundações”, afirmou ele à BBC Brasil. “Apenas para estruturas mais críticas, como barragens e usinas nucleares, deveria se investir em construções anti-sísmicas.”

Bommer, no entanto, endossa a ideia de que, apesar de ser uma possibilidade muito pequena, o Brasil pode estar sujeito a um terremoto de consequências graves.

“É preciso lembrarmos que os tremores ocorrem em intervalos que podem ser de séculos, e que nos 500 anos do Brasil ainda não se experimentou um abalo muito forte”, explicou.

Dez senadores gastam R$ 500 mil em combustível em 9 meses

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Somente a despesa dos dez parlamentares que mais gastaram com combustível nos últimos nove meses de 2009 daria para bancar 291 viagens de carro, com a gasolina a R$ 2,80, entre as duas capitais mais distantes do país, Porto Alegre (RS) e Boa Vista (RR), separadas por 5.348 km, segundo reportagem do site Congresso em Foco. Esses dez senadores consumiram R$ 436.633,62 da chamada verba indenizatória para ressarcir despesas que tiveram com combustíveis e lubrificantes somente entre os meses de abril e dezembro. O valor é suficiente para comprar 155.904 litros de gasolina, o que dá para encher o tanque de 31.188 automóveis.

A verba é suficiente para percorrer 343 vezes a rodovia mais extensa do Brasil, a BR-101, com seus 4.551 km, que ligam o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Daria também para inspecionar as condições de toda a malha rodoviária asfaltada do território nacional nove vezes. Para gastar toda a quantia de combustível, os dez senadores teriam que rodar 1,5 milhão de km. Daria para percorrer 115 vezes o diâmetro da Terra, que é de 13 mil km.

Ranking
Os dados fazem parte de levantamento do Congresso em Foco, com base em informações do Portal da Transparência, do Senado. Foi apenas a partir de abril que a Casa passou a detalhar o uso da verba, com a identificação dos prestadores de serviço e das respectivas notas fiscais.

Os senadores do DEM de Mato Grosso Jayme Campos e Gilberto Goellner foram os que mais gastaram com combustível no período pesquisado. O primeiro consumiu R$ 66,72 mil nos cinco meses em que exerceu o mandato em 2009. Ele está licenciado desde setembro para tratar de assuntos particulares. O segundo recebeu R$ 65,22 mil do Senado nos últimos nove meses do ano para cobrir as despesas com combustível, óleo e lubrificante.

Na sequência, aparecem dois tucanos: Marconi Perillo (GO), que gastou R$ 44,23 mil, e Cícero Lucena (PB), que consumiu R$ 42,84 mil. O petista Augusto Botelho (RR) é o quinto colocado, com R$ 38,75 mil. Dois peemedebistas surgem depois: Almeida Lima (SE), com gastos de 37,81 mil, e Romero Jucá (RR), que usou R$ 37,12 mil da verba com combustíveis.

Apesar de ter deixado o Senado no início de novembro, Expedito Júnior (PR-RO) foi o oitavo colocado no ranking das despesas com derivados de petróleo. Cassado por compra de votos, consumiu R$ 34,24 mil entre abril e setembro. Efraim Morais (DEM-PB), com R$ 32,53 mil, e Romeu Tuma (PTB-SP), com R$ 37,12 mil, fecham a lista dos dez senadores que mais encheram o tanque com dinheiro público.

Sem limites
Diferentemente da Câmara, onde cada deputado pode gastar até R$ 4,5 mil por mês com combustível, não há limite com esse tipo de despesa no Senado. Cada senador pode gastar o quanto quiser desde que apresente nota fiscal.

Se o mesmo teto fosse aplicado ao Senado, pelo menos 13 parlamentares teriam estourado a cota mensal. Além dos dez campeões de consumo, os senadores Mão Santa (PSC-PI) e Magno Malta (PR-ES) e a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) também gastaram mais que R$ 4,5 mil ao menos uma vez no ano passado.

O campeão em despesas em um só mês foi Jayme Campos. O senador matogrossense apresentou quatro notas fiscais em nome de uma única companhia para pedir o ressarcimento de R$ 20,07 mil com combustível apenas no mês de junho. Jayme também teve gasto superior a R$ 10 mil em outros quatro meses: abril, maio, julho e agosto.

Atuação no Haiti pode consolidar papel de liderança do Brasil

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Soldados brasileiros da Minustah

Soldados brasileiros da Minustah estão ajudando com primeiros socorros no Haiti

Com o desastre que abateu o Haiti, a diplomacia brasileira para o país caribenho deverá entrar em uma nova fase, na avaliação do Itamaraty. A expectativa é de que o governo brasileiro seja “mais exigido”, mas em contrapartida poderá consolidar seu papel de liderança no processo de paz haitiano.

Na avaliação de diplomatas, o trabalho de recuperação política do Haiti, que já era considerado “complexo”, vai exigir um compromisso ainda maior do governo brasileiro.

A expectativa é de que, depois da fase emergencial de socorro às vítimas, os países que integram as forças de paz, juntamente com as Nações Unidas, “reavaliem as prioridades” da operação.

Como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil “tem a chance de fazer valer suas perspectivas e visões” em relação ao Haiti, diz um representante da diplomacia brasileira.

“Quem decide é a ONU, mas o Brasil sempre defendeu uma política mais de longo prazo no Haiti, que vá além da segurança”, diz o diplomata.

Uma das possibilidades é de que o efetivo da missão de estabilização da ONU no Haiti, a Minustah, seja ampliado – decisão que precisa ser aprovada pelo Conselho de Segurança.

De acordo com essa mesma fonte do Itamaraty, “não necessariamente” o adicional de tropas precisa sair do Brasil.

“Um dos desafios é justamente o de convencer outros países de que eles também precisam contribuir mais”, diz o diplomata.

Antes do terremoto, a previsão era de que as tropas pudessem ser reduzidas a partir de 2011, o que também deverá ser revisto.

Protagonista

País com o maior efetivo militar no Haiti, com 1.266 homens, o Brasil acabou conquistando um papel de protagonista no processo de paz do país caribenho.

A causa foi abraçada não apenas do ponto de vista militar, mas também diplomático, sendo vista como uma das principais bandeiras da política externa do governo Lula.

Além de reforçar sua influência na América Latina, a experiência militar brasileira no Haiti é vista no governo como mais um ponto favorável à campanha do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O general Carlos Alberto Santos Cruz, que comandou a Minustah de 2007 a 2009, diz que o governo brasileiro tem oferecido apoio financeiro e treinamento à operação e que esse “esforço deu um maior conceito ao Brasil”.

“Não é a toa que a missão de paz, que na verdade é da ONU, muitas vezes é confundida com uma missão brasileira”, diz.

De acordo com a ONG Contas Abertas, o governo brasileiro já gastou mais de R$ 700 milhões com a operação desde o início da missão.

Revisão

Apesar de os militares da Minustah serem treinados para situações de catástrofe, a missão não tem em seu mandato a “reconstrução física” do país, diz o representante da diplomacia brasileira.

A ideia, segundo ele, é de que outras agências da própria ONU se alinhem aos compromissos da missão de paz.

“Estamos falando da reconstrução de um país praticamente do zero, e não apenas mais de uma questão política ou de segurança”, diz. "Por isso acredito que as operações no país terão de ser repensadas”, acrescenta.

Para o general Santos Cruz, a discussão nesse momento é “puramente humanitária”, mas, segundo ele, “em algum momento o Conselho de Segurança deverá discutir o futuro do Haiti”.

“Parte do trabalho que já havia sido feito no país nos últimos seis anos foi perdido. Tanto o componente militar como civil da missão terão de ser reavaliados”, diz.

ONU faz apelo por US$ 550 milhões para ajuda urgente ao Haiti

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, lançou, nesta sexta-feira, um apelo internacional para arrecadar US$ 500 milhões em ajuda para o Haiti.

Porto Príncipe

Ban disse que estoque de comida e água é crítico

“A maior parte deste dinheiro seria para necessidades urgentes – o estoque de água e comida é crítico”, disse Ban em entrevista coletiva na sede da Organização em Nova York.

Segundo ele, a maioria dos 3 milhões de habitantes da capital haitiana, Porto Príncipe, continuam sem comida, água, abrigo e eletricidade.

“Dado o número de pessoas desabrigadas nas ruas, nós precisamos providenciar abrigo. Nós precisamos de tendas e mais tendas”, disse.

O secretário-geral afirmou ainda que o Programa Mundial de Alimentação da ONU já começou a alimentar cerca de 8 mil pessoas diversas vezes por dia.

Segundo ele, um esforço humanitário significativo está ocorrendo no Haiti e a ONU está mobilizando todos os recursos “o mais rápido que podemos”. A ONU instalou um centro de operação no aeroporto da capital para coordenar os esforços de busca e resgate de 27 equipes vindas de diversas partes do mundo.

Ban anunciou ainda que chegará ao país neste domingo "para demonstrar solidariedade ao povo haitiano". De acordo com um comunicado divulgado pela ONU nesta sexta-feira, o secretário-geral irá avaliar pessoalmente os esforços humanitários e a escala do desastre em Porto Príncipe.

Devastação

A ONU estima que cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas devido ao terremoto.

Agências ligadas à organização acreditam que 3,5 milhões de pessoas no país estão dependendo de ajuda humanitária para sobreviver.

A organização afirma que uma em cada dez casas da capital, Porto Príncipe, foi destruída pelo terremoto de magnitude 7 na escala Richter.

Uma avaliação feita pela missão da ONU no Haiti, com um helicóptero, descobriu que algumas áreas apresentam até "50% de destruição" e muitos prédios desabaram.

"As primeiras estimativas sugerem que cerca de 10% das casas em Porto Príncipe foram destruídas, o que significa cerca de 300 mil pessoas sem casa", afirmou Elisabeth Byrs, porta-voz do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários.

Já o Comitê Internacional da Cruz Vermelha sugere que cerca de 70% dos edifícios de Porto Príncipe foram destruídos no terremoto que abalou o Haiti.

Em um comunicado divulgado em Genebra, a organização afirmou que pelo menos 15 áreas da capital haitiana foram muito atingidas pelo sismo e pelos tremores menores, que continuam a afetar a região e aumentam ainda mais a ansiedade no país.

Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou, nesta sexta-feira, o envio de 10 mil soldados ao Haiti até segunda-feira.

Obama descreveu a escala da destruicao no país como “impressionante” e a perda de vidas “de partir o coração”.

“Os Estados Unidos farão o que for preciso para salvar vidas e ajudar as pessoas a se recuperarem”, disse o presidente em um comunicado divulgado pela Casa Branca.

Obama ofereceu todo o apoio do país ao presidente haitiano, René Préval, em uma conversa telefônica nesta sexta-feira.

O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse que os esforços humanitários no Haiti são “a mais alta prioridade do aparato militar americano e todos os recursos estarão disponíveis”.

Segurança

Apesar dos esforços da comunidade internacional, autoridades haitianas e agentes humanitários alertaram nesta sexta-feira para a necessidade de aumentar a segurança de equipes de ajuda por medo de saques e ataques, à medida que aumenta a tensão e a raiva entre sobreviventes do terremoto no Haiti.

Em encontro com o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, na quinta-feira no Haiti, o presidente haitiano, René Préval, teria manifestado sua preocupação com uma revolta popular devido à frustração dos sobreviventes.

Três dias após o tremor que devastou a capital, Porto Príncipe, dezenas de milhares de pessoas continuam a vagar pelas ruas à espera de alimentos, tratamento médico e informações sobre familiares.

"Infelizmente eles estão lentamente ficando mais impacientes e com raiva", disse David Wimhurst, porta-voz da Missão de Estabilização da ONU no Haiti, a Minustah.